Capítulo 119 :

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Carla: Não é isso... Eu preciso me organizar financeiramente antes de se mudar para seu apartamento. Entendeu?

Arthur: Não. Explique melhor.

Carla: Meu apartamento é financiado, primeiramente preciso quitar o que resta no banco, depois coloco para alugar ou vender. Só depois que eu conseguir resolver isso tudo, ficarei tranquila.

Arthur: Quanto falta para quitar?

Carla: Pouco, vou resolver isso essa semana.

Arthur: Como você pretende resolver isso?

Carla: Eu tenho uma quantia aplicada, com ela consigo quitar o apartamento e trocar o meu carro — escuto suas explicações com atenção. — Os imóveis aqui nessa região estão muito valorizados, imagino que esteja valendo uma boa grana. Então, quando formos comprar a nossa casa — ela acaricia o meu braço e continua falando, — Eu terei parte do dinheiro para darmos entrada. Entendeu agora?

Arthur: Amor, eu jamais permitiria isso. Eu vou comprar a nossa casa, a casa que você escolher. Será sua.

Carla: Arthur, eu quero ajudar!

Arthur: Não aceitarei que você gaste seu dinheiro. E por falar em casa, o que você acha de visitarmos algumas casas?

Carla: Acho legal. Não abro mão de morar nessa região. Por isso, quero poder ajudar Arthur. Aqui os imóveis são caros, eu quero poder contribuir também.

Arthur: Primeiro, escolhemos a casa, depois pensaremos em como pagar.

Embora, Carla tenha ficado visivelmente irredutível em relação à ajuda para comprarmos a nossa casa, eu não permitiria que ela gastasse seus investimentos, eu comprarei a nossa casa. E ainda esta semana trocarei o carro dela, mas isso será surpresa.

Durante o restante do trajeto até o bairro Vargem Grande onde Gabriel e Marta moram, ela ficou calada e distraída olhando através do vidro os carros passarem. O que deve estar passando em sua cabeça? Será que se arrependeu por ter aceitado se casar comigo? De repente, está um pouco assustada com os últimos acontecimentos e o pedido inesperado para se casar comigo.

Estou ansioso, minha mente pensa em várias coisas ao mesmo tempo, não posso esperar muito para torná-la minha esposa. Na segunda-feira irei ao cartório mais próximo com todos os documentos exigidos para darmos entrada e nos casarmos no civil. Lembrar que ela já foi casada, me faz sentir um ciúme avassalador, mas não posso deixá-lo se apossar, ou isso nos trará desentendimentos desnecessários e imaturos.

Arthur: Amor, está quieta demais. O que você tem?

Carla: Nada. Estou aqui, lembrando da primeira vez quando vi você — pendeu a cabeça para o lado, a fim de olhar-me enquanto fala. — Primeiro achei você lindo, depois achei lindo e ignorante — piscou os olhos e sorriu.

Arthur: Eu, quando te vi a primeira vez te achei gostosa — ela sorriu e me deu um tapinha no meu braço.

Carla: Seu safado.

Arthur: Nunca disse o contrário — encostou a cabeça no encosto do banco onde estava e riu ao mesmo tempo em que balançava devagar a cabeça.

Fiquei maravilhado com a maneira que ela sorria e gargalhava, é engraçado, parece que a sua respiração falha e ela precisa várias vezes parar de rir para respirar, para depois voltar a gargalhar, como se a risada tivesse um botão para parar e outro para continuar assim que ela tiver vontade de sorrir de novo. Afasto minha mão direita do volante e seguro a sua mão, acaricio com o dedo polegar e a levo até meus lábios.

Arthur: Esse foi o gesto que me fez ficar louco por você. Quando beijei a sua mão pela primeira vez. Seu cheiro invadiu o meu nariz e ali mesmo percebi que já estava perdido. — Os olhos dela estão mais brilhosos e alegres, fico ainda mais apaixonado quando vejo o quanto brilham.

Carla: Quando senti seus lábios em minha pele, percebi uma conexão que nos unia no mesmo instante, mas e óbvio que na hora não consegui decifrar, mas hoje entendo o que senti — ela disse.

Arthur: O que você sentiu? — perguntei. Eu também tive uma reação diferente com a sensação quando nos tocamos.

Carla: Não saberia explicar. Não consigo encontrar palavras para expressar. Foi surreal.

Arthur: Surreal... — desviei os olhos da estrada mais uma vez e fitei-a. — Eu te amo.

Carla: Lindo...

Arthur: Talvez, nos dois sentimos o que chamam de "dejavu" — eu falei sorrindo.

Carla: Tive a mesma sensação. "De javu" — ela pronuncia a última palavra pausadamente, como se estivesse gravando-a. Sorrio... Sorrio... Sorrio...

Estou feliz por tê-la. E, agora para sempre ao meu lado. Ela pegou o meu iPod e ligou. A música invadiu o ambiente com seu volume baixo. Aumentei o volume pelo comando de controle nas laterais do volante. Ela assustou e me encarou ainda com a expressão de dúvida.

Arthur: Aumentei o volume por aqui — levanto apenas os dedos, mas mantenho a base das mãos presas ao volante, para que ela veja os discretos inúmeros botões na borda do volante.

Carla: Os botões são imperceptíveis — fala ainda olhando para o volante.

Arthur: São. Essa é a intenção. Gostou? — aquiesceu. — Será que esse modelo caberia três cadeirinhas para bebês? — consegui chamar a sua atenção. Ela olhou para trás do carro, como se tivesse conferindo o espaço, sorriu e falou:

Carla: Não.

Arthur: Então comprarei uma van para você.

Carla: Amor, pensando bem... Acho melhor termos apenas dois. Sabe por quê?

Arthur: Desistiu dos meninos e da menina? — perguntei.

Carla: Não. Só que três, vai me dar muito trabalho.

Arthur: Estou as suas ordens, mas não abro mão de ter filhos com você. Carla, você não irá cuidar deles sozinha.

Carla: Não, não é isso. Quando o nosso primeiro filho nascer, irei me dedicar totalmente — ela para de falar, sinto sua respiração ofegante. Olho para ela de novo só para conferir se está bem, pois sua voz falhou. — Eu quero cuidar dos meus filhos com mais dedicação. Não quero trabalhar, quero ser mãe e esposa integralmente. Sei que isso é arcaico, antiquando... blá... blá... blá... Mas é a minha vontade. Quero viver intensamente cada momento, cada fase, cada detalhe da vida de nossos futuros filhos. Não quero perder nada.

Viro-me rápido e ao mesmo tempo atento ao trânsito, para fitá-la.

Carla: Eu gostaria de ter me dedicado ainda mais ao Lucas. Logo depois que ele nasceu, precisei deixá-lo em um colégio integral onde tinha berçário, para eu poder terminar o meu curso de gastronomia. E, depois surgiram propostas de trabalho, acabei emendando deixando-o para segundo plano — seus olhos estão marejados, mas nenhuma lágrima desceu pelo seu rostinho delicado.

Arthur: Carla... Não serei hipócrita! Eu seria um filho da mãe mais sortudo do mundo se você fosse só minha e dos nossos filhos, mas isso é você quem decidirá. Eu não quero pressioná-la e exigir que fique em casa.

Carla: Eu e Alex, estamos pensando em abrir mais um restaurante, talvez eu fique só administrando, isso poderei fazer de casa mesmo. — Não vou deixar de jeito nenhum ela ter ainda mais vínculo com esse Alex.

Arthur: Mais um restaurante? Você não vai ter tempo para cuidar de mim e das crianças — olhou-me e sorriu. — Eu quero ser cuidado. Sempre fui sozinho e depois que senti o sabor de ser cuidado por você, não aceitarei menos do que isso.

Carla: Aiii... Que fofinho.

Arthur: Não, fofinho não.

Carla: Tá bom. Gostoso. Guloso.

Arthur: Melhorou.

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