Capítulo 115

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J Ú N I O R S A N T O S

Complexo do Acari, Rio de Janeiro.

— Manda o papo logo Tucano, não posso demorar pra voltar pra Cidade de Deus não.

— Ué, não é tu que tem a confiança do Russo? — arqueia a sobrancelha.

— Falou certo, do Russo. LP e Digão não vão muito com a minha cara não.

— Então conquista a confiança deles porra, é pra isso que tu tá lá. Pra jogar todo mundo contra o Titto e ninguém ficar no teu pé.

— Tu acha que é fácil né? Porra, LP e Digão não são burros igual o Russo não tio. — nego com a cabeça e vejo o mesmo respirar fundo. — Mas fala aí, qual motivo pra tu ter me chamado?

— Tu tem que dar um jeito de incriminar o Titto, só a tua palavra não vai contar por muito tempo.

— E o que tu sugere?

— Tá ligado os desvios das carga de droga que tu tá fazendo pra cá? — assinto. — Da um jeito de no dia que for rolar outro desvio, o Titto estiver no local e tu já aciona o Russo rapidão pra não perder tempo, vai matar o cara na hora e ninguém mais fica no teu pé.

— Moleza. — dou de ombros. — E a loira o que tu pretende fazer com ela?

— A hora dela vai chegar.

— Vai matar ela? — ele nega. — Vai fazer o que então tio? Porra ela matou teu braço direito e tu vai deixar ela viver? — indago.

— Ela é um ótimo alvo pra eu me vingar do pai dela e pra eu chantagear o Russo pra passar a Cidade de Deus pra mim, preciso dela viva. Depois que eu conseguir o que eu quero, vejo qual será o fim dela.

— Namoral? O mulherzinha chata tio, gostosa pra caralho, mas chata.

— Tu não vacila Juninho, tu que inventa de dar encima dela que eu te quebro. Aposto que na palavra da Solange, o Russo iria acreditar, então tu vê bem o que tu fala pra ela em porra. — engulo em seco, lembrando do que eu havia falado pra ela ontem.

Puta merda tio, espero que depois do rolo que deu ela tenha esquecido.

— O pai dela tá por aí, veio com uns papo de querer levar ela embora e a menina bateu o pé no chão falando que não ia.

— To ligado.

— Como? — indago confuso e ele me encara com a sobrancelha arqueada.

— Acha que só tenho tu pra fazer meus serviços? Tenho olhos em todos os lugares fi, as vezes eu mesmo fico de olho na mina.

— Não entra na minha cabeça como tu consegue ser tão cauteloso, nem ficha na polícia tu tem porra. — ele ri.

— Isso se chama inteligência meu amigo, coisa que se tu não tiver, tu morre. — pisca e eu lhe dou um sorriso falso. — Pode voltar agora, depois te aciono pra gente falar sobre o sequestro.

Concordo com a cabeça e me despeço do Tucano com um toque de mão, saio da sua salinha e monto da minha moto embicando com ela de volta pra Cidade de Deus. O que a gente não faz quando se tem muita grana no meio não é mermo? A gente até arrisca a nossa vida em facção rival, só pra ter um bolão de dinheiro na mão depois.

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