Capítulo 71 :

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Arthur: Tá bom... Termina logo de se arrumar — ele beija minha testa e sai do banheiro.

Termino a minha make e sigo para o quarto para poder terminar de me arrumar. Estamos iniciando a primavera, esta época do ano é muito quente, então hoje irei com uma roupa fresquinha.

Vamos lá, separei uma saia longa, de tecido suave azul escuro e uma blusa de alça fina branca de seda. Escolhi os acessórios e as sandálias. Aprontei-me com calma. Quando estou olhando para a minha imagem na parede espelhada do quarto do Arthur, ele entra e fala:

Arthur: Você está linda! Isso é um truque para eu ficar mais ainda apaixonado? — Me abraçou por trás e beijou meus cabelos.

Carla: Querido, são seus olhos.

Arthur: São meus olhos?

Carla: Sim.

Arthur: Você é linda! E não são meus olhos. Toda vez que estamos em público, percebo os olhares que você recebe. A sua beleza é exótica, foge dos padrões de beleza impostos pela sociedade. Seus cabelos são naturais, tudo em você é natural e suave.

Carla: Obrigada! Apesar de achar tudo isso um exagero. Exagerado! Até parece que você não recebe os olhares de cobiça. Olha só para você — aponto para o espelho. Ele dá um sorrisinho torto que o deixou com uma expressão de safado. — Imagino as cantadas que você recebe de suas pacientes, colegas de trabalho, na academia. Você é um gato Arthur! Tudo em você é lindo — levantou uma das sobrancelhas e disse:

Arthur: Estou começando a achar que a senhorita é uma ciumenta possessiva.

Carla: Não... Não sou. Só estou falando o quanto você chama a atenção da mulherada.

Arthur: Amor, a única mulher que eu quero roubar os olhares e a atenção, está ao meu lado. Você, só você. Acredita em mim, falo a verdade.

Carla: Acredito e confio em você — não sou ciumenta, só que o homem é muito bonito, a pressão psicológica é forte. Eu sei muito bem o que é ter um homem bonito. É foda isso, cara!

Arthur: Vamos?

Carla: Vamos.

Chegamos à garagem, ele abriu a porta do carona e me ajudou a entrar. Sentou ao meu lado e deu partida.

Carla: Posso ligar o iPod?

Arthur: Todo seu. Nem precisava pedir permissão.

Selecionei a pasta de MPB, aprendi a gostar desse estilo de música depois que passamos a conviver juntos. Ele é bem eclético, curti de Caetano Veloso até Imagine Dragons. Coloco para rolar aleatoriamente as músicas e a melodia invade o carro. "Vander Lee - Esperando Aviões

Arthur: Ótima escolha, essa música é linda. Lembra-me você. — Sua voz sai rouca e baixa. — Presta atenção na letra — ele canta baixinho, com sua voz rouca.

"Meus olhos te viram triste Olhando pro infinito Tentando ouvir o som do próprio grito E o louco que ainda me resta Só quis te levar pra festa Você me amou de um jeito tão aflito Que eu queria poder te dizer sem palavras Eu queria poder te cantar sem canções Eu queria viver morrendo em sua teia Seu sangue correndo em minha veia. Seu cheiro morando em meus pulmões Cada dia que passo sem sua presença. Sou um presidiário cumprindo sentença Sou um velho diário perdido na areia. Esperando que você me leia. Sou pista vazia esperando aviões. Sou o lamento no canto da sereia Esperando o naufrágio das embarcações".

Ele ficou concentrado no trânsito e em nenhum momento olhou para mim. E, eu fiquei... Impressionada com a letra dessa música.

É uma canção que fala de um amor desesperado por alguém perdido. Sim, fiquei tocada demais. Senti as lágrimas chegando, mas tratei de abafá-las, piscando os olhos repetidamente. Esse homem chegou à minha vida sem pedir licença, sem pedir permissão. Ele foi direto ao ponto, direto no meu peito. Hoje, não saberia o que fazer se isso tudo terminasse. Eu sofreria o inferno por ele.

Quando a música terminou e automaticamente iniciou outra, ele me olhou com carinho e sorriu. É melhor eu admitir logo de uma vez... Estou amando esse homem. Sim, eu estou amando o Arthur.

Repeti essa frase várias vezes em minha mente.

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