Second season:two hundred and eleven
★ Você quer a verdade? ★
{Tacoma, Washington}
<Gabriel Di Laurentis narrando>Cheguei em casa exausto, os músculos tensos e a mente ainda fervilhando com os acontecimentos do dia. Joguei as chaves do carro na mesa da entrada e bocejei, sentindo o peso do cansaço nos meus ombros. Tirei o casaco, pronto para subir as escadas e me trancar no meu quarto, mas fui interrompido antes mesmo de dar o primeiro passo.
— Boa noite. — A voz da minha mãe soou atrás de mim, suave, mas com uma pitada de tensão.
— Boa noite. — Respondi seco, tentando passar por ela, mas ela segurou meu braço.
— Onde você estava? — Havia uma preocupação genuína na voz dela, mas naquele momento, aquilo só me irritava mais.
— Eu não te devo satisfação. — Soltei curto, sem paciência para discussões.
— Eu só estava preocupada... — Ela começou, mas eu a interrompi com frieza.
— Problema seu. — Meu tom foi cortante, uma barreira invisível se erguendo entre nós. Eu sabia que estava sendo duro, mas não conseguia evitar. Não depois de tudo.
— Bak, não fala assim. — Sua voz tremia ligeiramente, mas eu não tinha mais tempo para aquela encenação.
— E o que você esperava? — Levantei a voz, incapaz de conter a raiva que fervia dentro de mim.
— Fala baixo. — Ela gesticulou, nervosa, e eu soltei um suspiro exagerado.
— O que você quer? — Perguntei, já impaciente.
— Você está sumido. Eu mal te vejo aqui em casa... Estava preocupada. — Repetiu, como se fosse uma justificativa, mas aquilo só fez minha irritação aumentar.
— Eu estou ótimo. Na verdade, estou melhor longe dessa casa. — As palavras saíram com uma amargura que eu não conseguia esconder. — Essa casa me suga. Ela me deixa estressado.
— Bak... — Ela começou, mas eu a cortei.
— Eu estava na casa do Mob. — Disse rapidamente, esperando que isso fosse suficiente para encerrar a conversa. Mas não foi.
— Ah, claro que tinha que ser. — Ela murmurou, com um tom de desdém que fez meu sangue ferver.
Franzi a testa, confuso e indignado.
— O que isso quer dizer? — Perguntei, com os punhos cerrados.
— Desde que você começou a andar com "esses seus amigos", você mudou. — A maneira como ela disse "esses seus amigos" foi quase como um veneno, insinuando algo que eu sabia que ela pensava, mas nunca havia dito abertamente.
— Eles não têm nada a ver com o meu comportamento! — Explodi, a raiva crescendo dentro de mim como uma chama incontrolável. — Diferente de você, eu não sou influenciado por outras pessoas. Eu sou quem eu sou.
Ela parecia surpresa com minha resposta, mas não recuou.
— O que quer dizer com isso?
— Ah, não vem bancar a boazinha agora. — Respondi com sarcasmo, sentindo a pressão do que estava entalado há tanto tempo finalmente escapando. — Você está vendo? Andar com "esse tipo de gente" não tem nada a ver com o meu comportamento. Pelo contrário, eles são melhores que você. Eles não me deixam magoado ou irritado. Eles não traem minha confiança. Eles não destroem famílias!
Ela me encarou, a expressão abalada.
— Eu... destruí a nossa família?
— Você quer a verdade? — Minha voz era amarga. — Sim. Você e o papai destruíram tudo. E agora quer me culpar pelos meus amigos? Eles não são riquinhos mimados que vivem diminuindo os outros por causa de dinheiro!
— Gabriel! — Ela gritou, a voz dela cortando o ar como uma lâmina. — Abaixe a voz e me respeite! Eu ainda sou sua mãe! E o que você sabe sobre a vida? Você fala como se fosse o único que sofre. Sempre teve tudo de mão beijada. Sempre foi o filho perfeito, nascido em berço de ouro! Não conhece a vida de verdade, então pare de bancar o sofredor!
Eu senti o sangue subir ao rosto, a raiva borbulhando em cada célula do meu corpo. No andar de cima, as luzes se acenderam, e eu ouvi passos. Meu pai e meu irmão apareceram no topo da escada, observando a cena com olhares preocupados.
— Quer um exemplo de como você está errado? — Minha mãe continuou, a voz dela mais alta do que o necessário. — Você está todo estressado por causa do meu divórcio com seu pai! Mas você já é um adulto, Gabriel. Pare de agir como uma criança birrenta. Você não tem nada a ver com o que aconteceu entre mim e Charles. Cresça e vá cuidar da sua própria vida!
Sem dizer mais nada, dei as costas e subi as escadas de uma vez, batendo o pé a cada degrau. Entrei no meu quarto e bati a porta com força, o impacto ecoando pela casa.
Dentro do quarto, eu respirei fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções que me consumia. O som abafado dos passos e vozes lá fora desaparecia enquanto eu encarava o teto, ainda ofegante de raiva. As palavras da minha mãe ecoavam na minha cabeça, me deixando confuso e mais irritado.
Ela tinha razão em uma coisa: eu tinha tudo o que precisava, sempre tive. Mas isso nunca foi o suficiente. O dinheiro, a estabilidade, a vida confortável... tudo parecia vazio. Nada preenche o buraco que a separação deles deixou, o vazio que surgiu quando eles decidiram que a família já não valia a pena lutar por. Eu tentei lidar com isso, tentei ser forte, mas cada dia naquela casa era como um lembrete cruel de tudo o que perdi.
Eu estava cansado. Cansado de fingir que estava tudo bem, de carregar o peso de uma vida que parecia desmoronar ao meu redor. E, ao mesmo tempo, eu sentia culpa por não ser grato por tudo o que tinha. Afinal, eu era o "filho de ouro", o garoto que nunca precisou se preocupar com nada.
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case thirty nine:season two
FanficApós um mês de intensa investigação, a verdade finalmente vem à tona: a misteriosa mafiosa conhecida pelo codinome Ariel é revelada. Mas essa descoberta é apenas o começo de um jogo ainda mais perigoso. Bárbara Sevilla e Victor Jones agora enfrentam...