Capítulo duzentos e quinze.

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Second season:two hundred and fifteen
Você é você, GS ★

Ao entrarmos no escritório, um silêncio pesado tomou conta do ambiente. Carolina estava à nossa frente, com uma expressão de impaciência.

— Até que enfim! — reclamou a loira, enquanto Thaiga revirava os olhos com desdém.

— A Denvers ainda não chegou, nem o Miller, o Di Laurentis ou o Diaz. Vamos esperar? — Thaiga sugeriu, impassível.

— Não, hoje é dia de interrogar o Adam. Carter, você assume. Estaremos lá para auxiliar. — Carol deu de ombros, ignorando a sugestão.

— "Auxiliar"? Eu sei fazer meu trabalho. — Cruzei os braços, mas as duas já estavam se dirigindo à sala de interrogatório.

— Você é você, GS. — Elas responderam juntas, sem dar espaço para discussão.

— O que quer dizer com isso? — questionei, sem entender, e Carolina baixou o olhar, um pouco mais séria.

— Sabemos que isso pode ser pessoal pra você. — Ela murmurou, seu tom mais gentil do que o habitual.

Suspirei, contrariado, mas assenti. Ela não estava errada, e eu não podia deixar meus sentimentos nublarem o julgamento. Entramos na sala de interrogatório. Adam Williams estava sentado, as mãos entrelaçadas e o rosto exibindo uma expressão de tédio. Ao lado dele, seu advogado, atento, e no canto, o escrivão. Thaiga e Carolina se posicionaram nos cantos da sala, os braços cruzados, prontas para assistir ao desenrolar da conversa.

— Adam Williams, 32 anos, dono da boate "Night Pulse". — Comecei, tentando estabelecer o tom sério. Ele me olhou com um sorriso sarcástico no rosto.

— Que honra ser lembrado. — Ele disse, com aquele ar desdenhoso.

— Sabe por que está aqui? — Perguntei, mantendo a calma.

— Não, na verdade, não faço ideia. — Ele cruzou os braços, fingindo indiferença.

Eu sabia que ele estava mentindo. Sabíamos muito mais sobre seus crimes, mas precisávamos jogar com cautela. Se ele percebesse que estávamos investigando o tráfico de humanos e órgãos, poderia alertar seus comparsas e estragar a operação.

— Estamos investigando o desaparecimento de Nancy.  — Mencionei o nome de uma das garotas desaparecidas, esperando uma reação.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Nancy? Não sei do que está falando.

Se eu não tivesse todas as provas, quase teria acreditado na atuação convincente dele. Ele parecia tão alheio, tão desinteressado.

— Não finja que não sabe. Ela foi vista pela última vez com você. — Minha voz ficou um pouco mais firme.

— Éramos... próximos, mas não tenho nada a ver com o sumiço dela. — Adam deu de ombros, mantendo o tom casual.

— Não foi só próximo. Temos registros de você batendo nela. — Carolina entrou na conversa, com um olhar sério.

Adam apertou o maxilar por um breve momento.

— Não há provas disso. — Ele rebateu, tentando manter o controle.

— Temos as gravações do motel onde vocês ficaram. A última mostra claramente você agredindo Nancy. Coincidentemente, a gravação do dia do desaparecimento dela... sumiu. — Deixei o sarcasmo pesar em minha voz.

Ele nos encarou, sem palavras por um segundo. Depois, olhou para seu advogado, que permaneceu em silêncio, mas atento a cada palavra dita.

— O que você realmente fazia naquela boate? — Pressionei, mudando de foco.

— Não precisa responder isso. — Seu advogado finalmente interviu, cortando a linha de questionamento.

— Claro, ele não precisa responder, mas nós sabemos o que acontece lá. Garotas desaparecem. Elas são traficadas. As que não são vendidas, acabam mortas e têm seus órgãos leiloados. — Minha voz subiu, e vi Adam desviar o olhar, claramente desconfortável.

— Isso é ridículo! — Ele rebateu, mas sua postura havia mudado. Estava na defensiva agora.

— Nancy estava prestes a ser uma delas, não estava? — Continuei, sentindo a pressão aumentar. — Ela percebeu o que você ia fazer, e você a fez sumir.

— Não precisa responder a isso. — O advogado de Adam interrompeu novamente, com mais firmeza.

Adam, no entanto, respirou fundo e, como se quisesse pôr fim àquilo, murmurou:

— Sim, eu bati nela.

O silêncio caiu sobre a sala, mas não era o que eu queria. Eu sabia que havia mais. Ele estava tentando nos distrair com essa meia confissão.

— E a boate? — Thaiga perguntou, mas o advogado cortou novamente.

— Meu cliente não irá responder a mais nada. — A autoridade em sua voz era inquestionável.

— Levem ele por agressão. — Disse, dando as costas, enquanto a equipe de segurança se aproximava para escoltá-lo.

Sabíamos que o trabalho estava longe de ser terminado, mas um passo à frente havia sido dado.

case thirty nine:season twoOnde histórias criam vida. Descubra agora