Capítulo 78 :

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ARTHUR

Falei com o Rodolffo várias vezes que aquela mansão deveria ter câmeras espalhadas por todo canto, mas ele insistiu nesse plano de implantar micro câmeras. Eu sabia tudo estava fácil demais.

Tinha algum ponto que não se encaixava completamente em toda essa loucura. E esse eixo foram às câmeras que possuem em cada canto da casa. Tudo que conseguimos juntar e adicionar ao dossiê são suficientes para abrir um inquérito para investigação. Tenho certeza, que aquele velho asqueroso, não ficará livre por muito tempo e devolverá tudo que de certa forma roubou da minha família. Mas, o que está me deixando grilado mesmo são as ameaças da desequilibrada da Rafaela.

Estou me sentindo péssimo, se ela realmente não estiver blefando, estarei perdido. Arrependo-me amargamente de não ter explicado toda essa merda para a Carla, seria mais fácil lidar com toda essa situação, pois assim, teria ciência que tudo aquilo foi uma encenação, uma mentira.

Meu celular vibra e na tela aparece escrito "Bastião". Atendo e ponho no viva- voz, para não me distrair na direção e provocar um acidente.

Arhur: Oi Rodolffo.

Rodolffo: Arthur não tenho boas notícias. As imagens que estavam sendo transmitidas através das câmeras que você implantou no escritório dos Campelo, foram bloqueadas, encerradas. Mano, certamente eles já sabem de tudo e descobriram as câmeras.

Arthur: Já estou por dentro. A Rafaela fez questão de ligar e me deixar ciente disso tudo. Eles possuem um moderno sistema de vigilância interna, ou seja, possuem câmeras de alta definição e imperceptíveis espalhadas por todos ambientes. Todas às vezes que estive lá, observava atentamente tudo, mas infelizmente não consegui identificar as câmeras. Falhei!

Rodolffo: Puta. Que. Pariu — sua voz sai ensurdecedora pelo viva- voz.

Arthur: Fala baixo! — disse em um tom autoritário.

Rodolffo: Arthur, como você não foi capaz de identificar as câmeras? Ainda bem que conseguimos o que queríamos senão estaríamos ferrados.

Arthur: Ferrados? Ferrou tudo só para mim. Para a empresa e você, tudo deu certo, pois tem o dossiê completo. Tudo que você precisa está aí, basta entregá-los para o Dr. Augusto, o delegado. E... — Ele me interrompe antes de eu terminar de falar.

Rodolffo: Independente de terem descoberto as câmeras, ainda estamos no controle.

Arthur: Não. Não. Não. Eles podem ter imagens minhas dopando a Rafaela. Eu posso perder o direito de exercer minha profissão. Você tem noção da roubada que me enfiou? Cara, não é só isso. Ela disse que esses últimos dois dias vêm me seguindo o dia inteiro e, obviamente se deparou comigo e a Carla, agora está ameaçando enviar o vídeo onde estou seduzindo-a, antes de toda a ação. E agora? Ela já sabe onde encontrar a Carla e, disse que se eu não encontrá-la hoje, ela irá dar um jeito da Carla receber o vídeo. Eu... Estou sem saber o que fazer. Ela acredita que transamos. Pensando bem, é bom ela acreditar mesmo. Não quero nem imaginar se ela tiver algum vídeo onde me mostra adicionando sonífero em sua bebida.

Rodolffo: Deixe-a achar que foi fodida! Está preocupado com isso, mano? O que ela disse? Algo que possa atrapalhar a finalização de nosso plano.

Arthur: Não. Mas irá complicar a minha vida. — Minha voz sai desesperada.

Rodolffo: Cara, conversa com a Carla e explica a ela.

Arthur: Claro, vou explicar. Mas ela é um pouco frágil, eu não sei se irá reagir muito bem, mesmo depois de que souber tudo.

Rodolffo: Arthur, isso não é hora de se preocupar com mulher.

Arthur: Você não entende, nunca teve uma de verdade. Por isso, é muito fácil dar a sua opinião.

Rodolffo: Na real? Você tem absoluta razão, concordo com tudo que está falando. Nunca tive uma mulher de verdade, por isso não entendo toda essa sua preocupação. Estou indo levar o dossiê. Já estou com tudo aqui, inclusive o meu notebook onde estão todos os históricos e movimentações das contas abertas na Suíça no nome de Rafaela Campelo. Tudo! — Não sei como ele consegue ficar calmo.

Arthur: Boa sorte! Tchau — desligamos juntos, porém meu sossego não durou por muito tempo. Meu celular vibra e entra outra ligação da Rafaela, atendo sem muita paciência para escutá-la fazer às suas chantagens. — Fala Rafaela.

Rafaela: Calminha aí gato. Só quero paz e amor — rosnei ruidosamente, ao ouvir sua voz fina. — Escuta com atenção, gato: vou lhe enviar um videozinho básico. Com certeza depois desse vídeo, você insistirá desesperadamente para me encontrar. Mas, como sou obcecada por controle, já estou lhe aguardando em sua clínica, dentro do seu consultório — escuto tudo em silêncio me sentindo esgotado para travar uma guerra contra Rafaela. Assim que termina de falar, desliga na minha cara.

O que essa louca quer? Ela está achando que estou em suas mãos por causa de um vídeo. Prefiro me ferrar todo, mas não darei o gostinho a ela de me ver derrotado e a sua mercê. Realmente essa mulher não me conhece. Merda! Onde fui me meter? Que porra de mulherzinha intragável!

Deixo a clínica em Ipanema e sigo para a Barra da Tijuca. Assim que estaciono meu carro, entro na clínica e sem cumprimentar ninguém, passo direto e chego ao meu consultório. Assim que destravo a maçaneta e abro a porta, vejo um cabelo loiro de farmacia liso e um corpo magricela sentado em uma das cadeiras de frente para minha mesa. Fecho a porta atrás de mim, batendo-a com força e um barulho estridente toma o ambiente. Olho bem na cara dela e falo sem rodeios e cuidados:

Arthur: O que você quer? Já vou avisando que nada me fará ceder a qualquer chantagem sua — lanço- lhe um olhar atroz, mortal. Odeio ser controlado e chantageado. Isso não vai acabar bem.

Rafaela: Está nervoso Dr. Picoli? Vamos aprumar sua ira, pois eu estou no comando — ela eleva a mão para me mostrar o tal vídeo que estava rodando em seu celular. — Veja... O nosso momento de amor — me entrega o celular, mas decido não assistir aquilo. Devolvo e falo:

Arthur: Esse vídeo não me intimida — espero que ela tenha somente esse, pois se tiver cenas minhas colocando o sonífero, estarei fodido de todas as formas.

Rafaela: Arthur é o seguinte: você realmente achou que entraria na mansão dos Campelo, implantaria câmeras no escritório do papai e instalaria um programa fajuto nos computadores que encontrou e, depois transaria comigo como se nada tivesse acontecido, e sairia sem consequências? Onde você perdeu o juízo? Ah... Perdeu neurônios quando passou a pegar a cozinheira. Explicado! — Ela ri igual a uma megera. Ela acredita que transamos, melhor assim. Pois se ela desconfiar que foi dopada não pensará duas vezes antes de me ferrar.

Arthur: Não estou aqui para debater sobre a minha vida pessoal. E só para deixar esclarecido a você: a "cozinheira" tem nome e se chama Carla Diaz, minha namorada. Então não se refira a ela como se fosse insignificante, a única insignificante aqui é você. Ficou claro? — Ela me fuzila com seus olhos verdes cheios de ódio.

Rafaela: Ai, como você é bobinho e idiota. Sempre vulnerável e manipulável. — O som de sua gargalhada ecoou todo o espaço do consultório.

Arthur: Eu? Bobinho e idiota?

Rafaela: Sim! Então, você ainda não entendeu por que me aproximei de você? Prefere que eu explique ou que o tempo lhe mostre? — perguntou com a voz cheia de ódio, lascívia, sarcasmo. Só de olhar para ela e lembrar que todo o dinheiro roubado de minha família certamente está em sua conta, aberta em paraísos fiscais, sinto nojo. — Gato, você continua sendo um idiota.

Arthur: Então, vamos lá... Explique-se, pois não compreendo por que continuo sendo um idiota.

Rafaela: Pense bem... Eu te manipulei todo o tempo que ficamos juntos. Desde o início eu te enganei. Foi fácil, bastou te dar um "boa noite cinderela", te guiar até o seu apartamento e, depois foi só encenar. Seu otário! Eu nunca estive grávida de você, nós não transamos. Apenas ajudei você a deitar e depois tirei toda a sua roupa. Os exames, ultras foram fáceis de conseguir. Sou médica, esqueceu? Seu pai acreditou e o obrigou a assumir um compromisso comigo. Até hoje me pergunto, se você é tão idiota assim? Ou se faz de idiota?

Nunca fui violento com mulheres, mas essa mulher me faz sentir vontades que nunca senti antes. Quebrar esse pescoço seco.

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