Capítulo 166 :

1.3K 114 40
                                    

Bônus +

Beatriz: Quando conheci o Otávio, — ela olhou para Thais e para mim. — Foi inexplicável o que senti por ele, eu o amei de longe, antes mesmo de nos envolvermos.

José: Vadia! — meu pai a xingou e Rodolffo o puxou pelo braço e saiu do escritório, nos deixando a sós.

Arthur: Sente-se e procure ficar calma — disse a ela e sentei ao seu lado.

Beatriz: Você vai me escutar? — ela perguntou.

Arthur: Sim, continue. Eu não tenho mais nada a perder mãe, já doeu tanto que agora é impossível doer mais.

Beatriz: Meu príncipe... Eu errei, mas não consegui controlar esse amor desesperador que senti pelo seu pai biológico. Você foi fruto de uma traição e ao mesmo tempo de um amor verdadeiro. Foi tudo muito rápido, conheci seu pai, José e eu nos casamos. Logo eu engravidei da sua irmã. Eu era muito pobre, trabalhava na casa dos seus bisavós. Ele se apaixonou por mim e me propôs casar com ele, aceitei, mesmo não o amando como eu gostaria. Ele me deixou totalmente submissa a ele e sempre foi muito frio e ignorante. Sei que isso não justifica a minha traição, mas eu me encantei por outro homem mais jovem que o seu pai. Admito, fui infiel, mas a gente não manda no coração. Contei toda a verdade para o José, mas ele não quis entender, fiquei com pena dele, pois tinha muita gratidão por ter me ajudado em muitos aspectos, e a Thais era só um bebe. Dois dias depois de deixá-lo e ir ao encontro do Otávio, ele foi assassinado. Eu não sabia o que fazer, o corpo dele foi extraditado, pois era Argentino e não tinha familiares aqui no Brasil. Fiquei a mercê do destino até que pouco tempo depois, depois de tentar varias vezes contato com ele pra mim ver pelo menos a Thais de longe. José me procurou e reatamos o nosso casamento.

Beatriz: Durante a gravidez, ele procurou não tocar nesse assunto, conseguiu me reconquistar, tornou-se o meu mundo, um marido mais presente, atencioso e carinhoso, mas quando você nasceu, começou a lembrar-me sempre que podia que você não era filho dele. Até que chegou um momento que desisti de tudo e fugi com você, mas ele nos achou e implorou para que voltássemos para casa, prometendo ser mais carinhoso e menos indiferente em relação a você. Eu aceitei e aqui estamos até hoje. A culpada de tudo isso fui eu.

Arthur: Continuou com ele mesmo depois de saber que ele matou o meu pai biológico? Mãe você foi cúmplice de um assassinato.

Beatriz: Eu sei, por favor, me perdoa. Ele me contou que mandou matar o Otávio quando você e Thais já estavam adolescentes. A Dani era uma criança. Você queria que eu o entregasse a polícia? Eu não podia fazer isso, Arthur.

Arthur: Mãe... Apesar de tudo isso, considero e respeito ele, infelizmente foi o único pai que tive, mas não serei o mesmo Arthur de antes — ela aquiesceu e me puxou para um abraço apertado e começou a falar no meu ouvido:

Beatriz: Desculpe por não ter falado sobre isso antes, e por ter sido conivente durante todos esses anos a essa rejeição que você sofreu. Eu tentava me redimir dando o meu melhor como mãe, mas era muito nova, não conseguia deixar sobressair as minhas vontades e desejos. Juro que tentei mudar e ser uma mãe atenciosa, carinhosa, dedicada, mesmo acatando as decisões do seu pai, dando o meu melhor a você e as suas irmãs.

Arthur: Eu te perdoo mãe. Só não me obrigue a entender o porquê a senhora manteve as ordens dele, mesmo depois de saber que ele mandou a assassinar uma pessoa, independente, de ser o meu pai biológico ou não. José Picoli, não é um Deus e eu não sou o servo dele. A partir de hoje, não venho mais na casa de vocês. Se a senhora quiser, pode ir me visitar na minha casa. Diga a ele que mesmo me renegando, agradeço os benefícios que tive na vida, proporcionados por ele.

Thais: Arthur... — Ela me olhou ainda chorando.

Arthur: Preciso ir. Tchau!

Beatriz: Vá meu filho e Deus te abençoe — saí do escritório e as deixei sozinhas chorando.

Cheguei à sala encontrei Rodolffo e Sofia conversando, Carla estava na varanda olhando na direção do mar de Ipanema. Abracei-a por trás, ela apoiou a cabeça sobre o meu peito, beijei sua cabeça e disse:

Arthur: Vamos amor? — minha voz saiu embargada, tentava segurar um choro contido durante anos. A minha cabeça doía intermitentemente. Bufei e fechei os olhos para tentar aliviar a tensão.

Carla: Você é maravilhoso, meu melhor namorado. Eu te amo — virou-se e fitou meus olhos. Ficamos nos olhando por um instante e ela disse: — pode chorar, não segure essa lágrima que está na borda da sua alma. Chore e verás como essa angústia aqui no seu peito irá diminuir — colocou as duas mãos sobre o meu peito e o massageou. Fechei os olhos e desabei.

Arthur: Eu não sou filho dele, amor — disse chorando igual a um garoto de quatro anos.

Carla: Escutamos toda a briga, foi impossível não ouvir.

Arthur: Por isso ele sempre me desprezou e me humilhou. Ele matou o meu pai biológ...

Carla: Shiii... Não precisa repetir essa parte da história, ninguém além de nós precisa ficar sabendo disso. Ok? — concordei com a cabeça.

Senti duas mãos me abraçando por trás e a voz do Rodolffo.

Rodolffo: Mano, me perdoe por ter chamado você de bastardo durante todos esses anos. Eu te amo, cara! — nos abraçamos e ele chorou no meu ombro. — Você é meu primo de sangue, independente de sermos de famílias distintas — Carla o encarou brava. — Péssima hora para piadas? — Perguntou fungando o nariz. — Péssima hora — disse. — Vem aqui cunhadinha gostosa, vem me abraçar. — Carla nos abraçou.

Sofia: Posso participar desse abraço coletivo? — Sofia chegou já se enfiando entre nós três.

Rodolffo: Agora ficou completo do jeito que eu gosto — Ele falou e as meninas sorriram.

Arthur: Nunca vou dividi a minha mulher com você Rodolffo — disse.

Rodolffo: O mundo dá voltas. Você se lembra da história da Catarina de Aragão a espanhola que foi a rainha da Inglaterra? Então, ela se casou com o príncipe mais velho, mas infelizmente ele morreu. O príncipe sucessor foi obrigado a casar com a cunhada. Que merda, não é? O mundo dá voltas, Arthur — Carla gargalhou e disse:

Carla: Rodolffo você é ridículo.

Arthur: Só não chuto suas bolas por que estou com dor de cabeça e esgotado — puxei a Carla de seus braços e me desvencilhei do abraço coletivo.

Dani: Arthur? — Dani apareceu na porta chorando. — Eu te amo! — Ela me abraçou.

Arthur: Ei... — seguro seu queixo fazendo ela me encarar. — Não chora, por favor. — Enxugo suas lagrimas. — Sinto muito que você tenha escutado tudo isso.

Dani: Impossivel não ter escutado. — Ela limpa a lagrima teimosa. — Você esta bem?

Arthur: Eu vou ficar!

Decidi não ficar remoendo toda essa história, não me faria bem. Minha mãe errou em nunca ter me contado, não a recrimino pela traição, mas ela não tinha o direito de esconder tudo isso de mim durante todos esses anos. Quanto ao meu pai, passarei a ser tão indiferente quanto ele consegue ser comigo, apesar de tudo sempre será o meu pai e continuarei respeitando-o. Não quero saber nada que venha do meu pai biológico, mesmo sabendo que ele não teve culpa, foi tão vítima quanto eu, de um amor destruidor e egoísta.

Eu e Carla conversamos e ela me confortou com suas palavras carinhosas que me fizeram ainda mais louco e apaixonado. Não preciso de mais nada, eu já tenho tudo o que necessito ao meu lado. Ela. Isso é o suficiente e reconfortante. Isso basta.

Comentem

Minha Tentação 🎯Onde histórias criam vida. Descubra agora