Capítulo trezentos e oitenta e oito.

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Second season:three hundred and eighty-eigth
Eu não falei nada disso ★
{Seattle, Washington}
<Bárbara Sevilla narrando>

Acordei sozinha na cama. O frio da noite de Seattle já começava a invadir o quarto, e me enrolei melhor nas cobertas enquanto procurava meu celular. O grupo do esquadrão estava, como sempre, movimentado. As últimas mensagens eram basicamente o Mob se gabando por ter conseguido hackear alguma coisa sozinho e o Victor dizendo que isso só provava que ele tinha ensinado bem. Bianca, por sua vez, estava celebrando as novas informações que encontraram no CTOS.

Dei uma risada baixa ao ler aquilo. Era sempre assim — caos organizado, mas que, de algum jeito, funcionava. Levantei o olhar e vi Victor sentado a alguns metros de distância, debruçado sobre o notebook. Ele provavelmente estava mergulhado no trabalho, com o semblante concentrado que ele sempre assumia nesses momentos.

— Viu as mensagens no grupo? — ele perguntou sem desviar os olhos da tela.

— Do Mob se achando por ser hacker? Tem como não ver? Meu celular não parava de vibrar. — Cruzei os braços, divertida.

— Eu ensinei direitinho. — Ele comentou com um tom convencido que me fez revirar os olhos.

— Pelo menos avançamos mais no caso. — Ignorei a provocação e me levantei, me aproximando dele.

— Pois é... — Victor suspirou, recostando-se na cadeira. — A gente já estaria bem mais longe se a Lara não sumisse do nada.

— Sua irmã sumiu de novo? — franzi a testa.

— É... ela tá sem responder mensagem há uns dias. — Ele fechou o notebook, e suspirou.  — Mas sei lá, ela parecia tranquila. Não tem motivo pra isso agora.

— Tá preocupado? — perguntei, observando-o de perto e ele se levantou também.

— Não sei... talvez. — Ele hesitou antes de continuar. — O dia que ela estava compartilhando umas ideias dela comigo e com a Madelaine...

Parei de ouvir quando ele mencionou o nome de Mads. Meu peito se apertou, e uma onda de irritação surgiu sem aviso.

— Vocês têm planos com a Mads? — perguntei, tentando soar desinteressada, mas o tom saiu mais duro do que eu pretendia.

— Não exatamente. Isso foi há meses, e nem era plano de verdade. — Ele respondeu sem muita emoção, mas eu não consegui relaxar. Minhas mãos tocaram o pingente no meu pescoço, um gesto automático que sempre me ajudava a pensar.

— Você devia ter contado. Isso pode ser importante pro caso, ainda mais se envolve a Mads.

— Bárbara, isso foi antes... E a gente mal tava ss falando naquela época. Relaxa, eu não estava flertando com a Mads. — Ele arqueou uma sobrancelha, irônico, mas eu apenas revirei os olhos. Ele acompanhou meu gesto de apertar o pingente de glock com os olhos.

— Eu não tô falando das suas historinhas com ruivas, Victor. Estou falando do caso. — Enfatizei "do caso", deixando claro que eu estava começando a perder a paciência. — Problema seu o que você fazia antes.

— E eu não falei nada disso. — Ele rebateu, cruzando os braços. — Tá estressadinha por quê? Vai dizer que é por causa do caso, como sempre, pra negar que tá com ciúmes?

O deboche no tom dele me irritou ainda mais. Lancei um olhar aborrecido e dei um passo para trás.

— Esquece isso. — Ele suspirou. — Você sabe que eu sou apaixonado por você.

Eu congelei. Mesmo depois de tudo, ouvir aquilo ainda me desarmava. Mas a tensão não desapareceu.

— Você sempre faz questão de reforçar que a gente não tem nada sério desde que voltamos pra Seattle. Não vem com essa agora. — Murmurei, desviando o olhar enquanto cruzava os braços, tentando me proteger da vulnerabilidade que sentia.

Victor bufou alto. Mas não com raiva. De frustração.

— Eu disse isso porque, na última vez que eu falei que era apaixonado por você, você sumiu. Foi pra outro estado e sequer olhou pra trás. — Ele encarou meus olhos. — Me desculpa se eu estava tentando não te perder de novo.

E ali estava a verdade. Por mais que eu tentasse me esconder atrás de sarcasmo e teimosia, sabia que ele tinha razão. Eu era uma especialista em fugir, mas talvez fosse hora de finalmente enfrentar isso. O problema era que eu não sabia por onde começar. A discussão estava prestes a começar. E não era mais uma normal.

case thirty nine:season twoOnde histórias criam vida. Descubra agora