Capítulo 8

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S O L A N G E  A G U I R R E

Cidade de Deus, Rio de Janeiro.

— Não se preocupa Sol, eu ajudo meu filho com as suas coisas, fique a vontade. — sorrio em agradecimento e minha tia já me puxa para dentro de casa.

Era ainda mais linda do que por fora, sigo a tia Rita até a cozinha e a Yas vem logo atrás de nós, me sento na cadeira enquanto espero minha tia preparar o café.

— Agora me conta, o que tu aprontou lá na Califórnia em?

— O mesmo de sempre tia.

— Fazer o que bem entende? — assinto. — Seu pai sempre muito rígido com as regras. — faz uma careta. — Não é atoa que eu e ele sempre brigávamos.

— Ainda não consigo acreditar que você é o tipo de menina rebelde, sua aparência diz outra coisa. — Yasmin comenta.

— É o que todos acham de mim. — dou de ombros. — Mas todo mundo esquece que as aparências enganam.

— E como sua mãe ficou? — minha tia serve um copo de café para mim e eu dou um gole no mesmo.

— Decepcionada tia. — sorrio fraco.

— O seu irmão sabe que você mora na favela Rita? — encara minha tia que fica em silêncio.

E é ai que eu entendo tudo, meu pai jamais deixaria eu morar em uma favela, onde eu poderia conseguir muito bem as coisas que eu quero.

— Se eu contasse a verdade, provavelmente ele te faria morar sozinha e do jeito que ele falou comigo, você teria que se sustentar por completo. Eu praticamente implorei pra que ele não exigisse que você pagasse a faculdade e ainda ajudasse nas despesas daqui de casa.

— Eu ainda vou ter que fazer faculdade? — faço cara de tédio e minha tia assente.

— Ele disse que a faculdade ele vai pagar, mas que ele quer que até o final do mês você já esteja trabalhando ou as coisas vão piorar para o seu lado. — suspira fundo. — Olha Sol, eu não ligo que você fume, transe, beba, tenha tatuagens, mas pelo amor de Deus faça a faculdade e tente arrumar um emprego, só para o seu pai parar de pegar no seu pé. — respiro fundo, vai ser mais difícil do que eu pensei, mas preciso fazer isso pela minha tia, minha mãe e minha irmã.

— Posso subir para o quarto? Estou cansada e o fuso horário está me matando. — reviro os olhos.

— Claro que pode, o seu quarto é o último do corredor.

— Se eu dormir demais, me chama. — minha tia assente e a Yas fica com ela na cozinha.

Subo as escadas e dou de cara com o Russo saindo do quarto, que suponho que seja o seu. Finjo que não noto sua presença e passo pelo mesmo sem olhar na sua cara, mas sinto seus braços me puxarem fazendo com que eu parasse no lugar.

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