Capítulo trezentos e setenta e cinco.

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Second season:three hundred and seventy-five
Isso foi brilhante e distópico ao mesmo tempo ★
{Washington D.C.}
<Bianca Santiago narrando>

O silêncio no cômodo era interrompido apenas pelo som dos meus passos apressados. Eu andava de um lado para o outro, incapaz de ficar parada. Meus amigos me observavam com expressões mistas — alguns incrédulos, outros claramente entediados. Mesmo assim, minha mente não parava.

De repente, como se uma lâmpada tivesse acendido, uma ideia brilhou. Era arriscado, mas desde quando eu tinha medo de riscos? Sempre digo ao grupo: "Não importa se há 99% de chance de dar errado. Nosso foco sempre será o 1% de chance de dar certo."

— Escutem a minha ideia. — Parei de andar e olhei para todos, exigindo atenção. Aos poucos, eles ficaram em silêncio, aguardando.

Miih e Mob trocaram olhares, provavelmente já antecipando alguma loucura. Carolina e GS estavam sentados, olhando para mim com expressões de puro desdém.

— Como vocês sabem, em 2012, a Blume, em parceria com o governo, criou o CTOS, o sistema operacional que controlava toda a rede de informações de uma cidade. — Comecei, fazendo gestos com as mãos para ilustrar. — Esse software monitorava tudo, desde câmeras de segurança nas ruas até informações pessoais das pessoas. Ele registrava literalmente cada momento da vida de alguém.

— Isso foi brilhante e distópico ao mesmo tempo. — GS comentou, mas ficou atento.

— Exato! As informações obtidas pelo CTOS eram manipuladas por empresas privadas para seus próprios interesses. Usavam isso para vender produtos, influenciar visões de mundo e até manipular pessoas.

— Sabe bastante sobre isso. — Miih,  elogiou com um sorriso.

— Passei horas pesquisando. — Sorri de volta, mas mantive o foco. — Como vocês também sabem, o sistema foi desativado em 2014 por ser considerado uma violação gravíssima de privacidade, o que é crime de acordo com as leis dos EUA.

Fiz uma pausa para olhar nos olhos de cada um antes de soltar a bomba:

— Mas o governo nunca deletou o CTOS completamente. Ele está desativado, não deletado.

— E daí? — Mob gesticulou com as mãos, provocando um revirar de olhos meu.

— Onde eu quero chegar é o seguinte: se conseguirmos reativar o CTOS da cidade de Washington D.C., mesmo que por pouco tempo, podemos acessar informações valiosíssimas. Isso inclui detalhes sobre o Club, sobre o que realmente aconteceu na Casa Branca e outros dados que podem mudar tudo.

GS balançou a cabeça, pensativo.

— Parece arriscado, mas pode funcionar. — Ele finalmente falou, me encorajando.

— Mal posso acreditar. — Mob riu, erguendo as mãos. — Até ontem ele estava reclamando de mexer com assuntos da Casa Branca, mas tudo bem. Também estou dentro.

Meu sorriso foi vitorioso, mas, antes que pudesse comemorar, Carolina cruzou os braços e franziu o cenho.

— Vocês ficaram loucos? Invadir o sistema operacional do governo dos Estados Unidos? Além disso, o CTOS deve estar extremamente protegido, talvez até mais do que antes.

— Se um grupo como o Anonymous conseguiu invadir sistemas governamentais, por que o FBI não conseguiria? — Rebati sem hesitar, cruzando os braços também. — E, além disso, temos Victor Jones, o melhor hacker do FBI. Ele pode fazer isso.

Carolina me lançou um olhar desconfiado, mas antes que pudesse rebater, Miih interveio:

— Eu concordo com a Thaiga. Pode ser nossa única chance de conseguir algo sólido. Precisamos arriscar.

Carolina suspirou profundamente, como se quisesse gritar com o universo.

— Eu devia ter investido em direito. Seria uma ótima advogada em Los Angeles, vivendo minha vida tranquilamente. Não sei por que diabos decidi ir para Tacoma estudar justiça criminal. — Resmungou para si mesma e continuou murmurando enquanto cruzava os braços.

Depois de um longo silêncio, ela levantou os olhos e cedeu:

— Tudo bem. Não temos muitas opções mesmo.

Um coro de sorrisos surgiu no grupo, e minha empolgação aumentou. O plano era arriscado, perigoso, e poderia dar muito errado. Mas a verdade é que, naquela sala, ninguém se importava com as probabilidades.

Nós tínhamos a motivação que nos unia, e o 1% de chance de sucesso já era suficiente para nos fazer avançar.

case thirty nine:season twoOnde histórias criam vida. Descubra agora