Capítulo trezentos e oitenta e seis.

460 37 18
                                    

Second season:three hundred and eighty-seis
Não fugi ★
{Tacoma, Washington}
<Lara Cooper narrando>

Quando me jogaram no galpão, algemada como se eu fosse um pacote descartável, me senti como Aelin de Trono de Vidro nos tempos de Celaena. A diferença é que, ao invés de adagas e um plano brilhante, tudo o que eu tinha eram meus pulsos dormentes e algemas apertadas que pareciam querer cortar minha circulação. Encostei a cabeça na parede fria e desbotada, observando os capangas entrando e saindo, enquanto minha mente tentava se manter ocupada para evitar que o pânico tomasse conta.

A fome começava a dar sinais. Meu estômago roncava, mas preferi ignorar. Quando tudo parece desmoronar, sempre restava uma coisa em que eu podia confiar: meu sarcasmo.

— Tá olhando o quê? Eu tô comendo doce, por acaso? — disparei para um dos brutamontes que mantinha os olhos fixos em mim.

Ele estreitou o olhar, mas não respondeu. Típico. Fiz uma careta para provocá-lo.

— Sério mesmo, não tem nada pra fazer aqui? Da última vez que me sequestraram, pelo menos me deixaram assistir Breaking Bad e pedir pizza. Que downgrade.

O homem cruzou os braços, mantendo sua pose intimidadora, mas percebi uma leve hesitação. Era como se ele tentasse decidir se deveria rir ou me dar um tapa.

— Como você fugiu do seu último sequestro? — perguntou ele, finalmente, a voz carregada de desconfiança.

— Não fugi. Eles me soltaram porque não aguentavam mais ouvir minha voz. — Dei de ombros, fingindo indiferença.

Ele arqueou as sobrancelhas, e eu completei, deixando escapar um sorrisinho.

— Tá, brincadeira. Mas e você? Como alguém vira vigia de sequestrados? Vocação ou desvio de carreira?

— Minha família me vendeu pra um mafioso. — Ele soltou, mas havia algo de irônico em seu tom.

Não pude evitar, soltei uma risada genuína.

— Boa, vendido. Não, espera. Qual é seu nome de verdade?

— Benjamin. — Ele respondeu, seco.

— Então, Benjamin, eu sou a Cooper. Pode me chamar de agente corrupta do FBI. — Fiz uma reverência exagerada, apesar das algemas, e revirei os olhos ao sentir o metal apertar meus pulsos ainda mais. — Escuta, dá pra aliviar isso aqui? Tá cortando a circulação. Porra.

Ele hesitou, me analisando, mas optou por ignorar meu pedido.

— Você é bem boca suja, hein?

— Oh, desculpe, senhor puritano. Vai querer confessar meus pecados também? — retruquei, rindo de forma cínica.

Ele revirou os olhos, como se estivesse lidando com uma criança birrenta.

— Você tem família? Tipo, alguém que vá sentir sua falta?

— Vai preencher meu cadastro? Quer meu CPF também? — retruquei, arqueando uma sobrancelha.

Ele gesticulou, como se desistisse da conversa, e começou a se afastar.

— Brincadeira, tá? — insisti, batendo o pé para chamar sua atenção. — Olha, eu tenho família, sim. Minha mãe é um anjo, e meu irmão mais velho é protetor demais as vezes.

— E seu pai? — perguntou ele, direto.

A pergunta me atingiu como um soco no estômago. Meu sorriso irônico desapareceu, e desviei o olhar para o chão.

— Ele... não tá mais por aqui. — murmurei, sem dar mais detalhes.

case thirty nine:season twoOnde histórias criam vida. Descubra agora