Capítulo duzentos e setenta.

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Second season:two hundred and seventy
Posso desabafar? ★
{Tacoma, Washington}
<Bianca Santiago narrando>

Eu estava calmamente preenchendo uns papéis do caso anterior enquanto o pessoal se preparava para o próximo interrogatório. Cantarolava uma música que havia ouvido de manhã, me lembrando do Arthur. Ainda me incomodava o fato de ter dado um fora nele sem motivo claro. O problema era meu – medo de me machucar, insegurança. Mas, a verdade? Eu gostava dele. Suspirei, virando outra página do arquivo, quando senti mãos no meu ombro.

— Oi, Bia. Tá bem? — Victor falou com a voz tranquila, me pegando de surpresa. Olhei para cima e larguei os papéis, já sabendo que vinha mais coisa.

— Tô bem. E você? — perguntei, esperando uma resposta genérica, mas Victor parecia diferente. Ele hesitou.

— Posso desabafar? — Ele perguntou, como se não fossemos melhores amigos. Revirei os olhos, meio impaciente.

— Manda a ver, Victor.

Ele se jogou na cadeira à minha frente, cruzando os braços. Seu olhar vagava pela sala vazia, como se estivesse perdido em pensamentos. Algo estava pesando nele.

— Sabe a Lara? — Ele começou.

— A irmã que você escondeu da gente?! Ah, sim, lembro vagamente. — Falei com um toque de ironia.

— Se você soubesse a história toda, não ia estar me julgando. — Ele rebateu, gesticulando, claramente desconfortável.

— Tá, tanto faz. O que tem ela?

— Acho que ela não está segura em Tacoma... — Antes que pudesse continuar, interrompi.

— Espera, sua irmã tá em Tacoma? E você não disse nada?! — Toquei o braço dele, sem acreditar.

— É, ela tá em Tacoma. Só que é recente, não tive tempo de falar. — Victor deu de ombros, mas havia mais em sua hesitação.

— Sei. — Zombei, mas vi que o assunto era sério. — Continua.

Ele soltou um longo suspiro, olhando para o chão.

— Ela insiste que sabe se cuidar, que já é adulta, mas eu conheço a Lara. Eu... sinto que ela tá com medo, e isso me mata por dentro.

Pela primeira vez, vi o peso real da preocupação dele. A tensão em seus ombros, o olhar perdido... Ele estava à beira de um colapso.

— Por quê? — perguntei, cruzando os braços, tentando entender melhor.

— Isso eu não posso te dizer... nem eu sei o que está acontecendo exatamente. — Ele admitiu, parecendo frustrado com a própria falta de controle.

— Sério, Jones? Você é do FBI. Como não sabe o que tá rolando? Se fosse eu, já teria hackeado o celular dela. — Murmurei, provocando.

— Você acha que não pensei nisso? — Ele resmungou. — Ensinei algumas coisas pra Lara quando ela estava começando no FBI. O celular dela é praticamente à prova de qualquer invasão.

— Você já fez coisas mais difíceis, dá um jeito! — Disse, incentivando.

Ele balançou a cabeça, os dedos batendo levemente na mesa, um reflexo da tensão que sentia.

— Nada é tão difícil quanto decifrar a minha irmã. Como eu vou proteger alguém de um perigo que nem eu entendo?

Havia tanta angústia na sua voz que me senti mal por não ter percebido antes o quanto isso o estava afetando.

— Victor, você não pode ajudar alguém que não quer ser ajudado. — Tentei ser realista. — Isso vai só te consumir.

Ele suspirou, esfregando as mãos no rosto, claramente exausto e incapaz de se desligar da preocupação. Ele estava tentando manter o controle, mas o medo por Lara o corroía.

— Mas eu não consigo deixar minha irmã em perigo. — A confissão veio pesada, cheia de dor.

Respirei fundo. Sabia que ia me arrepender, mas fiz a oferta de qualquer forma.

— Eu posso tentar ajudar de algum jeito... ficar de olho nela, se você quiser. — Victor me olhou, surpreso e grato, com uma intensidade que me pegou desprevenida. — Só dessa vez, aceita ajuda, tá?

Ele finalmente cedeu, assentindo.

— Tá.

case thirty nine:season twoOnde histórias criam vida. Descubra agora