Capítulo 53

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L U Í S  P E D R O  M E L L O

Cidade de Deus, Rio de Janeiro.

Acordo assustado no meio da madrugada com os gritos vindo do quarto ao lado, levanto no pulo da cama passando a mão pelos cabelos e vou em direção ao quarto que a amiga da Sol está ficando, a mina nem quis papo quando chegamos, foi logo se enfiando no quarto e ficou por lá até agora, ou seja ainda não sei o nome dela, rodo a maçaneta da porta e a observo deitada na cama, com os olhos fechados e uma expressão assustada, provavelmente está tendo um pesadelo.

Dou passos longos até chegar na cama e toco a sua pele com a minha mão, e mais uma vez um arrepio corre pelo meu corpo.

— Ei mina. — a cutuco. — Garota acorda. — ela abre os olhos assustada e arregala os mesmo. — Tá tudo bem? Tu tava gritando pô. — ela suspira fundo e senta na cama, passando a mão pelos cabelos escuros.

— Só foi um pesadelo. — sua voz sai baixa. — Desculpa por ter te acordado.

— Mec. — ela me olha confusa e eu sorrio de lado. — Significa tranquilo.

— Ata.

— Quer que eu pegue uma água pra você, sei lá, quer alguma coisa? — ela nega. — Tá tudo bem mesmo..

— Emma. — sorri fraco. — E está tudo bem sim..

— LP. — ela faz uma careta.

— Seu nome é literalmente LP? — nego rindo. — Ah bom, já ia achar que os brasileiros têm péssimos gostos para nomes, sem ofensa.

— De boa pô. — sorrio. — Meu nome é Luís Pedro, mas meu vulgo é LP.

— Vulgo, mec, mina, são palavras tão diferentes para mim que me sinto um et aqui. — ela bufa frustrada.

— Com o tempo tu pega o jeito, relaxa.

E primeira vez, ela me encara, por detrás desses olhos castanhos claro eu sei que existe muita dor e sofrimento pelo o que supostamente ela deve ter passado na sua cidade, acabo perdendo o foco na sua beleza surreal, sua pele branquinha, seus lábios carnudos e rosados.

— Desculpa. — coço a nuca tímido por ter notado que ela estava incomodada com meus olhares sobre ela. — Se precisar de alguma coisa, fique a vontade, estarei no quarto ao lado. — ela assente e me dá um sorriso tímido sem mostrar os dentes.

Sorrio de volta e giro os meus pés indo até a porta, caralho, fico me perguntando como que alguém conseguiu fazer mal a ela? Toda delicada e com carinha de anjo, pura perfeição e perdição ao mesmo tempo, quem seria o babaca de fazer o que fez com ela?

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