Arthur: Rodolffo... Sou eu... O seu amigo. Abra os olhos, por favor — esperei olhando ainda para o seu rosto e com a minha mão sobre o seu aperto. Senti novamente o aperto de seus dedos e seus lábios se separaram e logo em seguida ouvi a sua voz:Rodolffo: Onde eu estou? — ele ainda mantinha os olhos fechados. Antes de respondê-lo apertei a campainha ao lado do monitor que fazia um barulhinho repetitivo a cada batida de seu coração.
Arthur: Você está em um hospital — respondi a ele. — Abra os olhos — ele abriu os olhos lentamente e fitou o teto de novo. — Estou ao seu lado e não no teto — ele virou o pescoço devagar, inclinei o meu corpo o suficiente para olhá-lo.
Rodolffo: Ca... ra... — Sua voz saiu rouca e baixinha.
Arthur: Cara, que saudade de você — ele apertou ainda mais a minha mão.
Rodolffo: Arthu... ur... — ele disse com a voz arrastada.
Arthur: Sou eu Moleque — mexeu-se, soltou a minha mão e tentou levantar a cabeça.
Rodolffo: Ai... Minha cabeça...
Arthur: Fique calmo, não tente se levantar — fechou os olhos de novo. Pensei que ele tivesse adormecido novamente, mas a sua voz preencheu o espaço me tirando dos meus pensamentos.
Rodolffo: Quero água... Mano, eu quero água — ele pigarreou e gemeu. — Ai... Dói...
Xxx: Olá garotão — uma mulher abriu a cortina e entrou na ala. — Abriu os olhos e está conversando? Muito bem... Vou fazer uma avaliação em você. Está compreendendo o que eu falo? — a médica falava com a voz alta e observava a reação dele. Ela retirou o lençol grosso que estava sobre ele e o afastou. Fitou-me nos olhos e sorriu.— Eu estive durante a madrugada aqui. Ele acordou e ficou quietinho olhando para o teto, mas não quis assunto comigo — olhou novamente para o Rodolffo que a encarava com os olhos ainda desfocados e com o rosto contorcido, demonstrando estar sentindo dor. — Amanhã vou retirar esse turbante antiquado da sua cabeça. Você já tem cabelos de novo e a cicatriz em breve não ficará exposta. Certo? — Ela ficou em silêncio. Creio eu, que esteja esperando-o responder. Mas, ele acordou agora! Mulher agitada demais.
Dra: Vamos fazer assim... Já que não quer falar comigo, você responde às perguntas apertando a mão do moreno aí.
Hum... Esse moreno sou eu? Acho que sim. Sorrio.
Dra: Aperte a mão dele uma vez quando for sim, e duas vezes quando for não. Certo? — ela perguntou e logo senti o aperto na minha mão.
Arthur: Sim! — Eu disse a ela. — Isso aí cara — falei baixo.
Dra: Bom. Muito bom garotão! Agora vou por uma luz chatinha em seus olhos — ela se aproxima e para ao meu lado, inclina o corpo e examina o Rodolffo. Quando termina de ver os olhos dele fala: — Ele retornou com força total — sorriu. — Quero dizer, ele acordou surpreendentemente bem. Hoje à tarde virão buscá-lo para refazer alguns exames. Bom... Se tudo estiver ok, logo ele será transferido do CTI para o setor de internação.
Arthur: Entendi. Eu pedirei a transferência dele para um hospital particular. O médico que é responsável pelo CTI, já está ciente sobre o assunto — ela sorriu e aquiesceu.
Dra: Qual é o seu nome? — perguntou enquanto levantava a camisola hospitalar que o Rodolffo vestia. Sorrio ao ver que ele estava de fralda.
Arthur: Arthur. Sou primo e melhor amigo dele — respondi.
Dra: Ah, sim! Ouvi falar de você entre as enfermeiras — nem sei o que falar nessas horas, o melhor é ficar calado. — Segure a mão dele de novo, por favor — pediu-me. — Rodolffo, aqui dói? — Ela apertou o abdômen dele.
Olhei para ele e sorrio. Ele apertou duas vezes a minha mão.
Arthur: Não — falei alto.
Dra: Retiramos a sonda dele hoje. Rodolffo, não fique envergonhado, vou retirar essa merda que colocaram em você. Ok? — ele deu apenas um aperto. Fitei-o de novo e me surpreendi ao ver que em seus lábios se curvaram até formarem um sorriso tímido.
Arthur: Ele concordou em você retirar a fralda dele.
Dra: Certo! — escutei o barulho do velcro enquanto ela falava. — Ele não desenvolveu úlceras de pressão, as antigas "escaras". Muito bem! Pode deixar que os meus olhos passaram direto do seu amiguinho.
Senti o Rodolffo apertar a minha mão bem forte. Ele não gostou muito do "Amiguinho".
Dra: O Neurologista e o Ortopedista daqui a pouco virão avaliá-lo — ela olhou para a perna, parou e mexeu nos dedos dele. — Eu vi os seus dedos se mexerem. Mexeram-se de novo! Você vai sair daqui andando, tenho certeza! Rodolffo Matthaus, vítima de acidente de motocicleta... — ela lia o papel que estava segurando.
Rodolffo me encarou fixamente, escutando tudo o que ela lia.
Arthur: Já passou meu irmão.
Rodolffo: Eu... Eu tentei... Dois homens...
Arthur: Agora não... Se acalme! — ele aquiesceu e gemeu.
Dra: Daqui a pouco as enfermeiras virão medicá-lo. — A médica aproximou-se novamente e conversou com o Rodolffo. — Sua cabeça vai doer, mas logo vai passar esse incômodo. Mais tarde voltarei a visitá-lo — virou-se a fim de olhar. — Quer conversar um pouco mais sobre ele? — Franzi o cenho ao escutá-la.
Arthur: Ah... Sim. Quer dizer, eu já falei com o médico responsável pelo CTI. De qualquer maneira, muito obrigada pela sua dedicação — ela sorriu e piscou o olho.
Dra: Então... Até mais tarde — balancei a cabeça concordado e logo ela se retirou da ala.
Rodolffo: Você vai embora? — Rodolffo perguntou ainda com bastante dificuldade na fala.
Arthur: Não. Vou ficar aqui com você.
Rodolffo: Meu pai... Co..mo ele esta?
Arthur: Ele esta la fora, ele veio todos os dias. Ia só tomar banho e voltava.
Rodolffo: Meu.. Pai
Arthur: Não se preocupe, ele esta bem o pior já passou.
Rodolffo: Eu escutei... A carta...
Arthur: Você quer que eu leia de novo?
Rodolffo: Sim — respondeu e tossiu. Peguei novamente a carta no bolso e li. Ele fechou os olhos e não largou a minha mão. Quando terminei de ler, ele abriu os olhos e fui tomado pela emoção. — Sofia... Eu estava indo até ela — os olhos dele ficaram vermelhos, ele piscou com força para livrar-se das lágrimas.
Arthur: Não, não chora — me apoiei na grade de proteção da cama e o abracei.
Esse abraço foi reconfortante. Eu precisei, necessitei desse abraço por todo esse tempo em que ele ficou nesse hospital. Respirei profundamente para ganhar controle sobre as minhas emoções.
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Minha Tentação 🎯
FanfictionSinopse: Carla Diaz é uma mulher linda e Apaixonada por sua profissão. Quem a ver por fora não imagina como seu coração está despedaçado. Foi abandonada pelo seu único e grande amor e carrega o fardo de um passado que a escraviza na escuridão. Apó...