Capítulo 39 :

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Arthur: Daria tudo para saber o que se passa nessa cabecinha e no seu coração — sua voz grossa soou baixa, ao pé do meu ouvido. Respirei fundo, tentando ganhar equilíbrio novamente, virei de lado para fitá-lo.

Carla: Estou repassando os compromissos que tenho para amanhã — mentira pura.

Arthur: Hum... Esquece os compromissos por enquanto — aconchegou-me em seu peito.

Por que ele precisa ser tão, tão desse jeito? Carinhoso. Realmente estou tendo a prova do nível de carência que me encontro. Qualquer gesto eu estou reconhecendo como carinho.

Arthur: Me fala um pouco sobre você.

Carla: Não tenho nada de diferente e entusiasmante sobre minha vida.

Arthur: Conte qualquer coisa, para mim já está valendo.

Carla: Tá bom! Sou filha única, minha mãe mora em Veneza na Itália, com seu esposo há 3 anos, nos encontramos uma vez por ano, geralmente no natal. Eles vêm para o Brasil, sempre em dezembro. Tenho poucos amigos, no momento tenho dois, mas, esses valem mais do que um exército. Os nomes você já deve saber, Alex e Juliette. Não costumo sair muito para festas, amo minha profissão. Sou viciada em doces principalmente doces que levam morangos nos ingredientes, tenho dificuldade para dormir. Frequento a academia três vezes por semana, corro na orla sempre que posso. Hum... Mais o quê? — pensei. — Gosto de assistir filmes, principalmente os infantis, ler romances. É isso. Já falei muito. Ah! Tenho um segredo... Eu, como pizza dormindo, acompanhada de um copo de leite gelado com achocolatado. É simplesmente maravilhoso! — sorrio.

Arthur: Hum... Seu segredo é bem cabeludo, hein? — Deu um sorriso torto. Oh Deus! Que sorriso lindo esse homem tem. — Você vive aqui no Brasil sozinha. Não têm familiares?

Carla: Moro sozinha, não me lembro de ter familiares.

Arthur: Você é tão nova, cheia de energia. Nunca namorou? — Aí, já está querendo saber demais.

Carla: Já. Há muito tempo...

Arthur: Hum... Sei. Aposto que quebrou o coração dele.

Carla: Não. O meu coração é que foi quebrado — essa frase saiu sem que eu percebesse. Ô boca!

Arthur: Quem foi o louco que te fez sofrer? Não é possível!

Carla: Ah! Já passou... — sorrio, mas essa pergunta me fez lembrar o dia que realmente meu coração foi estraçalhado. — E você? Fale da sua vida — o safado chegou a tossir antes de responder, e ainda por cima, soltou uma gargalhada.

Arthur: Ah... Carla! A minha vida é normal.

Carla: Então, conte-me as suas normalidades.

Arthur: Hum... Deixa eu ver... Tenho duas clínicas, uma aqui na Barra e a outra em Ipanema. Divido meus horários em prol das clínicas. Sempre que posso viajo para relaxar, nem que seja ir a Búzios. Treino todos os dias, pratico crossfit, corro sempre que tenho tempo disponível, às vezes quando bate na telha pratico Stand Up Paddle, saio para curtir uma vez ou outra, sou péssimo na cozinha... Mas o quê? É... Ah! Meus pais moram em Ipanema, no mesmo lugar onde eu e minhas irmãs fomos criados, eles são pessoas especiais, mas, enchem o saco querendo netos, principalmente minha mãe Dona Beatriz. Sou apaixonado pela cidade dos meus pais, que fica no interior do Espirito santo, Conduru, sempre que posso eu me mando pra lá. Só isso

Quando acabou de contar tudo sobre sua vida, que para mim, não vi nada de novidade, menos a cidade de Conduru, que nunca tinha ouvido falar antes, ele belisca meu mamilo esquerdo e me faz sentir arrepios.

Carla: Ai... — soltei um grito fino. — E você, já namorou? — perguntei só por curiosidade.

Arthur: Não.

Carla: Nunca?

Arthur: Não. — Tá bom, neh? Não quer falar sobre isso. Eu que não irei insistir. — Quando vi você na boate dançando com o seu amigo, pensei que fossem namorados. Você parecia estar feliz.

Carla: Nunca namorei o Alex — embora não faltasse oportunidade. Pensei.

Ele franziu o cenho e formou uma ruguinha entre as sobrancelhas, que lhe caiu muito bem, deixando-o com uma cara de mau.

Arthur: Mas, é fato que vocês transam — hum? Ele disse isso mesmo? Decido trocar de assunto.

Carla: Aonde você guardou minha bolsa?

Arthur: Entendi. Não quer falar. Guardei no closet, vou pegar para você — ficou sério, e foi buscar minha bolsa.

Quando encontrei meu celular dentro da bolsa, ainda tinha bateria. O whatsapp estava cheio de mensagens do Alex e Juliette. Visualizo uma por uma com calma.

Alex: Cadê você? Estou aqui fora. — 23:30. Ontem

Juliette: Miga, o Alex me ligou querendo saber notícias sobre você. Disse que você não está em casa e não atende ao telefone.

Juliette: O cara é gostoso! Mas é um chiclete. Disse que você saiu com um bofe e não volta hoje. Não precisa agradecer o favor que eu te fiz. — 23:35. Ontem

Alex: Entendi por que não responde as mensagens. Tenha uma ótima noite. — 23:40. Ontem

Argh! Juliette só faz merda. Amanhã vou pôr um ponto final nessa história com o Alex. Quando falo ele finge que não entende e isso me dar nos nervos. Prefiro perder a sua amizade de que fazê-lo sofrer.

Arthur: Algum problema? Você está fazendo uma carinha engraçada, enquanto mexe no celular.

Carla: Ah! Minha amiga está preocupada. Ela é exagerada demais — minto e sorrio.

Arthur: Entendo. Rodolffo também é assim.

Carla: O Rodolffo é divertido, dá para ver o quanto se gostam e são unidos. Vocês tem uma relação de irmãos. Sempre quis ter irmãos.

Arthur: Quando você casar, você pode ter vários filhos e suprir a vontade de ter irmãos — nossa... Se ele soubesse um terço da minha vida, não ousaria tocar nesse assunto. Sorrio em resposta.

Ele me olha esperando resposta, mas, se conforma e sai em direção ao banheiro.

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