Epílogo

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6 anos depois..

— Vai papai, me conta de novo.

— Russo.. — falo em tom de aviso, mas sou completamente ignorada.

Bufo frustada passando a mão pela minha barriga, estou na minha segunda gravidez, dessa vez veio uma menininha.

Mirelly.

Já estou perto de completar o nono mês da gestação, então a qualquer momento a nossa pequena pode decidir vir ao mundo.

— E foi assim que tu nasceu, com uma arma apontada para a barriga da tua mãe, tu decidiu sair bem naquela hora. — reviro os olhos.

— Rafael, ele só tem seis anos para de ficar falando essas coisas para o garoto.

— Coé mãe, já sou um homem.

— Você está levando muito esse menino para a boca Russo. — respiro fundo. — Já falei pra você que não quero ele lá.

— Relaxa ai loira.

— É mãe, relaxa aí tio.

Russo gargalha e eu reviro os olhos, me levanto do sofá na intenção de ir para o banheiro mas sinto um líquido escorrer pelas minhas pernas.

— Eca mãe! — faz uma careta. — Você fez xixi na calça.

— Não me diga que.. — uma contração forte vem e eu solto um gemido de dor. — Tua irmã vai nascer João, corre pro quarto do papai e da mamãe e pega aquela mala rosa cheia de fru-fru.

Meu filho sobe as escadas correndo e eu nem tenho forças para gritar para o mesmo ir devagar, a dor da contração tá forte e eu presumo que eu já esteja de uns sete dedos de dilatação.

Russo pega o pequeno no colo assim que torna para a sala, puxo o ar e solto enquanto caminhávamos até o carro, Russo me ajuda a entrar no veículo e ajeita o João Neto de qualquer jeito na cadeirinha.

— Vai deva.. — Russo acelera o carro em alta velocidade, saindo da Cidade de Deus o mais rápido possível.

Esse filho da puta ainda me mata.

(...)

— Como os bebês são feitos? — João Neto pergunta.

Russo e eu nos entreolhamos sem saber o que responder, uma contração vem com tudo e eu fecho os olhos com força.

Com a ajuda de Rafael saio do carro e eu espero o mesmo pegar o João e a bolsa da maternidade da Mirelly.

— Quantos meses? — pergunta assim que passo pela porta de entrada do hospital.

— Quase nove.

— Vem, vamos te preparar para o parto. Seu marido pode entrar, mas a criança não.

— Eu fico com ele. — diz a enfermeira e eu sorrio em agradecimento.

Russo e eu seguimos com o médico para a sala de parto, troco de roupa e me deito na cama enquanto esperava o médico fazer os procedimentos iniciais.

— O bebê está no encaixe perfeito, mas ainda faltam três dedos de dilatação, você terá de aguentar mais um pouco Sol. — assinto.

(...)

Foram longos minutos torturantes para mim, eu nunca pensei que pra chegar até o décimo dedo de dilatação doía tanto assim.

— Solange querida, preciso que faça muita força agora ok? — assinto sentindo gotículas de suor na minha testa.

Russo não saiu do meu lado por um segundo se quer, eu sei que ele assustado com o procedimento, mas em nenhum momento ele deixou de segurar a minha mão.

Faço o que o médico pede e acabo gritando de dor enquanto faço força.

— Mas um pouquinho Sol, falta bem pouco. — pede.

Olho de relance para o Rafael, e pela segunda vez na vida eu estou vendo ele chorar, junto todas as forças que ainda me restam e em instantes, ouvimos o choro ardido da nossa pequena Mirelly.

A enfermeira vem e me entrega a minha pequena, ela é tão pequenina e fofinha, sorrio em meio as lágrimas e deposito um beijo em sua testa.

— Ela é a tua cara. — sorri bobo enquanto as lágrimas escorriam pelo o seu rosto.

João Neto entra disparado pela porta, com a enfermeira correndo atrás do mesmo.

— Eu quero ver ela papai, quero ver ela. — diz eufórico e o Russo pega o mesmo no colo. — Ela é tão pequena. — sorri. — Eu posso dar um beijinho nela?

— Claro que pode campeão. — inclina o corpo e o João deposita um beijinho no rosto da irmã, que sorri ao sentir o toque.

E nesse momento eu me dei conta, de que se a seis anos atrás meu pai não tivesse me mandado para o Brasil eu não teria chegado onde cheguei hoje, eu não teria me permitido amar e deixar de lado o meu conceito idiota sobre o amor.

Mas desde que eu vi o Russo, eu sempre soube que seria ele, que iria me fazer amar e me sentir amada. Confesso que minha vinda para cá no primeiro ano foi bem conturbada, passei por situações que jamais imaginei passar, sou grata até por esses momentos que me tornaram mais forte.

E hoje, sinto que estou completa, com um homem incrível ao meu lado e com dois filhos maravilhosos que eu tanto amo.

— Obrigado por me dar uma família incrível, vocês são tudo para mim. — beija a minha testa.

— Eu te amo Rafael, obrigada por mudar a minha vida e me fazer viver esse tão sublime amor.

Sublime Amor [M] ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora