case thirty nine:season two

Capítulo trezentos e quatorze.

Second season:three hundred and fourteen
★ Foi como um aviso ★
{Tacoma, Washington}
<Lara Cooper narrando>

A casa estava finalmente em ordem, mas por dentro, eu me sentia um completo caos. Tomei um banho rápido, vesti meu pijama azul, e fiz o que sabia fazer de melhor: fingir que nada estava errado. A verdade? Eu estava cheia de problemas, mas contar para o Victor estava fora de questão. Ele iria surtar. Enviei uma mensagem rápida para a Babi, pedindo para ela entrar quando trouxesse o Victor. Precisávamos conversar.

A dor de cabeça começava a martelar. O Caso vinte e sete... como eu me arrependo de ter aceitado me envolver nisso. Já tentei ser morta antes, isso não é novidade para mim. Mas dessa vez... é diferente. Estou à beira de um colapso, e tudo o que consigo pensar é que poderia ter recusado.

Quando a Babi e o Victor finalmente chegaram, eu estava terminando de devorar um pedaço de pizza congelada. Pela primeira vez em muito tempo, os dois estavam no mesmo espaço sem qualquer tensão evidente. Talvez fosse o álcool que deixava o Victor meio cambaleante, mas o clima estava mais... leve.

— Vocês estão se dando bem. — Observei, apontando para eles enquanto mordia a pizza.

— Você me assusta. — Victor murmurou, jogando-se no sofá, visivelmente tonto.

— Obrigada. — Respondi com sarcasmo, forçando um sorriso.

Levantei e puxei a Babi para um canto mais isolado. Ela estava estranhamente silenciosa, com uma expressão dura, mas vulnerável. Havia algo na maneira como ela se movia que deixava claro que algo tinha acontecido. Não conheço bem a Babi — Mas sei que ela é imprevisível, determinada. Mas hoje, algo estava diferente.

— Tá tudo bem? — Perguntei, inclinando a cabeça, tentando captar alguma pista no seu olhar.

— Não. — A resposta veio rápida e direta, carregada de uma franqueza que eu não esperava.— O que aconteceu? — Ela parecia mais calma agora, mas ainda era visível o peso que carregava.

Suspirei, sentindo a pressão no peito. Não queria sobrecarregá-la ainda mais, mas eu precisava contar. — Invadiram a casa hoje. Foi como um aviso.

Os olhos dela se estreitaram, e eu vi a mudança em sua postura. Cruzando os braços, ela se encostou na parede, absorvendo cada palavra.

— Merda... você tá bem? —

— Tô. Eu não estava aqui quando aconteceu. — Ajeitei os ombros, tentando parecer mais confiante do que realmente estava. — Mas a casa estava toda revirada quando cheguei.

Ela assentiu lentamente, mas seus olhos estavam em chamas. — O que você acha que eles querem dizer com isso?

Por um segundo, pensei em contar sobre o beijo com a Tainá, mas decidi não tocar nesse assunto. Não agora.

— Acho que é o clássico “sabemos onde você está”, ou “estamos perto, de olho”. Pode ser um aviso para me deixar alerta. — O sarcasmo na minha voz era amargo.

— Ou talvez eles estivessem atrás de você, mas não te encontraram. — Ela falou, seus olhos agora focados em algo distante, como se estivesse tentando desvendar o próximo movimento deles.

— Pode ser. — Concordei, refletindo. — Mas o que importa é que agora preciso ficar mais atenta.

Babi descruzou os braços e respirou fundo. — Vou tentar descobrir algo. Mas... hoje definitivamente não foi um bom dia.

— Imagino... — Murmurei, lançando um olhar furtivo para o Victor, ainda largado no sofá.

Ela seguiu meu olhar, e por um momento, vi a forma como ela o observava, com um cuidado que ela raramente deixava transparecer. Aquilo dizia mais do que qualquer palavra que pudesse sair de sua boca.

— Você devia ficar. Ele vai precisar de você. — Sussurrei, sabendo que ela entenderia.

Ela ficou em silêncio, mas o olhar que ela lançou para o Victor dizia tudo. Mesmo que não quisesse admitir, ambos sabiam que havia algo maior entre eles, algo que os conectava de forma inegável.

Eles eram feitos um para o outro, só precisavam parar de lutar contra isso.