case thirty nine:season two

Capítulo trezentos e noventa e cinco.

Second season:three hundred and ninety-five
★ Os dois lados da moeda ★
{Seattle, Washington}
<Narrador On> 

Isis Jully estava com a chapinha nas mãos, passando o aparelho pelo cabelo e fazendo expressões exageradas em frente ao espelho. Enquanto isso, Anne observava com um olhar entediado. O clima no apartamento estava tenso, como se todos soubessem que algo importante estava prestes a acontecer. Quando a porta se abriu e Ana Clara entrou, o ambiente ganhou uma nova carga de energia.

A postura de Ana estava diferente. Ela parecia preocupada, algo que ninguém esperava ver nela. As outras duas pararam suas atividades e imediatamente se voltaram para ela, a curiosidade estampada no rosto.

— Aconteceu alguma coisa? — Jully perguntou, sem rodeios, mas foi interrompida quando Anne deu um tapa de leve no ombro da amiga.

— Você quer que ela sofra em silêncio? — Anne resmungou, com um tom de reprovação.

Ana Clara revirou os olhos, tentando disfarçar a tensão em seu corpo.

— Eu não estou sofrendo. — Sua resposta foi seca, mas ninguém parecia acreditar.

Anne a analisou por um momento, os olhos estreitados, captando o mínimo movimento em sua expressão. Ela franziu as sobrancelhas, como se tentando entender o que estava acontecendo.

Isis, com seu jeito irreverente, colocou a mão na boca para esconder uma risada, mas a observação de Anne não passou despercebida.

— O que foi? Você está me olhando assim por quê? — Ana perguntou, incomodada.

— Eu não falei nada! Só achei que... — Anne hesitou, olhando Ana com mais atenção. — Eu só queria saber se você está estressada ou magoada. O jeito que seu lábio superior se repuxou quando falou... Você está mentindo. E, se você está mentindo, significa que não está bem.

Ana Clara fez uma careta, irritada com a análise da amiga.

— Está vendo, metaforando demais! — Isis disse com um sorriso provocador, e foi empurrada de volta por Mary Anne.

— O que é isso? Todo mundo está me odiando hoje? — Isis reclamou, sua paciência se esgotando.

— Eu estudei, Isis, pelo amor de Deus. Que faculdade você fez? — Mary Anne falou com uma irritação crescente, e Ana se surpreendeu com o tom agressivo de sua amiga.

Isis, fazendo uma careta de desgosto, cruzou os braços.

— Vocês sabem o que temos que fazer? — Ana Clara perguntou, cortando a tensão do momento e tentando trazer foco para a situação.

— Terapia?! — Mary Anne disse sarcasticamente, e Isis, sem perder o ritmo, respondeu na mesma entonação.

— Dinheiro?! — Isis completou, fazendo um tom de piada, mas a tensão no ar não estava se dissipando.

Ana Clara suspirou, finalmente recobrando a compostura.

— Investigação. Vocês lembram por que estamos aqui, não lembram? — Ela deu uma olhada significativa para as duas, como se quisesse garantir que todas estavam no mesmo nível de comprometimento. — Mas e se a gente mudar o plano?

Anne soltou uma risada baixa e irônica.

— Os dois lados da moeda, agente Butera. — Ela disse, quase desdenhando, e Isis riu baixinho.

Ana Clara a observou por um momento, sua expressão difícil de ler.

— Você sabe que a Mia vai nos matar se fizermos isso, não sabe? — Anne perguntou com uma certa preocupação, o que deixou Isis em silêncio, refletindo sobre o risco.

Isis, no entanto, estava decidida.

— Esqueceu que eu sou a favorita da chefe? — Ana Clara se gabou, jogando o cabelo para trás, com um sorriso confiante.

Isis se levantou, sentindo a adrenalina começando a tomar conta.

— Vamos, temos muito pela frente! E ainda temos que voltar para a França antes do ano novo. Vocês sabem quem somos, certo? A polícia internacional? Vamos! Levantem-se! — Isis disse com autoridade, mirando diretamente nas duas, que se entreolharam antes de dar de ombros em resposta.

O momento de tensão finalmente chegou ao seu ápice.

Agentes Butera, Chase, Lee. Interpol.

Mas o que as três não sabiam, o que nem elas imaginavam ainda, é que o que começaram a investigar seria muito mais do que simples investigações. Algo muito maior, algo mais perigoso e pessoal, estava prestes a ser revelado. Essa missão, que parecia ser apenas mais uma em suas carreiras, tinha camadas ocultas que se entrelaçavam diretamente com suas vidas de uma forma que elas jamais poderiam prever.