Capítulo duzentos e oitenta e dois.

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Second season:two hundred and eighty-two
Babi... gosta dele? ★
{Tacoma, Washington}
<Bárbara Sevilla Narrando>

Eu bebia calmamente meu suco enquanto refletia sobre o interrogatório que tínhamos feito no dia anterior. As imagens ainda passavam pela minha mente, mas não consegui me concentrar. A verdade é que meus pensamentos vagavam por outra direção, e o peso no meu peito não me deixava em paz. Foi então que Carolina entrou na minha casa sem bater, e parecia devastada. Me assustei e quase engasguei com o suco.

— Eu me declarei pro Gabriel! — Ela praticamente gritou.

— Agora explica pros vizinhos quem é Gabriel, se gritou pro bairro todo ouvir mesmo. Agora eles estão curiosos. — Ironizei, mas uma pontada de ansiedade me atravessou. E se eu também tivesse que me declarar? O pensamento me deixou inquieta.

— Para de debochar de mim, Babi! É sério!

— Você supera. Ele esquece. — Dei de ombros, tentando esconder como a ideia de "superar" poderia ser um desafio. — Isso só se você quiser esquecer, né?

— E como você tem tanta certeza?

— Eu falei demais quando tava bêbada, pro Victor.

— Como assim? Quando? — Ela agarrou a almofada, se empolgando.

— Foi em Seattle. — Dei de ombros, mas a lembrança daquela noite estava fresca na minha mente. — Da primeira vez... — Ela me interrompeu em choque.

— Foi mais de uma?!

— Umas duas. — Dei pouca importância, mas meu coração acelerou. A verdade é que eu não conseguia esquecer.

— E o que você disse?

— Não lembro muita coisa, mas foi algo do sonho erótico que eu tive e querer transar com ele. — Falei, e um rubor me subiu às bochechas. Era constrangedor, mas, ao mesmo tempo, era a única coisa que fazia sentido em meio ao caos dos meus sentimentos. — E da segunda vez, eu puxei ele pra pista de dança e fiz ele me encoxar e chamei ele de vida.

— Meu Deus... e ele esqueceu?

— Não sei, pergunta pra ele. — Falei, mas as memórias daquelas palavras flutuavam na minha mente como um eco insistente. Era uma confissão que eu não conseguia deixar pra trás. Mesmo bêbada, eram minhas palavras. O álcool só deu um empurrãozinho. E a dúvida sobre o que Victor pensava me atormentava.

— Você devia me contar a história toda de vocês. — Carolina insistiu, e eu revirei os olhos, me jogando no sofá. Não estava pronta pra isso, mas também não queria esconder o que estava acontecendo.

— O que você quer saber?

— Por que vocês ficaram?

— A gente tava jogando uma partida de NBA lives, e apostamos. Se eu perdesse, ele ia me beijar. E ele fez questão de ganhar a aposta, quando trapaceou. Mas, é claro, era só uma aposta; eu não precisava fazer nada. A questão é que eu quis. Eu tive vontade de beijar ele. — O admitir isso me fez sentir um misto de liberdade e medo. Como eu pude querer alguém que me fazia sentir tão vulnerável?

— É tão estranho ver você admitindo isso do Jones. Nem parece que faltava vocês se matarem antes. — Carolina disse, parecendo orgulhosa de mim. Eu olhei para minhas mãos, lutando contra a verdade que estava ali, pulsante. — E aí?

— Depois a gente se beijou de novo, durante uma briga. E depois a gente discutiu de novo, e ele disse que eu não sabia mentir sobre desejar ele. Foi aí que a gente ficou, ficou...

— Então ele tava certo no final das contas. — Decker disse, rindo. Eu mordi os lábios, pensativa, assombrada pela intensidade de tudo isso. Ele estava certo. E isso me aterrorizava. — E resolveram ter amizade colorida?

— Da primeira vez não, eu disse pra ele esquecer. Mas quem não conseguia esquecer era eu. O clima ficou tenso entre a gente. Aí a gente ficou de novo e resolveu começar a ficar só até o caso acabar. Mas não parecia só ficadas; a gente começou a se tratar diferente. — Meu coração batia forte enquanto lembrava de cada momento que passei com ele. Era difícil não sentir algo a mais.

— Esse papo de sexo casual nunca dá certo. Começaram a ter sentimentos? — Carolina falou, e eu abaixei a cabeça. O silêncio respondeu por mim. — Babi... gosta dele?

— Não. — A palavra saiu como um sussurro, mas não consegui acreditar naquilo. O que eu realmente sentia era tão complexo, tão confuso.

— Se você diz... — Carolina pareceu contrariada, mas pelo menos mudou o rumo do assunto. — Por que você me deixou beber? — Dramatizou a loira.

— Você estava precisando, loira enjoada. Mas e aí, o que você disse pro Bak?

— Eu não lembro de tudo, mas lembro do seu rosto quando eu disse "eu estou apaixonada por você". Algo me diz que agora ele me acha maluca.

— Veja pelo lado bom, agora ele sabe.

— Estar apaixonada é horrível. Mas você não entende minha dor, nunca aconteceu com você.

— E quem disse pra você que eu nunca me apaixonei? — Revirei os olhos, mas um nó se formou na minha garganta.

— A Thaiga perguntou se você nunca se apaixonou e...

— Eu não respondi. — Falei como se fosse óbvio, e ela abriu a boca sem acreditar.

— Quando eu disse que todo mundo já se apaixonou, você disse "eu não sou todo mundo".

— Eu disse que não sou todo mundo, não disse que nunca me apaixonei.

— E como você não me contou? — Ela se indignou.

— Achei irrelevante.

— Então você se apaixonou? E como foi?

— Ah, foi ótimo. Antes, eu achava que era insuficiente pra qualquer relacionamento e que nunca ia dar certo. Depois de me apaixonar, eu tive absoluta certeza, e meu ódio por pessoas só aumentou. Foi horrível, não queira saber detalhes.

Lembrar da única vez que me apaixonei me fez lembrar o porquê eu devia evitar ter sentimentos pelo Jones. Ele era especial, e eu era quebrada. Ele não merecia alguém como eu. E a ideia de abrir meu coração para ele era aterrorizante. Eu estava presa em um ciclo de dúvidas e anseios, e a última coisa que queria era magoar alguém que se importava comigo.

case thirty nine:season twoOnde histórias criam vida. Descubra agora