Capítulo duzentos e sessenta e um.

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Second season:two hundred and sixty-one
Como se você tivesse privacidade ★
{Washington D.C}
<Tainá Costa narrando>

Ajeitei meu vestido branco em frente ao espelho, observando-me de lado para analisar o ângulo. Voltei a me colocar de frente e passei a mão no meu cabelo longo e preto, puxando-o por cima do ombro. A sensação de estar bem preparada para a festa era momentaneamente interrompida quando Maeve entrou no quarto sem sequer bater.

— Você não conhece a palavra privacidade?! — bufando, virei a cabeça para olhar para ela.

Maeve, com seu estilo irreverente e típico sarcasmo, não se deu ao trabalho de responder.

— Como se você tivesse privacidade. — Ela rebateu com um sorriso malicioso, ignorando a situação.

Fiz uma análise rápida do seu look. Maeve estava com um vestido lilás, com um decote elegante, mas não exagerado. Salto preto, maquiagem de sempre, e seu cabelo estava preso, mas com duas mechas soltas na frente, dando um toque descontraído. Nada mal.

— Acho que podia melhorar o vestido, não é ruim, mas... — comentei casualmente enquanto retocava meu batom nude.

— Oh, minha nossa, estou ferindo a lei Maria da moda? — Kimberly ironizou, fingindo exagero.

Revirei os olhos e dei de ombros.

— Eu só tô dizendo. — Dei um sorriso leve e puxei ela para uma selfie. — Vem, foto pro Instagram.

Tiramos três fotos seguidas, analisando qual delas ficaria melhor para postar. Maeve se acomodou na cadeira em frente à penteadeira e começou a mexer no celular, sem pressa de sair. O som das conversas e da música do salão de festas começava a se tornar mais alto. Eu sentia que algo estava prestes a acontecer, e então meu celular vibrou, revelando uma chamada de Lara.

Fui até a varanda para atender em paz. A noite estava iluminada, as ruas de Olympia pareciam tranquilas, mas algo dentro de mim dizia que a calmaria não duraria.

— Oi, ruivinha. — Apoiei meu corpo na sacada, olhando para as ruas movimentadas enquanto sentia a brisa suave.

— Oi, Tai. Preciso de um favor. — A voz de Lara era direta, como sempre.

— E só isso? Nem um “Oi, amiga, como você tá?” — falei, fazendo drama.

— Oi amiga, como você tá? — Lara ironizou, me arrancando um sorrisinho presunçoso.

— Tirando a festa de hoje e meu ex estar por aqui, tá tudo bem. — Falei, sem esconder o desdém.

— O seu ex? — Lara perguntou, evidentemente surpresa.

— É, ele vem. Meu irmão chamou ele. — Fiz uma careta. Detestava a ideia. Eles sempre foram amigos, e essa aproximação me irritava.

— Que babaca. — Lara resmungou.

— Eles são amigos. — murmurei, sentindo a limusine preta dobrar a esquina e parar na rua.

A tensão se instalou. Gu estava lá. Meu irmão, o “favorito”. Aquela visão era suficiente para me lembrar do quanto meu lugar sempre pareceu à sombra dele. Meus pais pareciam nunca notar. Eu, a mais velha, sempre deixada de lado.

— Qual o favor que você precisa? — perguntei, tentando afastar a sensação de frustração que me consumia.

— Preciso das gravações da sua casa. — Lara pediu de maneira rápida e quase apressada.

Fiquei sem palavras por um momento, minha surpresa transparecendo no tom da voz.

— O quê? Por quê? — Não pude evitar a pergunta, meu tom mais grave, mas cheio de preocupação.

— Você não vai entender...

— Lara, eu não sou criança. E eu tô cansada de ser tratada como se fosse. — Falei com frieza, tentando não demonstrar o quanto aquilo me incomodava.

No fundo, uma sensação de incomodidade crescia. O que ela não podia me contar?

— Tainá, não é isso. Eu só não posso te contar. — Lara tentou acalmar os ânimos, mas não conseguiu esconder a pressão em sua voz.

Por que? A pergunta martelava em minha mente, mas eu sabia que ela não responderia. Isso tem a ver com o chefe da máfia?

— Tem algo a ver com o chefe da máfia? — soltei, sem paciência, sentindo a raiva crescer.

Lara ficou em silêncio por alguns segundos, antes de responder com um tom mais baixo e cauteloso.

— Tainá, já é muito arriscado você saber que eu tô envolvida com a máfia. Se você souber mais, podem acontecer coisas... — Ela parecia hesitar.

Coisas ruins... Eu sabia o que ela queria dizer, mas não estava disposta a aceitar o silêncio como resposta.

— Tá bom, Lara. Eu já entendi. — falei, tentando disfarçar a sensação de impotência. Então, ao ver a limusine parar na frente da casa, forcei um sorriso e acenei para eles.

— Princesa. — Minha mãe sorriu com um sorriso gentil, como se tudo estivesse normal.

Meu pai, mais distante, acenou com a cabeça, mantendo-se reservado, como sempre. Eles estavam sempre tão ocupados, sempre tão envolvidos com Gu, o “favorito”. O filho que parecia ter tudo, que nunca precisou lutar por atenção.

— Maria Tainá. — meu pai disse, como se fosse apenas um cumprimento.

— Pai, mãe... — respondi com um toque irônico, mas sem esconder o cansaço que vinha carregando.

O som do celular de Lara voltou a surgir, interrompendo o silêncio tenso da noite.

— Tainá, vai conseguir as gravações? — Lara perguntou de novo, parecendo mais ansiosa.

Bufei, meu estômago girando com o que estava por vir.

— Eu vou ver o que eu faço. — respondi, sentindo a pressão aumentar. Meu irmão ia me matar por essa história. Mas... que se foda.

Eu estava farta de ser a filha esquecida. Farta de ser tratada como uma criança. Se eu tivesse que agir, faria.

case thirty nine:season twoOnde histórias criam vida. Descubra agora