Capítulo trezentos e oitenta e um.

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Second season:three hundred and eighty-one
Meu irmão
{Seattle, Washington}
<Bárbara Sevilla narrando>

Eu estava entediada, segurando uma taça de champanhe enquanto observava a festa. O ambiente estava cheio de rostos desconhecidos, todos com os seus próprios segredos. Eu havia passado tanto tempo na Flórida que comecei a me questionar se ainda sabia como investigar de verdade. Sentia uma insegurança crescente, uma sensação de incapacidade que me corroía por dentro. O Victor tinha mandado mensagem dizendo que ia demorar mais um pouco, alegando que o sistema era superprotegido, o que eu já esperava. Ele adorava fazer um mistério de tudo.

De repente, algo me tirou da minha distração. Meu corpo foi jogado contra a parede, na parte mais afastada da festa, onde poucos olhavam. A mulher que me empurrou tinha um sorriso desdenhoso no rosto. Não estava surpresa; Madelaine Pierce sempre soubera como aparecer nos momentos mais inconvenientes.

— O que você quer? — murmurei, tentando manter a calma, mas minha paciência estava no limite.

Ela me olhou com a mesma expressão desafiadora e cruzou os braços, bloqueando minha saída.

— O que está fazendo aqui? — Sua voz estava baixa, mas carregada de um tom acusatório.

— Ah, claro, tomando chá com o clube. O que você acha? — Eu revirei os olhos e, ao ver a desconfiança no olhar dela, continuei. — Você, com toda essa cara de mistério e sem distintivo, quem é a estranha aqui?

Madelaine estreitou os olhos, avaliando-me com mais cuidado, antes de liberar meus braços, mas não sem antes deixar um último olhar de desprezo.

— Distintivo? — Ela riu com desdém.

— Vai fingir que não sabia?

— Vai me prender, agente Sevilla? — Ela ironizou, seu tom sarcástico me fazendo revirar os olhos.

— Vamos ser sérias. O que está fazendo aqui? — Eu disse, sem paciência para mais provocações. Ela soltou um suspiro pesado, mas não parecia disposta a se render tão fácil.

— Tenho uma pendência com eles. Uma investigação pessoal, se é que me entende. Já estou atrás disso há mais tempo do que você, desde o ano passado. — Madelaine falou com um tom de frustração.

— E ainda não descobriu nada? — Respondi, afiada, sem tentar esconder o desafio. Ela mordeu o lábio inferior, a frustração visível em seu rosto.

— E qual o assunto inacabado? — Continuei, com um olhar que exigia uma resposta. Ela hesitou, mas logo os papéis se inverteram, e eu a pressionei contra a parede, apertando seu braço com mais força.

— Meu irmão. — Madelaine sussurrou, a dor visível em seus olhos.

Foi como um soco no estômago. Era a primeira vez que alguém da máfia falava de uma perda tão pessoal.

— Seu irmão? — Perguntei, tentando compreender. Ela ficou em silêncio por um momento antes de confirmar, com um olhar que dizia mais do que palavras poderiam expressar.

— Ele foi assassinado por esse pessoal. E eu preciso saber o porquê. — A voz de Madelaine ficou baixa, cheia de raiva reprimida. Soltei seu braço e dei um passo atrás, entendendo um pouco melhor a motivação dela. Ela não era só uma mulher do crime. Era alguém atrás de justiça.

— O seu irmão era o que a Lara estava investigando, não? — Eu disse, mais suave agora. Madelaine ficou em silêncio, apenas assentindo. Agora, tudo fazia sentido. Ela não era tão ordinária assim. Ela estava apenas tentando encontrar respostas, assim como eu.

— Se a Lara não tivesse desaparecido... — Madelaine suspirou, sua expressão cheia de frustração e amargura. Eu sabia exatamente o que ela queria dizer.

— Sim, as coisas teriam sido diferentes. — Respondi, sem poder deixar de concordar com ela.

— Está sem seu namoradinho hoje? — Mads debochou mudando de assunto.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Madelaine deu uma olhada ao redor. Percebi que alguns homens estavam nos observando, cochichando entre si. Eles pareciam incomodados com nossa conversa, e algo me dizia que não era boa ideia esperar muito mais para sairmos dali.

Eu puxei Madelaine para longe, mas antes que ela pudesse reagir, alguém colocou uma mão no meu ombro. Eu me virei rapidamente, pronta para enfrentar o próximo problema, mas, para minha surpresa, era o Victor.

Ele estava de cabeça baixa, seu lábio inferior sangrando, mas sua expressão estava inexpressiva. Não parecia se importar com o sangue.

— Então, você veio com o seu namorado? — Madelaine provocou, sua voz cheia de malícia. Eu a encarei com raiva, mas não falei nada. — Já entendi já, tô indo.

— Se machucou? — Eu murmurei para Victor, que apenas colocou a mão sobre o ferimento, sem parecer se importar.

— Não é nada. — Ele respondeu, com um tom despreocupado. Eu franzi a testa, trocando um olhar com ele. Parecia que a gente se entendia só com o olhar, como se houvesse uma comunicação silenciosa entre nós.

— Você não perguntou se eu ia participar da parte prática do caso? — Victor disse com um sorriso sarcástico, e eu o fuzilei com o olhar.

— Você é insuportável. — Eu murmurei, irritada, mas ele puxou meu braço em direção ao carro.

— Encontrei o que a gente precisava. Vamos embora. — Ele disse, mais sério agora. Não havia tempo a perder.

Com uma última olhada em Madelaine, que já estava desaparecendo na multidão, eu me virei e caminhei ao lado de Victor. O que quer que tivesse acontecido ali, o jogo estava mudando. E nós precisávamos estar prontos.

case thirty nine:season twoOnde histórias criam vida. Descubra agora