Capítulo duzentos e sete.

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Second season:two hundred and seven
Então você é a chefe da máfia? ★
{Seattle, Washington}
<Lara Cooper narrando>

O resto do dia passou em um borrão confuso. Entre preparar a mala, conseguir um voo de última hora, e uma viagem de cinco horas exaustivas, eu mal tive tempo de processar os acontecimentos. O avião parecia lento, mas minha mente, ao contrário, estava acelerada, cheia de pensamentos sobre a investigação. A verdade era incômoda: eles estavam investigando a mim. E a cada segundo que passava, eu sabia que ficaria mais difícil esconder o que estava por vir.

Cheguei antes de Victor e Bárbara, o que foi uma surpresa. O antigo apartamento, onde eu havia investigado meu último caso como agente do FBI, parecia intocado. Me aproximei da janela, observando a cidade ainda adormecida enquanto o dia clareava. Não demorou muito para eles chegarem, visivelmente cansados. Acenei para eles, mas Babi apenas resmungou e foi direto para a cozinha.

- Ela não é uma graça? - brinquei, tentando aliviar o clima pesado.

- Você não faz ideia, - Victor respondeu, a ironia carregada em sua voz.

- Como foi a viagem? - perguntei, tentando parecer desinteressada enquanto ajustava meus cabelos.

- Um porre. Bárbara reclama mais que você. E você, chegou faz tempo?

- Não muito. - Respondi casualmente, sentindo o peso da exaustão também.

- Esse lugar não mudou nada, - comentei, sentando no sofá e observando os móveis cobertos de poeira. A nostalgia era sufocante.

Babi saiu da cozinha e, com um olhar afiado, perguntou:

- Por que você escolheu o codinome Ariel?

- Porque meu cabelo era longo e vermelho fogo, - expliquei, gesticulando vagamente para os fios agora laranjas e curtos. - As pessoas começaram a me chamar assim, e eu apenas segui a maré.

- Aposto que a máfia acha isso muito profissional, - Victor murmurou com sarcasmo, e eu não pude evitar um leve sorriso ao dar um gole no meu suco.

- Melhor que Jacob King, - provoquei, me referindo ao codinome que ele usou anos atrás. Babi riu levemente, mas Victor apenas revirou os olhos, impaciente.

- Então você é a chefe da máfia? - Babi perguntou, com mais seriedade dessa vez.

- Não exatamente. Ninguém sabe quem é o verdadeiro chefe. Eu estou logo abaixo do segundo em comando, mais ou menos como uma vice-líder. - Pausa dramática, observei suas reações. - Para dois agentes do FBI, vocês parecem surpreendentemente calmos falando com alguém da máfia.

Eles deram de ombros, quase desdenhando. Aquilo me incomodou um pouco.

- Ok, agora me senti totalmente desvalorizada, - brinquei, tentando amenizar a tensão crescente.

- Isso... a gente resolve depois, - Victor murmurou, claramente exausto. Cruzei os braços, observando-o com curiosidade.

- Como tem tanta certeza de que eu não vou simplesmente sumir?

- Porque você não vai, - ele respondeu, com firmeza, sem nem me olhar. Soltei um suspiro, frustrada, mas decidi não prolongar o assunto.

Desviei o olhar para o tornozelo da Babi. O inchaço era visível, e ela estava claramente desconfortável.

- E seu tornozelo, Babi?

- O tiro pegou de raspão, mas eu torci o tornozelo na queda. Agora estou de molho por um mês e meio. - Ela murmurou, claramente irritada com a situação.

- Um mês e meio? Não deveria estar enfaixada? - perguntei, erguendo uma sobrancelha. Victor revirou os olhos, como se já esperasse a pergunta.

- Ela disse que preferia andar mancando do que ficar imobilizada. - Victor respondeu com sarcasmo, mas eu conseguia perceber o tom de preocupação por trás de suas palavras.

- Ah, por isso o mau humor? - perguntei com um sorriso forçado.

- Não, ela é assim todo dia. Odeia a vida, - Victor deu de ombros, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. Babi o fuzilou com o olhar, mas permaneceu em silêncio.

- Ah. Entendo. - Comentei, tentando esconder a preocupação.

- Vou tomar banho, - Victor murmurou, visivelmente cansado, e deu as costas, caminhando em direção ao banheiro.

- Espero que se afogue lá, - Babi murmurou entre dentes, girando na cadeira e tentando disfarçar sua frustração. Soltei uma risada involuntária, percebendo que o dia seria longo.

Sentada ali, observando a interação deles, percebi o quanto todos estávamos à beira do esgotamento emocional. Cada um lidando com seus próprios demônios, seus próprios fardos. O que mais me preocupava, porém, era que estávamos entrando em território perigoso. E eu não sabia se estaríamos prontos para enfrentar o que estava por vir.

O silêncio no apartamento parecia pesado, quase sufocante. Senti o cansaço começar a pesar nos meus ombros, mas sabia que não haveria descanso para nós tão cedo.

case thirty nine:season twoOnde histórias criam vida. Descubra agora