Capítulo 154

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R A F A E L G A R C I A

Cidade de Deus, Rio de Janeiro.
2 semanas depois.

Natascha entra pela porta da boca com um sorriso nos lábios.

— Tá com esse sorrisinho porque? — arqueio a sobrancelha.

— Por causa disso. — balança o pacotinho cheio pó.

Abro um sorriso na hora e a mesma vem até mim, jogando o pacotinho encima da minha mesa.

— Se descobrirem que está me dando isso..

— Só vão descobrir se você contar. — pisca e eu nego com a cabeça.

To afastado do comando, pelo fato de que na segunda semana que a loira ainda estava em coma eu comecei a me drogar.

— Já pode ir agora.

— Quero transar.

— Tem várias pirocas espalhadas pelo morro, caça uma e senta. — falo, enquanto fazia uma carreirinha encima da mesa.

— A que eu quero está bem aqui. — rio.

— Some Natascha. — pego uma nota qualquer e cheiro a carreira de pó.

Não demora muito para eu ficar eufórico e super confiante de que ainda há uma chance da Solange sair dessa, o que eu não sinto sem o efeito da cocaína.

Natascha me encarava atentamente e eu podia ver uma pequena esperança surgir em seu rosto, ela tá doida pra foder comigo e eu posso estar morrendo de vontade de foder, mas eu não vou trair a Solange, não mesmo.

A porta é aberta bruscamente fazendo a Natascha saltar de susto, olho para a porta e vejo meu pai com uma expressão nada boa, logo atrás dele estava o LP.

— Some daqui Natascha. — meu pai grita e a vadia some dali rapidinho. — Tu tem merda na cabeça caralho? — fico em silêncio. — Tu tá perdendo a razão Russo. — suspira cansado. — Ela não vai gostar de saber das merda que você fez enquanto ela estava "dormindo". — reviro os olhos.

— Pelo jeito ela vai continuar "dormindo". — falo seco. — Não era isso que vocês queriam? Que eu voltasse para o morro e minhas responsabilidades?

— Se drogar não é uma responsabilidade, tu vai foder sua vida. — Luís fala me encarando.

— A vida é de quem mesmo?

— Já chega, Solange teve duas paradas cardíacas hoje. — gargalho sabendo que era tudo k.o.

Fecho a cara na hora vendo que o meu pai ainda continuava sério e me encarando.

— Isso é mentira. — falo nervoso.

— Não é, ela quase morreu. — meu pai fala e eu engulo em seco. — Pedimos para você voltar para as suas obrigações sim, mas desde então tu não pisou os pés mais naquele hospital e começou a se drogar, mesmo a gente te afastando do comando e pedindo pra tu parar com essa merda, o que tu fez? Foi pedir socorro pra vadia da Natascha, enquanto a tua mulher estava tendo uma parada cardíaca, será que ela vai precisar morrer pra tu cair na real?

— Não viaja..

— Tu que tá viajando, se liga. Os médicos dizem que depende dela, ela é a única responsável para acordar, os aparelhos vão ser desligados amanhã. Te aconselho a visitá-la, porque estou quase achando que ela vai desistir de viver.

Observo meu pai e LP saírem da boca, me deixando sem reação.

Ela não pode desistir, não pode. Eu preciso dela, viva e ao meu lado.

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