Capítulo 6 :

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CARLA

Encerrei meu expediente e fui direto para casa. Chegando, tomei um banho morno para relaxar um pouco e diminuir a tensão do dia. Fiz uma massagem em meus cabelos, para que pudessem ficar limpos e sem cheiro de gordura, já que passo a maior parte do meu dia dentro de uma cozinha fervilhando. Hidratei o meu corpo por inteiro e finalmente terminei meu banho. Saindo do banheiro, fui em direção ao meu guarda-roupa para pegar minha roupa de ginástica. Afinal, hoje era dia de academia.

Ser chefe de cozinha exige muita disciplina e responsabilidade. Em meu restaurante existem duas cozinhas, a experimental, onde eu, Alex e os nossos cozinheiros criamos e aprimoramos as receitas. E, a cozinha principal, onde preparamos os pratos servidos. Ou seja, praticamente experimento e aprovo variadas iguarias o dia inteiro. Então, não abro mão de ir treinar na academia, três vezes durante a semana pelo menos para queimar essas toneladas de calorias que acabo consumindo. Coloquei a roupa e saí do quarto. Quando estou prestes a sair, o telefone de casa toca.

Há quanto tempo não recebo ligação no telefone residencial, achei que não tivesse nem linha mais, cheguei a ficar assustada com o toque estridente. Quem está ligando para o meu telefone residencial? Ninguém liga para esse número.

Carla: Alô? — escuto a voz da minha amiga louca.

Xxx:Amiga... Estou saindo de casa agora para irmos até a academia. Encontramo-nos lá. Pode ser? — Ela diz entusiasmada.

Carla: Oi Ju! Porque você não mandou um whatsApp, ao invés de ligar sua louca? — disse rindo.

Juliette: Ai amiga, é que eu adoro te perturbar e queria ouvir a sua voz doce e meiga. E aí, está ansiosa para conhecer a nova academia?

Carla: Juliette, ansiosa para conhecer academia? Poupe-me! Só você mesmo para ficar entusiasmada com isso.

Juliette: Chata de galocha, vai morrer com teias e mais teias nessa perseguida. Quando o Alex for fazer a bondade do ano, transando com você, vai precisar fazer uma escavação para achar o seu ponto G.

Carla: Ah... Aí é que você se engana. Eu gosto de sexo tanto quanto você, e tenho os meus meios para me manter na ativa.

Juliette: Meios... Vou acreditar! Encontro você na recepção da academia — ela diz gargalhando.

Carla: Beijo amiga — me despeço e encerramos a ligação.

Chegando a academia, vejo Juliette sentada na recepção. Quando me vê, só falta pular em cima de mim. Adoro essa alegria dela. Sempre foi assim, alegre, espontânea e o melhor, cara de pau e safada. Isso tudo faz dela, uma mulher incrivelmente divertida.

Juliette: Amiga! Que saudades — ela diz ainda me abraçando.

Carla: Nos vimos ontem, Ju!

Juliette: Ah, mas, você sabe que eu não consigo ficar sem fazer uma boa fofoca com a minha melhor amiga, não é? — disse dando uma piscadela para mim.

Carla: Bacana! Vamos entrar e a gente coloca a conversa em dia — eu disse.

Assim que entramos, começamos a nos alongar para começar a fazer esteira. Quando estávamos na esteira, ela puxou assunto:

Juliette: Então Carlinha, como vão às coisas no restaurante?

Carla: Estão bem, melhor não poderia estar. Mas, hoje tive um contratempo. — falo e me lembro daquele cliente com uma beleza máscula fora do normal.

Juliette: Mulher, conta tudo! Adoro saber da vida dos outros, já que a minha é um livro aberto.

Carla: Acredita que uma das funcionárias, deixou cair um fio de cabelo na comida de um cliente? — Me pego pensando naqueles olhos penetrantes.

Juliette: Gente, acabando com a sua fama. Manda embora, demite e envia para marte. E o cliente?

Carla: Era, O CLIENTE! Totalmente arrogante e muito exigente. Mas, ele também estava com razão em reclamar. Ninguém é obrigado a comer comida com cabelo. Concorda?

Juliette: Claro. Dou toda a razão para ele. Que descuido da sua funcionária, ela vacilou feio — ela diz indignada.

Carla: Verdade, mas já resolvi e está tudo certo — falo e aumento a velocidade da esteira e passo a correr mais rápido.

A conversa acabou entre nós duas, as fofocas do dia tinham sido todas discutidas. Rimos, brincamos e falamos um pouco dos "carinhas" que estavam malhando em nossa volta. Quando estava totalmente distraída, pensando nas coisas que eu iria fazer amanhã, recebi uma cutucada de Juliette, que quase tive o prejuízo de uma perna ou um braço fraturado.

Carla: Quer me matar sua louca? — eu disse me recuperando do quase tombo e reduzindo a velocidade no painel da esteira.

Juliette: Olha aquilo ali, Carlinha. Um Deus mitológico com a cara de malvado se alongando. Nossa senhora das calcinhas de renda. A minha está encharcada — ela disse ofegante por conta da esteira. Não pude evitar um sorriso.

Carla: Onde Juliette? — pergunto tentando achar o tal Deus grego. E espero que ela não me faça passar vergonha, por que ela é dessas. Adora ser o centro das atenções, e às vezes eu passo até vergonha.

Juliette: Ele está um pouco atrás de você, do lado esquerdo. Disfarça e olha.

Fui virando devagar e disfarçadamente para trás. Não tenho o costume de ficar olhando para os carinhas que frequentam a academia, são todos iguais, largo em cima, fino embaixo. Viro toda a minha cabeça de uma vez e... Ei, eu conheço aquele homem, foco com mais precisão e consigo enxergar um vislumbre dos seus olhos. É ele!

Ele estava se alongando em uma barra de ferro, seus músculos sutis dos braços estavam à mostra por causa da camiseta preta.

Carla: Ju, aquele é o cara do cabelo na comida. O cliente gostoso e arrogante. — Não sei por que, mas, os meus lábios e rosto forçaram-me a sorrir.

Juliette: Meu Deus! Carla, você se deu bem em relação a homens arrogantes! — disse ela sorrindo e olhando descaradamente na direção dele. — Tiro bey, tiro bay.

Carla: Amiga, para de ficar olhando descaradamente. Fala sério! — digo puta da vida com ela. A garota não pode ver um homem que entra em transe.

Encerrei a conversa com ela, não olhei mais para o tal cliente, coloquei os fones do meu iPod em meus ouvidos. Se eu der confiança, ela chama o gato e ainda se embola sobre a lã dele, em qualquer corredor.

Continuei a correr na esteira, estava distraída ouvindo uma música do "David Guetta - She Wolf" quando percebi que tinha alguém na esteira ao meu lado esquerdo. Olhei rapidamente, e para não ser mal-educada, disse:

Carla: Boa noite — disse e desviei o olhar, tirando um dos fones.

Xxx: Boa noite — o homem ao meu lado retribuiu. Essa voz rouca e ao mesmo tempo grossa... Eu conheço...

Olhei de novo para o tal "estranho" que estava ao meu lado, e quando vi quem realmente era, gelei. Era ele, mexendo em seu celular, aparentemente colocando uma música para ouvir enquanto corria. Não consegui não ficar olhando para ele. Será que não me reconheceu? Ou reconheceu e não quer falar comigo? Fiquei olhando de rabo de olho. Quando percebia que ele estava olhando também, parava na mesma hora.

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