Capítulo trezentos e noventa e três.

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Second season:three hundred and ninety-three
Hoje eu mostro do que sou capaz
{Tacoma, Washington}
<Narrador On> 

O homem, sempre envolto em mistério, estava meticuloso em sua preparação. Sua figura impecável refletia no espelho, enquanto ajustava o nó de sua gravata preta com detalhes azulados. Ele era a personificação da calma, mas o brilho em seus olhos denunciava sua ansiedade. O evento daquela noite não era apenas uma festa; era a chance de reafirmar sua posição e provar que ele era indispensável ao clube.

Assobiando uma melodia clássica, ele parecia quase deslocado do caos que sabia estar prestes a se desenrolar. Tudo estava planejado, ou assim ele acreditava, até que o celular vibrou na mesa ao lado. Sem hesitar, ele atendeu com um tom de classe ensaiada, a voz controlada, como se estivesse em uma negociação milionária.

— Sim?

— A garota sumiu. Ela simplesmente sumiu! — A voz do outro lado da linha estava tomada pelo pânico, interrompendo qualquer traço de tranquilidade.

O sorriso do misterioso desapareceu instantaneamente, seus olhos se estreitaram enquanto uma onda de fúria o atravessava.

— Como assim, sumiu? Quem estava com ela? Eu só pedi UMA coisa para vocês! — A explosão de raiva fez sua voz ecoar no quarto.

— Ela... Ela aspirou cocaína porque seu irmão insistiu. Isso a deixou mais forte, sei lá! Ela socou um dos nossos homens, pegou a chave, roubou o carro e fugiu. Não temos ideia de onde ela está agora.

O homem pressionou os lábios, tentando controlar a crescente tempestade em seu interior. Respirou fundo, mas o controle lhe escapava a cada palavra que ouvia.

— Vocês são um bando de incompetentes! Como deixaram isso acontecer? Era óbvio que ela faria algo! Escutem bem: quero que eliminem quem estava responsável por ela. Eles não merecem respirar. E mais: quero olhos em cada canto daquela festa hoje. Todas as pessoas, ouviram bem? TODAS. Eu quero essa garota antes que o dia termine. Se não conseguirem, eu mesmo farei.

Sem esperar resposta, ele desligou o telefone, jogando-o com força contra a parede. Sua respiração estava pesada, a raiva corroía seu semblante normalmente impassível. Ele olhou para o espelho à sua frente e, com um grunhido de ódio, golpeou o vidro, estilhaçando-o em pedaços.

Os cacos refletiam sua frustração, mas também algo mais profundo: a oportunidade perfeita. A fuga de Lara Cooper poderia ser o pretexto que ele precisava para pôr seu plano em ação. O chefe do clube precisava de resultados, e agora ele tinha a chance de se provar digno de sua confiança.

Ainda encarando os fragmentos do espelho, ele murmurou para si mesmo, o tom decidido e frio:

— Ela não vai estragar isso. Hoje, eu mostro do que sou capaz.

Enquanto isso...

{Em algum lugar da estrada, nos arredores de Tacoma}

Lara respirava fundo, tentando manter o controle do volante. As mãos trêmulas apertavam o couro desgastado do carro enquanto seu coração disparava no peito. A euforia da cocaína ainda percorria suas veias, misturando-se ao pavor e à adrenalina de sua fuga desesperada.

O mundo parecia mais rápido, mais intenso. Cada curva da estrada fazia sua visão oscilar entre o claro e o borrado, mas ela não pararia. Não podia.

— Concentre-se, Lara. Não é o momento de desabar. — ela sussurrou para si mesma, limpando rapidamente o sangue que escorria do nariz com as costas da mão.

A festa. Ela precisava chegar àquela maldita festa. Não sabia se encontraria ajuda ou perigo, mas era a única pista que tinha.

O rádio chiava uma música qualquer, um som que se misturava ao zumbido em seus ouvidos. Lara sentiu um aperto no peito ao olhar para o retrovisor, temendo que os homens do clube pudessem estar em seu encalço.

— Vamos, Cooper. Você já passou por coisas piores... — murmurou, tentando se convencer.

Mas, no fundo, sabia que nada se comparava ao que enfrentava agora. Ela não era apenas uma agente em fuga; era uma mulher exausta, ferida e à beira de perder tudo.

O horizonte de Tacoma começava a surgir ao longe, o tempo correndo contra ela. O inverno deixava o céu carregado, mas o sol ainda brilhava forte o suficiente para indicar que o meio-dia havia passado. Lara apertou o volante, repetindo para si mesma como um mantra:

— Meia hora. Só meia hora. Dá tempo.

Lara sabia que sua sobrevivência dependia não apenas de seu corpo cansado, mas de sua mente ainda mais combalida. E, mesmo que fosse um erro, ela seguiria em frente, porque parar nunca foi uma opção.

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De volta ao evento...

O misterioso saiu de sua sala com uma nova energia. O terno impecável escondia a ferocidade que emanava de sua presença. Caminhando pelos corredores de mármore do clube, ele cumprimentava outros membros com acenos discretos, mas sua mente estava a mil.

Os preparativos estavam em pleno andamento. A música já soava pelos salões decorados com luxo quase exagerado, e convidados começavam a chegar. Cada rosto que ele via era uma peça no quebra-cabeça que planejava montar naquela noite.

Ele se aproximou de um grupo de seguranças e ordenou com firmeza:

— Quero cobertura total. Ninguém entra ou sai sem que eu seja informado. Se virem algo suspeito, me chamem imediatamente. Entenderam?

— Sim, senhor. — os homens responderam em uníssono.

O misterioso caminhou até o bar, pegou um copo de uísque e olhou para o salão principal. A grandiosidade da festa contrastava com a escuridão de seus pensamentos.

— Essa noite será memorável. — ele murmurou, sorrindo para si mesmo enquanto sua mente trabalhava incessantemente nos próximos passos.

E, enquanto o salão enchia de convidados despreocupados, ele sabia que o verdadeiro espetáculo ainda estava por começar.

case thirty nine:season twoOnde histórias criam vida. Descubra agora