Capítulo 38

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R A F A E L  G A R C I A

Cidade de Deus, Rio de Janeiro.

Abro os olhos com dificuldade e sinto uma dor do caralho nas costas, percebo que estou no quarto do "hospital" do morro, olho para o lado e vejo a enfermeira injetando algum tipo de remédio junto com o soro.

— É um remédio pra amenizar a dor do local em que a bala foi atingida. — ela diz simpática, meus pensamentos voltam para a Solange.

Porra, será que ela está bem?

— Tem alguém me esperando aí fora? — ela assente. — Pode pedir pra entrar?

— Claro. — ela sorri e sai do quarto.

— Tu teve uma sorte do caralho em. — fala após entrar no quarto.

— Cadê a Solange? — LP sorri de lado. — Tá com esse sorriso no rosto por que?

— Tu mal acordou e já tá perguntando da loira, nem quer saber se seu caso foi grave ou não. — nega rindo e eu reviro os olhos.

— Como ela está? Você falou com ela?

— Calma caralho, ela tá bem, bom fisicamente sim..

— Como assim "fisicamente sim"?

— Qual é Russo, ela deve estar traumatizada, porra, a mina atirou em um cara mano. — indaga como se fosse óbvio. — Mesmo em choque ela só queria vir aqui te ver. — um sorriso surge nos meus lábios. — Mas a Rita e a Yas quase trancaram ela dentro de casa, mina teimosa em vou te contar. — sorrio. — Aí namoral memo? Pra quem nunca tinha atirado, a bicha mirou e acertou de primeira, foi foda de se ver viu.

— E meu pai?

— Surtou né, ele tá achando que tem algum x9 no morro, fomos pegos desprevenidos e nunca estamos nessa situação, aliás, tu tá afastado por um tempo do movimento.

— Como é que é? — arregalo os olhos.

— Tu vai ter que ficar de repouso irmão, tu querendo ou não, seu pai já tomou a decisão, ele vai ficar no seu lugar até tu tiver cem por cento bem.

— Toma no cu. — passo as mãos pelo cabelo nervoso.

Sinto o cheiro doce do perfume da Solange invadir o quarto, olho para a porta e lá estava ela, com um meio sorriso nos lábios e a cara inchada, provavelmente de tanto chorar.

— Essa é a minha deixa. — LP faz um toque de mão comigo e passa pela Solange, depositando um beijo em sua testa.

— Vem cá loira, não mordo não. — ela sorri tímida e caminha até mim.

— Você me assustou. — sua voz sai embargada.

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