Capítulo 140 :

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Sofia: O que deve ser aquele troço ali? — Ela apontou para uma pirâmide de cristal, onde tinham queijos diferentes e geleias exóticas.

Carla: São queijos aquecidos. É só escolher uma geleia e comer.

Ela pegou um pratinho de porcelana vermelha e olhou para os queijos com dúvida em qual escolher.

Carla: Pega esse com essa capinha branca em volta e acrescenta aquela geleia de damasco — apontei na direção das geleias. Gostou? — perguntei.

Sofia: Não. Mas a fome é tanta que vai isso mesmo para o estômago.

Carla: Você é divertida! — eu disse sorrindo.

Sofia: Você também. Além, ser de linda.

Carla: Bacana... Chega de elogios! — eu disse.

Sofia: É mesmo! Vão achar que somos lésbicas — gargalhamos.

Experimentamos todos os queijos e geleias, servi uma taça de vinho seco para nós duas e ficamos ali conversando e observando as senhoras elegantes que desfilavam corpos plastificados ao extremo. Sofia me contou que o nariz dela era enorme, ela parecia o legítimo pica-pau.

Sofia: Imagine cabelos vermelhos e nariz gigante? Eu era um tribufu assumido. O Arthur é um homem bom — ela disse. — Ele operou o meu nariz e não me deixou pagar pelo procedimento — ela faz uma expressão pensativa e termina: — mas eu nunca teria o dinheiro para pagar mesmo. Então me fiz de maluca e aceitei.

Carla: Você é demais!

Rafaela: Duas gatinhas elegantes — olhamos na mesma direção e a Rafaela com a mão na cintura nos olhava da cabeça aos pés. Ignorei e voltei a beber o meu vinho e comer mais queijo com geleia. — Ei vocês duas parecem mortas de fome. Estão comendo feito esfomeadas. — Sofia olhou para mim e riu, virou para ela e falou com a boca cheia de queijo.

Sofia: O que a Madame disse?

Rafaela: Morta de fome!

Sofia: Moça realmente estou com muita fome. Será que a senhora não teria alguma comida mais pesada para encher o meu estômago? Estou com fome de sete mendigos e cinco pedreiros.

Rafaela: Cruz credo! Quem convidou você para essa festa? — perguntou com cara de nojo.

Rodolffo: Eu. Eu convidei! — Rodolffo parou ao lado de Sofia, pegou com a mão dois pedaços de queijo brie e enfiou na boca. — Por que você ainda não foi embora, noiva cadáver? — Rodolffo disse com a boca cheia de queijo. Não consegui segurar e gargalhei horrores.

Rafaela: Está rindo de mim, cozinheira?

Carla: Estou ladra! — respondi.

Rafaela: Quanta prepotência. Você insiste em ficar com o Arthur, só pode ser por interesse. Uma pobre coitada como você aproveitaria qualquer oportunidade para crescer na vida.

Olhei para ela com desprezo e cheguei mais uma vez, a conclusão que o melhor é ignorá-la. Passei ao lado dela para ir até o Arthur, mas antes ela segurou o meu braço cravando suas unhas gigantescas nele.

Carla: Wolll! Ficou louca?

Rafaela: Eu vou acabar com o seu namoradinho mentiroso. Vou acabar com vocês dois, nem que seja a última coisa que eu faça em minha vida. Ele vai sentir na pele tudo que ele merece. Nunca mais ele irá se aproveitar e humilhar uma mulher como eu.

Carla: Me solta! — Ela intensificou o aperto. Eu segurei em sua clavícula com tanta força que ela liberou um gemido de dor, mas não soltou o meu braço.

Rodolffo: Rafaela, solte ela agora, ou terei que intervir e te rebocar até a rua — Rodolffo falou com a voz comedida para não chamar a atenção de algumas pessoas que entravam na varanda gourmet.

Carla: Me solta mulher! Ou vou fraturar a sua clavícula — apertei com muita força até ela perder a força por causa da dor.

Rafaela: Puta! — disse soltando o meu braço.

Carla: Só quando meu noivo pede — soltei a clavícula dela.

Sofia: Arrasou! — Sofia disse ao meu lado. — Olha só o que aquela noiva cadáver fez nela Rô!

Rodolffo: Vadia! Se eu pudesse mandava essa louca para o inferno — Ele cuspiu as palavras olhando para a louca se afastando de nós. — Vá até o banheiro social e abra a terceira gaveta, lá tem uma caixa de primeiros socorros. Vai com ela Sofia.

Carla: Cadê o Arthur? — perguntei forçando uma voz controlada, mas na verdade minha vontade é de chorar igual a uma criança assustada.

Rodolffo: Ele subiu com a Tia Bia e Thais até o segundo piso, para conhecer algumas velhotas gordas e caídas. Elas ficam ouriçadas de ouvir o nome do Dr. Arthur Picoli — revirei os olhos e o deixei falando sozinho.

Sofia e eu entramos no mesmo banheiro que estive antes. Não consegui segurar as lágrimas, e me desmanchei toda em um choro silencioso.

Sofia: Calma, não chore! Ela é só uma louca que provavelmente foi rejeitada pelo Dr. Delícia — ela arregalou os olhos verdes escuros e pôs a mão na boca. — Desculpe Carla, é costume chamá-lo por esse apelido. Eu e as meninas o chamamos assim, quando ele não está por perto. Não me olhe assim! Não tenho culpa! Prometo não chamá-lo nunca mais dessa forma — ela eleva as mãos em sinal de rendição e eu acabo rindo de sua atitude. — Gostou do apelido, não é?

Carla: Combina com ele — suspiro e fecho os olhos. Ela pega a caixa e começa a cuidar do ferimento que a noiva cadáver me causou. — Aiii... Isso arde que é um inferno!

Sofia: Pelo amor de Deus! Isso aqui é fichinha perto da dor que senti ontem por causa do Rodolffo. Não reclame!

Carla: Ele te bateu? Machucou? — perguntei assustada. Mas aí, logo depois lembrei de que a Juliette tinha me contado sobre o Rodolffo devasso e pornográfico.

Sofia: Quase isso, mas ele disse que aos poucos eu irei me acostumar com a dor. Até que foi gostoso!

Carla: Imagino! Se ele fizer metade do que o meu Dr. Delícia faz já está valendo. — Sorrimos.

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