Capítulo 58 :

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Alex não ficou no restaurante, acho que ainda está chateado, ainda mais depois de ver o Arthur me beijando. Vou dar tempo ao tempo, um dia ele irá se conformar que somos apenas amigos e entenderá minhas decisões. Não posso deixar de pensar no que eu realmente quero para não magoá-lo, seria injusta comigo mesma.

Vou até a cozinha experimental e vejo que o Francisco deixou tudo que eu pedi sobre a bancada. Então... Mãos na massa! Preparei a feijoada, acompanhada de farofa com torresmos, arroz branco, couve refogada no azeite, pequenos pedaços de laranja. Arrumei tudo no prato de forma elegante. Ficou perfeito! Saquei meu celular do jaleco e fotografei, postei no Instagram do Leparrie.

Carla: João! — chamei o cozinheiro. — Experimenta! Está uma delícia — disse animada.

João: Perfeito!

Carla: Sério?

João: Sim!

Carla: Incluí ao cardápio. A receita está aqui, toma — entreguei meus rabiscos para ele. — Agora entregue a nutricionista responsável por calcular o custo do prato, valor calórico, blá... blá... blá... Diga que quero a ficha técnica para amanhã.

João: Ok Carla!

Saí do restaurante e fui direto pra terapia, assim que cheguei fui anunciada ao Dr. João Pedro. Quando entrei em sua sala, fui recebida com um sermão. Assumo, foi merecido.

João Pedro: Sua louca, por que abandonou as terapias? Deixou a amiga aqui, preocupada. Estou de mal com você — meu psiquiatra é gay, mas é um gay bem gay mesmo, tipo o personagem do Teo da novela Império. Tornamo-nos bem próximos, mas acabei fugindo das consultas. Não sei porque mas achei que estava bem e parei de ir as consultas.

Carla: Eu sei, mereço o seu esporro Dr. Pedro. — Ele levanta de sua cadeira e me abraça com carinho.

João Pedro: Como você está radiante! Hum... Sinto cheiro de... Tem bofe novo na parada. Não minta, tenho faro pra isso, senta no divã, quero primeiramente saber de tudoooo, uma anamnese completa. Depois retornaremos ao ponto de onde paramos na última consulta.

Sempre me sinto leve quando saio da consulta. Apesar dos esporros que ganhei, principalmente por continuar fazendo o uso deliberado dos antidepressivos e calmantes sem o consentimento dele. Depois ele explicou os efeitos colaterais quando são consumidos além do período necessário, disse que isso poderia regredir ainda mais os meus traumas. Agora sim, minha vida vai engrenar, independentemente de estar acompanhada ou sozinha. Meu bem estar virá sempre antes de qualquer coisa.

Expliquei a ele os constantes pesadelos e insônias, ele disse que aos poucos irão diminuir, só depende da minha força de vontade para dar continuidade ao tratamento. Vai dar tudo certo! Assim, espero.

Como de rotina, vou para a academia, queimar a tensão e calorias. Tive que pegar um Uber para ir até a clínica e depois para academia. Assim que entro através da grande porta de vidro da academia, vejo minha amiga esperando com um shake na mão.

Carla: Oi Ju! Tudo Bom?

Juliette: Sim! Tenho novidades miga...

Trocamos nossas roupas e fomos fazer esteira, enquanto corria Juliette não parava de falar sobre a festa do Rodolffo. Eles desenvolveram uma espécie de amizade aberta.

Carla: Claro que entendo. Quando vocês estiverem a fim de transar vão lá e ploft!

Juliette: Não... Amiga é muito mais que isso. — Olhei para ela perplexa, Juliette nunca foi de se apegar. — Vou te explicar. Amiga... Ele curte as mesmas coisas que eu. Então, combinamos de jogar juntos.

Carla: Entendi perfeitamente!

Sou bastante esclarecida quanto a minha opção sexual e minhas preferências entre quatro paredes, mas minha amiga vai além das quatro paredes. Ela é adepta ao sexo grupal, ménage, resumindo: Swing. Quando ela me contou essa sua necessidade de estar com mais de uma pessoa durante o sexo, admito fiquei impressionada, mas não chocada. Essa é uma condição sexual, e existem pessoas que só se satisfazem dessa maneira. Ela sempre conta detalhadamente às coisas que rolam nesses clubes que ela frequenta. Os adeptos a essa prática definem sexo em sexo, e procuram usar o termo "Jogar". Sim, ela diz... — Hoje vou sair para jogar. — acho até engraçado quando ela se refere o sexo grupal em jogo. E agora, pelo que entendi ela achou um parceiro ideal para "jogar", e segundo ela, além de jogador é um dominador.

Carla: Não acredito! O Rodolffo, todo brincalhão daquele jeito é um Dom?

Juliette: E que dominador, Carla!

Carla; Estou passada. Subestimei a capacidade do homem.

Juliette: Amiga... Será que o gostoso do Arthur, também é?

Carla: Não. Ele é dominador, mas de outra maneira. Nada a ver com esses negócios aí que você curte. Ele é carinhoso demais, gosta de dormir de conchinha e tudo.

Juliette: Hum... Delícia!

Carla: Juliette, dá um time? E, não chama mais ele de gostoso.

Juliette: Nossaaaaaaaaaaa... Para tudo! Carla Diaz, coração de diamante, está com ciúmes? Amiga? Tu está bem?

Carla: Argh! Só que não me sinto confortável em ouvir você falando dele assim. É estranho, eu sei, mas não gosto.

Juliette: Tá bom! Desculpe amiga. Voltando ao assunto: Rodolffo Matthaus. Ele me convidou para ajudá-lo organizar a festa dele.

Carla: Imagino até o que vai sair... Tua ajuda? Vai virar uma boate de striper — sorrimos.

Juliette: Ainda bem que você me conhece — ela falar um pouco mais alto. — Bom, ele adiou a festa para daqui um mês, disse que está com questões inadiáveis para resolver na empresa da família. Parece que o negócio é sério!

Carla: Hum... Sei! Tomara que ele consiga solucionar os problemas. Neh?! — falo.

Juliette: Sei lá, amiga! Eu que não quero saber dos problemas dos outros. Só de ouvir as palavras empresa, problemas, trabalho, me causa uma coceira no pescoço e nos braços, fico toda empolada.

Carla: Amiga você já pensou em um dia abrir alguma coisa para você? Alguma coisa que você goste muito de fazer.

Juliette: A única coisa que eu gosto de fazer, não posso comercializar. Se não estarei vendendo meu corpo.

Carla: Juliette é sério! — A conheço há anos, mas a cada encontro essa tampinha me surpreende.

Juliette: Sim, estou falando sério Carlinha.

Carla: Então abre uma casa de... Uma casa desses negócios que você curte. Um lugar para se jogar com segurança. Existem milhares de pessoas que curtem as mesmas coisas que você. Vai que dar certo?!

Juliette: Amiga... Você é um gênio! — Ela diz diminuindo o ritmo.

Carla: Okay! Concordo! Sou um gênio.

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