Capítulo 59 :

1.4K 81 28
                                    


Saí da academia e vim direto para o meu apartamento, ele estava precisando de uma arrumação urgente, coisas rotineiras do dia-a-dia.

Termino a arrumação que incluiu guardar todas as roupas que estavam em cima da minha cama. Agora com o Arthur entrando e saindo daqui, não posso deixar minhas coisas assim... Tudo jogado. Não sou desleixada, realmente não sabia o que usar para encontrá-lo ontem, não sabia se iríamos a um restaurante, sei lá. Por isso, espalhei tudo até encontrar alguma coisa apresentável.

Sou indecisa quando o assunto é roupas e acessórios, sempre termina tudo espalhados sobre a cama.

Já são 19:30h, quando estou em casa a hora voa. Quase não mexi no meu celular, acabei esquecendo de tirar do silencioso. Como sou desligada, ainda por cima está descarregando. Tenho três mensagens do Arthur e cinco chamadas perdidas do número dele. Leio as mensagens:

Arthur: Queria você aqui agora. 12:40h

Arthur: Vamos almoçar juntos? 13:00h

Arthur: Carla cadê você que não responde? 13: 08h

Esqueci completamente de verificar as mensagens. Vou enviar uma para ele me desculpando. Admito que sou péssima em lembrar de carregar meu celular e sempre o esqueço no modo silencioso.

19:32h

Carla: Desculpe-me por não ter respondido antes, esqueci meu celular no modo silencioso. Estou com saudades!

Espero ele responder, mas não chega. Deve estar na clínica ocupado, o melhor que posso fazer é tomar um merecido banho e esperá-lo.

Escolho um conjunto de lingerie preta com detalhes em cetim e renda. Para facilitar a vida do meu esquentadinho e impaciente que rasga tudo que vê pela frente, a calcinha é de amarrar, ou seja, é só desfazer os laços.

Pego um macaquinho jeans claro, regata vermelha, rasteirinha de camurça vermelha. Aproveito e separo a roupa que usarei amanhã e os acessórios. Deixo tudo arrumado em cima da cama e sigo para o banheiro. Levo o celular e o iPod junto, coloco o telefone para carregar ligado no volume máximo.

E meu iPod na base de ligação, deixo as músicas rolarem aleatoriamente no ambiente. A primeira música que invade o pequeno espaço do meu banheiro é "Demons - Imagine Dragons". Tomo banho sem pressa, lavo meus cabelos com calma, hidrato-os e escovo os dentes. Termino o banho ao som de "Radioactive - Imagine Dragons". Adoro essa banda, as músicas são de letras complexas, mas acho que a intenção do compositor é essa, confundir a cabeça de quem ouvi-la.

Termino de me arrumar, pego minhas coisas e vou para a sala. Ligo a TV, só por costume mesmo. Meu psiquiatra disse que isso é comum em pessoas que moram sozinhos por muito tempo. Pelo que entendi a TV diminui um pouco a sensação de solidão. Enfim, raramente presto atenção no que está passando. Prefiro livros e músicas, mas não abro mão de ligá-la.

Meu celular toca, olho a tela e me alegro logo quando vejo a foto da minha mãe.

Carla: Oi mamãe!

Mara: Oi filha, que saudade da minha bonequinha.

Carla: Aaaa mamãe, você ficou muito desnaturada depois que casou com o Mateo. Quase não me liga mais, esqueceu que tem filha?

Mara: Não bebê da mamãe. Eu e Mateo viajamos para o sul da Itália, e lá meu celular ficou sem rede o tempo todo.

Carla: Fico feliz que a senhora esteja curtindo a vida, mamãe.

Mara: Ai Carla Carolina, o Mateo e um ótimo marido. Amamo-nos muito. É muito amor que chega a transbordar do meu peito.

Minha mãe sempre foi uma romântica, viciada em livros e filmes de romance. Quando eu era criança ela dizia que quando me tornasse adulta e independente ela encontraria seu príncipe e viveriam felizes para sempre.

Carla: É véia, está muito melosa e a culpa é do Mateo. Manda um beijão para ele.

Mara: Filha você está tão relaxada, arrisco até dizer que está feliz.

Carla: É mãe, tenho tantas novidades... Uma delas é que retornei às consultas e terapias com o Dr. Pedro.

Mara: Não acredito! Deus ouviu minhas preces.

Carla: Mãe?

Mara: Fala meu bebê.

Carla: Conheci uma pessoa — ela ficou em silêncio por longos segundos, até que escutei seus afagos e suspiros. Está chorando.

Mara: Ai filha estou tão feliz que acabei chorando de felicidade. Esperei por tanto tempo ouvir você me dizer isso. Estou muito feliz!

Carla: Ah... Mamãe não, não chore.

Mara: Filha Deus ouviu minhas preces, viu ele não desistiu de você! Oh meu Deus, muito obrigada!

Carla: Tá bom, mãe. Chega!

Mara: Agora me conta quem é o rapaz.

Carla: Mãe... Ele é especial. Só isso que posso falar até agora. Estamos nos conhecendo melhor e não quero criar expectativas. Estou curtindo essa fase e tentando mudar a página da minha história. Cansei de ficar fechada para o mundo.

Mara: Filha você me fez ainda mais feliz, ao dizer todas essas palavras. Isso tudo, significa que você está aceitando o seu destino.

Carla: Talvez... Talvez mamãe.

Mara: Qual é o nome do homem que fez esse milagre?

Carla: Arthur.

Mara: Que nome lindo! Sempre achei que você e o Alex ficariam juntos, mas veja só, me enganei — se ela soubesse que eu e Alex já fomos amantes...

Carla: Não mãe nós somos apenas bons amigos. Só isso! — Quero virar essa página também.

Mara: Filha... Liguei por que tenho uma surpresinha para você.

Hum... Odeio surpresas.

Mara: Você não será mais filha única. Descobri no final de semana que estou grávida.

Oh meu...

Carla: Mãe... Que notícia maravilhosa!

Mara: É querida, foi uma surpresa! Nunca imaginei que eu pudesse conseguir engravidar com meus 47 anos. O Mateo está radiante, nem dormiu direito pensando no bebê — ela fala e chora ao mesmo tempo.

Carla: Mãe não chora! Pensa no meu maninho ou maninha.

Mara: Ai minha filha é muita emoção ao mesmo tempo. Você e suas mudanças e a minha gravidez é muita felicidade.

Carla: Mãe... Não vejo à hora de ver a senhora e beijar essa barriga.

Mara: Mais uma novidade... Meu ciclo estava desregulado por um tempo, fiquei sem menstruar um tempo. Minha ginecologista achou que fosse o início da menopausa, mas na verdade eu já estava grávida. Ontem fiz uma ultra e mostrou que estou com 16 semanas.

Carla: MÃE! Já dá para saber o sexo.

Mara: Não deu filha, mas logo saberemos.

Carla: Não vejo a hora de vocês virem ao Brasil em dezembro.

Mara: Meu bebê fica com Deus! Durante a semana ligo para saber como você está. Juízo! Nada de sexo sem compromisso. Escutou? — Risos infinitos para minha mãe.

Carla: Que isso mãe? Recuso-me a falar sobre sexo com a senhora carregando meu irmão na barriga.

Mara: Tá bom! Te amo.

Carla: Também te amo — desligamos juntas. Que saudade da minha véia.

Meu Deus! Nunca imaginei nessa vida que minha mãe fosse ter outro filho. Agora eu terei um irmãozinho só meu. Não Acredito! Ela merece toda a felicidade do mundo. Minha mãe é uma guerreira. Arrependo-me profundamente de ter feito ela sofrer junto comigo, todos esses anos. Não mereceu. É uma mulher que me amou incondicionalmente todos esses anos, merece toda a imensidão de felicidade desse mundo.

Carla: Irmão ou irmã, tanto faz. Que felicidade!

Comentem

Minha Tentação 🎯Onde histórias criam vida. Descubra agora