Capítulo 7

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S O L A N G E  A G U I R R E

Cidade de Deus, Rio de Janeiro.

Pauso a música no meu celular quando vejo que estávamos fazendo um caminho completamente diferente do que leva ao Leblon.

— Seu irmão sabe que esse caminho não vai para o Leblon, né? — cochicho para a Yasmin, mas não saiu baixo o suficiente para que só ela ouvisse.

— Que Leblon o que minha filha, tu ta indo é pra Cidade de Deus. — Russa fala todo grosso.

— Como assim?

— Tu vai morar em uma favela o patricinha. — me olha pelo retrovisor do carro.

— Tava sabendo disso não? — LP pergunta.

— Não, eu pensei que minha tia ainda morava no Leblon.

— Ela morava, até conhecer o meu pai e começar a se envolver com ele, aí ela mudou pro morro. — Yasmin explica.

Respiro fundo.

— Tá contente não? Só não morar lá.

— Qual foi em Russo? Todo esse estresse é falta de foder cara? Chato pra caralho, toma no cu.

— Eita que a filhinha de papai tem a língua afiada. — Luís gargalha

— Tudo isso aí é pose. — nega com a cabeça. — Russo fala, macho otario do caralho.

— Nem perde tempo com o Russo, vale seu estresse não amiga, vai por mim. — fala baixo e eu apenas concordo permanecendo em silêncio.

Quando meu pai disse que as coisas no Brasil não seriam fáceis para mim, eu não imaginei que morar em uma favela iria fazer parte disso, não tenho preconceito nem nada, mas sou muito mais o Leblon, bairro calmo, longe invasões e tiroteios.

Passamos pela barreira do morro e eu vejo vários caras com fuzis na costa, fazendo a segurança da entrada onde passamos direto, Russo estaciona o carro em frente a uma casa grande, com dois andares, pelo menos a casa é bonita.

— Meu Deus menina, você está tão grande. — me abraça.

— Também senti sua falta tia. — me desfaço do seu abraço e encaro o homem que estava logo atrás dela, com um sorriso amigável nos lábios.

— Satisfação, Digão. — estende sua mão para mim e eu retribuo o cumprimento.

— Sol. — sorrio.

— Será que a princesinha aí pode vir me ajudar com as malas? Não sou empregado de ninguém não. — Russo abre a boca e eu reviro os olhos, fazendo minha tia franzir o cenho.

— Se preparem, os dois não pararam de se alfinetar desde que se conheceram. — Yasmin fala.

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