Capítulo 106 :

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ARTHUR

Pior do que dormir chorando e acordar com enxaqueca e chorando. Acordei, mas ainda não tive coragem para abrir os meus olhos, não sei por que não consigo ser mais resistente, tornei-me um fraco, um covarde.

Preciso me posicionar, ou esse sentimento passara por cima de mim como se fosse um rolo compressor destruindo o pouco de juízo e sanidade que me restaram. Eu só queria amá-la sem restrições, dar uma chance para a vida e ser feliz ao lado da mulher, da única mulher que meu coração conseguiu amar até hoje. O amor que ofereci a ela, não foi o suficiente para nos dois, sem dúvidas não foi o suficiente. Não consigo apagar ou esquecer o que presenciei: a mulher que roubou meus pensamentos, meu sossego e por fim o meu coração, sendo beijada pelo o homem que a fez mulher e a tornou mãe. E, que mesmo depois de fazê-la sofrer por longos anos, ainda possui o seu amor e respeito. Isso eu tenho que admitir, ela ainda o ama.

Nunca fui muito compreensivo quando se trata de perder, perder lutando, perder brincando, perder alguém, perder objetos. Agora vejo que estou perdido e perdendo alguém que eu achei que seria minha para sempre.

Quando nos conhecemos, desde o início ela deu indícios, pistas de que nunca estaria completa, mesmo assim eu aceitei. Sou tão culpado quanto ela. A questão não e perdoá-la e sim, a confusão que se resume ao que ela pensa sobre tudo isso. Não adianta dizer que me ama. Isso não seria o suficiente para nos dois. O que realmente seria o suficiente para ficarmos juntos e sem a sombra de outra pessoa, seria ela decidir-se. Pois está completamente perdida, eu vi em seus olhos, enquanto ajudava e se preocupava com o Lorenzo depois que o agredi. Eu não posso ficar com uma pessoa que não se entregará por inteira.

Abro meus olhos e pisco várias vezes, meus olhos acostumados com a mesma rotina, ainda não se adaptaram a ausência dela, por isso, no mesmo instante que os abri, olhei para o travesseiro ao meu lado. Poderia ser apenas um sonho e, se fosse apenas um sonho, estaria neste exato momento acordando ela, como eu fiz nos últimos dias.

Não lembro a que horas exatamente adormeci, mas sei que dormi bastante, mais do que costumo dormir. Entro no banheiro, olho-me no espelho por longos segundos... Fecho os olhos e meus pensamentos me atiram agressivamente ás lembranças dos últimos dias em que estivemos juntos aqui: eu me barbeando e fitando-a sem que percebesse... Ela estava sentada no vaso de olhos fechados, parecia que estava cochilando, achei engraçado e acabei acordando-a beijando o alto de sua cabeça, assim que a beijei, abriu os olhos e sorriu quando me olhou. Voltei a minha atenção para o espelho e retornei ao que fazia, ela inclinou para o lado e apoiou a cabeça em meu quadril e voltou a dormir, como se eu fosse o seu apoio.

Acordei-a quando terminei, ela ficou toda envergonhada por ter cochilado sentada no vaso sanitário e ter me feito de travesseiro. Disse a ela que foi a coisa mais linda que aconteceu, senti-me seguro em relação a nós dois e percebi depois desse momento, que a cada dia que passávamos juntos, a confiança e intimidade aumentava. Tudo me lembra ela. Cada canto desse apartamento me faz lembrá-la.

Odeio ter que desperdiçar minha ereção matinal. Praticamente todas as manhãs, eu a acordava com meu pau ereto a invadindo sem permissão e, o que me levava à beira da loucura, era ver em câmera lenta os seus olhos sendo abertos somente quando ela chegava ao ápice de seu prazer, segurava-me até vê-la abrir os olhos e gozando, depois gozava para ela.

Arthur: Bom dia Vivi! — sento-me no balcão, onde havia um café da manhã farto. Acho que a Vivi contava com a presença da Carla ao meu lado.

Vivi: Bom dia meu nego! — ela diz animada, com um fone no ouvido. — E a minha menina? Não vai me dizer que ainda estão brigados? — perguntou preocupada. Sentou ao meu lado e serviu-me uma xícara de café. Sorrio para mostrá-la que está tudo sob controle. Levei a xícara até os meus lábios e depois a coloquei sobre o balcão. Olhei para Vivi que esperava ansiosa e curiosa ouvir a minha resposta.

Arthur: Está no apartamento dela — eu disse desviando o olhar dos seus olhos negros e astutos.

Vivi: Meu dengo, não deixe essa menina ir embora — ir embora? Como assim? Olho para ela assustado, não, desesperado.

Arthur: Ela disse para você que vai embora? — perguntei desesperado.

Vivi: Não. Não a vejo desde o último dia que servi o café da manhã para vocês dois juntos. Faz quatro dias.

Arthur: Achei que tivesse falado com ela. Então, por que você disso isso? Você acha que ela pode ir embora?

Vivi: Isso o que Arthur? Meu filho você não está nada bem.

Arthur: Por que você disse para eu não deixá-la ir embora?

Vivi: Eu só disse para você não romper com ela. Só isso. — Que alívio.

Arthur: Vivi... Não se preocupe com isso, sempre estive sozinho. Não será difícil voltar a minha rotina normal. — Minto. Já estou sofrendo pra caralho com essa porra toda.

Vivi: Meu dengo, vocês se amam. Não seja injusto com você mesmo. Não faço ideia do que aconteceu entre vocês, mas posso afirmar que a culpa foi sua — olho para ela incrédulo.

Eu não tive culpa de nada. Ignoro o que ela diz e me despeço com um aceno. Antes de chegar ao corredor que fica na entrada da minha cobertura, escuto-a gritando:

Vivi: Se na segunda feira ela não estiver aqui nessa mesa, bebendo o suco de maracujá e comendo a torrada integral com queijo minas, que tanto ela gosta, juro que te aplicarei umas boas lições, seu menino mimado. E, não se atreva a voltar trazer essas periguetes que você costumava dormir. E não me responda entredentes e nem pelo pensamento. Deus está vendo! Tenha um ótimo dia meu dengo. — Vivi enlouqueceu. Por que sempre o homem leva a culpa de tudo? Eu não fiz nada.

Enquanto desço até a garagem pelo elevador, lembro que deixei o meu celular desligado desde ontem depois que cheguei em casa. Entro no carro e coloco o meu celular para carregar. Assim que ele liga, entram centenas de mensagens. Sempre que tento pegá-lo sinto vibrar indicando mais mensagens. Ligo o ar condicionado e regulo o banco e os retrovisores.

Porra! Rodolffo mexe em tudo. Pra que desregulou o banco? Ele e tão alto quanto eu. Pego o celular e encosto no banco, sinto-me um pouco mais relaxado. Abro as mensagens e confiro uma por uma e, todas são da Carla. Passo as mãos pelos os cabelos e tento manter-me firme ao ler as mensagens.

Se eu não tivesse desligado o celular ontem antes de entrar em meu apartamento, com certeza após ler essas mensagens, eu teria ido buscá-la. São quarenta e sete mensagens no WhatsApp e dezesseis de chamadas perdidas. Nossa... Ela dedicou-se boa parte de seu tempo para me enviar mensagens. Eu faria o mesmo, quer dizer eu fiz o mesmo há dois dias depois que ela assistiu ao vídeo. Droga!

Encosto minha cabeça no encosto do banco estofado e fecho os olhos. Talvez se eu não tivesse visto eles se beijando, seria mais fácil entendê-la. Ela tentou explicar sobre o beijo, mas sinceramente não tenho vocação para ser corno. Finalmente ligo o meu carro e sigo para o trabalho.

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