Capítulo duzentos e noventa e cinco.

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Second season:two hundred and ninety-five
A Babi não é minha namorada ★
{Tacoma, Washington}
<Gilson Carter narrando>

Nós três — eu, Victor e Mob — havíamos acabado de sair do escritório e estávamos andando pelas ruas pouco iluminadas de Tacoma. Era uma daquelas noites frescas, onde o silêncio não era desconfortável, mas Mob, sendo quem é, resolveu quebrá-lo.

— Pra onde estamos indo? — Ele perguntou.

— Pra casa. — Victor respondeu sem muito entusiasmo.

— E por que a gente tá indo a pé, se temos um carro? — Perguntei, achando que fazia uma pergunta lógica. Eles me olharam como se eu fosse o idiota do grupo.

— Para de depender de carro, Carter. — Mob riu.

— A gente só queria andar um pouco, relaxa aí, Carter. — Victor completou, sem muito interesse na conversa.

— Tá, e vamo pra casa de quem? — Mob insistiu, já começando a parecer impaciente.

— Pra sua. — Falei, olhando de relance para o Victor. — A do Victor tá inabitável.

— Como assim? — Mob franziu as sobrancelhas, curioso.

— Não sei, não perguntei. — Dei de ombros, tentando parecer indiferente, mas já sabia que Mob não ia largar o osso.

— Como assim não perguntou? Que tipo de fofoqueiro é você, Carter? — Mob empurrou meu ombro, rindo, enquanto Victor revirava os olhos, claramente irritado.

— Não é fofoca. Só não dá pra ir lá. — Victor falou, desviando o olhar.

— Não é nada, Mob. — Ele completou, tentando encerrar o assunto, mas Mob não parecia satisfeito.

— Ah, deixe Mob, ele só tá se desfazendo dos amigos. — Falei, meio que tentando apaziguar a situação, colocando o braço nos ombros do Mob.

— Ai, que sensíveis vocês! — Victor debochou, cruzando os braços. — Minha irmã tá na cidade, felizes? Eu não quero que ela me dê trabalho.

— Por que tá falando como se sua irmã fosse uma criança? — Perguntei rindo, porque o jeito que ele falava de Lara sempre me parecia exagerado.

— E você não vai apresentar a gente? O esquadrão tem esse direito! — Mob protestou, como se aquilo fosse um grande absurdo.

— Não. Ia virar um caos. Lara e Babi... — Victor começou a falar, mas eu o interrompi.

— Ah, quer dizer que a Sevilla pode socializar com a sua irmã, e a gente não?! — Exclamei, provocando.

— Tá vendo só, trocou os amigos pela namoradinha. — Mob balançou a cabeça, fingindo decepção.

— A Babi não é minha namorada. — Victor respondeu rápido, cruzando os braços como se estivesse se defendendo de algo maior.

— Então vocês são o quê? "Te amo, te odeio"? "Me liga que eu chego aí em meia hora"? — Mob fez aspas no ar, e eu não consegui segurar a risada.

— A gente não é nada. — Victor respondeu com uma voz tensa, mas não me convencia.

— Claro, vocês também não se ajudam. — Resmunguei, e Mob concordou, balançando a cabeça.

— Era só vocês sentarem, conversarem e você dizer que tá apaixonado por ela, em vez de ficar nessa palhaçada de "vamos brigar e depois foder". — Mob fez aspas de novo, e dessa vez eu engasguei de tanto rir.

— Que específico. — Murmurei, com um sorriso de canto.

— Marcos! — Victor o repreendeu, claramente sem paciência, mas Mob não se intimidava fácil.

— Falei alguma mentira? — Mob deu de ombros, jogando a verdade nua e crua no ar, enquanto Victor passava a mão pelos cabelos, frustrado.

— Eu vou esquecer a Babi. Não vou precisar falar que estou apaixonado por ela. — Victor soltou de uma vez, antes que Mob pudesse retrucar. — A Bárbara não se apaixona, ela nunca se entrega cem por cento.

— E daí? Até um tempo atrás o GS falava que gostava das quietinhas e agora tá caidinho por uma stripper. — Mob argumentou, olhando pra mim com um sorriso malandro. Estreitei os olhos, mas sabia que ele tinha razão.

— Eu não tô caidinho pela Alisson! Eu só acho ela bonita. — Retruquei, tentando soar convincente, mas a verdade era mais complexa do que isso.

A verdade? Eu estava completamente encantado por ela. Alisson era o completo oposto de mim: forte, direta, e a história dela me intrigava. Mesmo sabendo que ela não escolheu a vida de stripper, eu admirava como ela sobreviveu a tudo isso. E, de alguma forma, isso me atraía mais ainda. Eu me pegava pensando nela o tempo todo, querendo saber mais sobre quem ela realmente era, o que havia por trás dos olhos claros e da loira platinada. Mas eu também me perguntava se deveria me afastar, dar espaço, ou explorar esse sentimento.

— Aí o assunto não é você, Gilson. — Mob cortou, voltando a atenção pro Victor, que parecia cada vez mais desconfortável.

— Eu não sou o que a Bárbara precisa, tá?! — Victor garantiu, parecendo mais para si mesmo do que para nós. Mob, no entanto, deu um sorriso ingênuo.

— Ela pode não precisar de você, mas não significa que ela não queira você. Nos três anos que eu conheço a Sevilla, posso te garantir uma coisa: a garota adora você. Só que ela tem medo. — Mob falou, com uma seriedade que era rara de ver nele. — Você devia falar com ela.

Victor ficou em silêncio, abaixando a cabeça, perdido em pensamentos. Eu sabia que as palavras de Mob tinham acertado em cheio, mas Victor não era o tipo de pessoa que lidava bem com verdades assim, na cara.

— Não é tão simples. — Ele finalmente murmurou, a voz carregada de frustração.

— Nunca é, mas isso não significa que você deve desistir. — Mob deu de ombros. — A Babi tá com você de um jeito ou de outro, mas, se você não fizer nada, vai ficar sempre nesse ciclo de brigar e fazer as pazes na cama. É isso que você quer?

Victor suspirou, claramente exausto com o rumo da conversa. Ele sabia que Mob estava certo, e eu também sabia. Mas o problema com Victor e Babi nunca foi a falta de sentimento — era o medo. Medo de se entregar, de confiar, de se machucar de novo.

O silêncio voltou a reinar por alguns instantes, até que Victor finalmente soltou:

— Eu vou pensar nisso.

Era o máximo que podíamos esperar dele por hoje.

case thirty nine:season twoOnde histórias criam vida. Descubra agora