Capítulo trezentos e trinta e nove.

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Second season:three hundred and thirty-nine
Sexta feira ★
{Tacoma, Washington}
<Victor Jones narrando>

Eu estava sentado no sofá da sala da Bianca, assistindo ela caminhar de um lado para o outro, reclamando pela milésima vez sobre sua prima Cindy. Minha cabeça estava apoiada nas mãos enquanto a observava, tentando manter o foco na enxurrada de palavras.

— E além disso, ela faz todo um show se fazendo de vítima! Dá pra acreditar? Tem tudo na vida! Vai casar, se formou em Harvard, tem um cargo enorme na empresa, é a favorita da família! O que diabos ela tem pra reclamar? — Bianca esbravejava, indignada.

— Sabe o que eu acho? — perguntei, já antecipando a reação dela.

— Se você disser que eu preciso ir às festas, eu juro, Victor... — ela ameaçou, antes mesmo que eu pudesse concluir.

— Não é sobre as festas. Eu ia dizer que você precisa parar de se comparar tanto com sua prima. Vocês são diferentes, e isso não é um problema. Você é única, Bia. Mas tá tão presa nessas comparações que esquece de olhar pra si mesma — disse, tentando trazer um pouco de razão para a conversa.

Bianca parou de andar, mas só por um segundo.

— Ah, por favor! Não tem problema porque não é você quem tem que escutar... — E lá estava ela de novo, ignorando completamente o que eu disse.

— Eu desisto — sussurrei, já exausto da discussão. — Bia, eu já entendi.

— Tá, tá. Você tem razão, talvez eu deva esquecer a Cindy e focar em mim. — Ela cruzou os braços, parecendo pensar por um segundo. — Quando é sua próxima festa?

— Sexta-feira — respondi sem pensar muito.

— Eu vou com você — anunciou com determinação, e eu balancei a cabeça imediatamente.

— Eu não acho que seja uma boa ideia — tentei dissuadi-la.

— Como assim? Você passou o dia inteiro me dizendo pra ir às festas, e agora não quer que eu vá?

— Não essa festa em particular.

Bianca estreitou os olhos, claramente desconfiada.

— Por que não?

Suspirei. Não dava pra mentir pra Thaiga, nem se eu tentasse.

— É na casa do Crusher.

Seu queixo quase caiu no chão.

— As meninas vão? — perguntou, chocada.

— Acho que sim.

— E eu não sabia disso?! — Ela estava genuinamente ofendida.

— Na verdade, o Crusher pediu pra gente te convidar. Ele só achou que seria estranho porque ele tá namorando a Melina agora, e você sabe como pode ser complicado...

— Mas por que ninguém me avisou?! — Ela bateu o pé, claramente irritada.

— Você disse que não queria saber de festas, lembra? — me defendi.

Bianca me olhou com aquele sorriso sarcástico que só ela conseguia fazer.

— Tá, eu disse. Mas eu vou nessa festa! — avisou, se sentando ao meu lado com uma expressão resoluta. — Sabe o que eu acho? — ela começou, e eu ergui as sobrancelhas.

— Hm?

— Que você devia parar de ir a essas festas e ficar com todas as garotas que encontra. Tá parecendo um personagem de filme adolescente que não supera o fim de um relacionamento e afoga as mágoas em festas — ela resmungou, me encarando.

— O que você tá querendo dizer, Bia?

— Ah, entenda como quiser — ela respondeu com aquele tom provocativo, tentando me irritar.

Revirei os olhos.

— Você disse que eu poderia entender como quisesse, então vou ignorar.

— Me responde uma coisa, Victor: se a Bárbara voltasse pra Tacoma agora e aparecesse na sua frente, pedindo pra vocês voltarem a ficar juntos... você ia dizer não?

Não. Eu ia dizer sim.

— Quem falou na Bárbara? — tentei despistar, mas ela me empurrou levemente pelo ombro.

— Você! Você pensa nela o tempo todo, e nem adianta negar.

— Não é verdade — protestei, ainda que soubesse o quanto estava mentindo pra mim mesmo. Eu odiava o fato de não conseguir esquecer a Bárbara. — Quando foi que essa conversa virou sobre mim e a Babi?

— Então me diz, o que vai fazer quando ela voltar? — Thaiga perguntou, ignorando completamente a minha pergunta.

Suspirei.

— Nada. Ela não é problema meu. A gente nem é amigo, nem nada do tipo. — Dizer isso em voz alta foi muito mais difícil do que eu imaginei.

— Tá falando que ela não vale a pena? — Bianca franziu o cenho, desafiadora.

— Ela vale, claro que vale. — E eu sabia que estava sendo honesto. — Mas não pra mim. A gente não ia dar certo.

— Nem pensaria na fortuna que poderia ter se ficasse com ela? — brincou, com um sorriso travesso.

Acabei rindo. É, todo mundo agora sabia que a Bárbara Sevilla foi quase uma, Bárbara Di Laurentis. Parecia até uma novela, pra ser honesto. A Carol tinha soltado a bomba durante uma reunião, e agora era assunto entre todos.

Antes que eu pudesse responder, Thaiga fez o que fazia de melhor: tirou meu gorro, rindo ao ver meu cabelo despenteado.

— Nossa, seu cabelo tá horrível — zombou, me fazendo resmungar.

— Por que todo mundo implica com o meu cabelo? — resmunguei, recolocando o gorro. — Nem lembro a última vez que elogiaram.

Na verdade, eu lembro. Foi a Babi. Num bar, num daqueles dias caóticos. Ela elogiou meu cabelo só pra me provocar, minutos antes de brigarmos feio.

Bianca tinha razão. As festas eram minha distração. E, por agora, eu precisava delas.

case thirty nine:season twoOnde histórias criam vida. Descubra agora