Capítulo trezentos e doze.

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Second season:three hundred and twelve
Bárbara Sevilla? ★
<Gabriel Di Laurentis narrando>

Eu sabia que a conversa com minha mãe não seria fácil. Quando ela me puxou para longe, percebi que algo estava profundamente errado. A expressão em seu rosto, normalmente controlada e fria, estava tensa, quase como se ela estivesse prestes a explodir. Fomos para um canto mais vazio da casa, longe dos olhares curiosos dos meus amigos. Franzi as sobrancelhas, tentando decifrar o que ela queria.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa? — Cruzei os braços, minha paciência já por um fio, mas a preocupação genuína ainda ali, apesar de tudo. Ela era minha mãe, afinal.

Ela hesitou, algo que não combinava com sua personalidade geralmente firme.

— Eu preciso te contar uma coisa.

Eu me preparei para uma bronca ou mais uma crítica sobre como eu estava lidando com minha vida. Nada poderia me preparar para o que veio a seguir.

— Agora? — respondi, minha voz carregada de exaustão e impaciência. Já tínhamos discutido o suficiente para uma vida inteira nos últimos meses.

— Agora — ela repetiu, com uma urgência que me deixou inquieto.

— Por que isso agora, do nada? O que é tão importante assim? — Eu já estava começando a perder a paciência, minha voz ficando mais alta.

— Gabriel, me escuta! — Ela exigiu, seu tom severo, mas sua expressão ainda hesitante, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas. Eu revirei os olhos, irritado, e murmurei para que ela fosse direto ao ponto.

Ela suspirou pesadamente, o que não ajudou em nada meu nervosismo crescente.

— Você se lembra que eu te contei que, antes de vir para Washington, eu morava na Flórida? — começou ela, a voz oscilando entre medo e hesitação.

— Lembro. — Respondi de maneira curta, já sem paciência. Eu sabia sobre a vida dela antes de meu pai, mas o que isso tinha a ver com agora?

— Então… — Ela fez uma pausa longa demais. — Alguns meses antes de eu vir para Washington, eu estava com outra pessoa.

Minhas sobrancelhas se ergueram. Era isso? Eu respirei fundo, exasperado.

— Era só isso? — Eu já estava cansado de todos os segredos e reviravoltas. — Não faz sentido você trazer isso à tona agora, mãe.

Eu estava à beira do esgotamento. O divórcio dos meus pais, as brigas intermináveis, e agora isso? Todo aquele caos parecia fútil. Eu só queria descansar, esquecer de tudo. Passei as mãos pelo rosto em frustração, tentando entender o porquê daquela conversa. Mas, então, sua próxima frase me atingiu como um soco.

— Eu tive uma filha. — Sua voz soou quase como um sussurro, mas cada palavra cravou fundo em mim.

Eu tirei as mãos do rosto e olhei para ela. Meu mundo parou. Cada segundo parecia se arrastar em câmera lenta. Eu tenho uma irmã? Não, isso não podia ser real. Minha mãe teve uma filha e escondeu isso de mim todos esses anos? Isso não era um filme, onde as reviravoltas são bem-vindas. Na vida real, era assustador e doloroso.

— Eu estava assustada, e no meio da confusão... eu fui embora. — Sua voz estava trêmula, cheia de arrependimento.

Eu dei um passo para trás, descrente.

— Você deixou sua filha? — Minha voz mal saiu, carregada de choque. Minha mãe sempre foi alguém que, por mais que tivesse seus defeitos, sempre se importou comigo e com meu irmão. Era difícil associar a mulher na minha frente à pessoa que estava me dizendo isso agora.

— Eu... eu não queria. Se você soubesse como eu me arrependo... — Ela começou a justificar, mas meu sangue fervia. Como ela podia justificar o abandono de uma criança?

— Claro, imagino. — Debochei, meu tom ácido, incapaz de conter a raiva crescente.

— Gabriel, me desculpa... — Ela começou, mas eu a interrompi com uma risada sarcástica.

— Acha que é a mim que deve pedir desculpas? Acha que suas desculpas vazias vão mudar alguma coisa? — Eu sentia as palavras saírem como lâminas afiadas. A verdade doía demais. Como ela podia ter guardado algo assim por tanto tempo?

— Eu... — Ela tentou falar novamente, mas eu a cortei.

— Tem ideia de como essa menina deve se sentir? Enquanto você vive sua vida confortável, com seus dois filhos e dinheiro, há uma filha que você abandonou? Tudo isso por quê? Porque você só pensou em si mesma? Por puro egoísmo? — Minha voz se elevou com cada palavra, e eu mal conseguia controlar o que estava saindo da minha boca.

Eu respirei fundo, tentando recuperar o controle. A confusão e o choque tomaram conta de mim. — Por que está me dizendo isso agora? — perguntei, minha voz mais baixa, mas cheia de frustração. Ela abaixou a cabeça, incapaz de me encarar.

— O quê? — Perguntei, sem entender. Bárbara? O que ela estava dizendo?

— A mulher que estava com seus amigos… Sevilla. — Ela finalmente disse, e eu senti o chão sumir sob meus pés.

— Bárbara Sevilla? — repeti, com a voz fraca. Ela assentiu, confirmando o que eu mal conseguia acreditar.

Eu senti meu corpo gelar. A Babi? Como isso podia ser verdade? Eu dei um passo para trás, processando a informação. Babi, a melhor amiga da minha namorada, era minha irmã. Tudo ficou distorcido. Eu precisava sair dali.

Sem outra palavra, me afastei rapidamente da minha mãe. A única coisa que eu sabia naquele momento era que eu precisava falar com Bárbara. Precisava olhar para ela e entender como o mundo que eu conhecia tinha virado de cabeça para baixo.

Voltei para a sala e encontrei Carol sozinha, bebericando algo.

— Cadê a Babi? — perguntei, meu tom urgente, meus pensamentos uma confusão.

Carol olhou para mim, surpresa com minha repentina preocupação.

— Foi levar o Victor pra casa — respondeu, ainda confusa.

case thirty nine:season twoOnde histórias criam vida. Descubra agora