Capítulo 108

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R A F A E L G A R C I A

Cidade de Deus, Rio de Janeiro.

— Russo, acorda porra. — Luís da um tapa na minha cabeça.

— Eu ainda corto tua mão se não parar com essa mania de me bater. — rosno e ele ri.

— Tá no mundo da lua tio, o que tá pegando? — suspiro. — Ih, coisa boa que não é né?

— A loira já tá ciente que o pai quer que ela vá embora pro exterior, parece que o velho vem daqui uns doze dias.

— E isso te preocupa por que?

— Por que ele quer levar ela embora pô, e eu não vou deixar não. Sei que não é isso que ela quer também, mas algo me diz que o pai dela não é fácil de lidar.

— Pior do que lidar com a Solange acho que não tem como.

— To falando sério Luís, se o cara é contrabandista acha mesmo que vai ser fácil lidar com ele? — arqueio a sobrancelha.

— Pensando por esse lado..

— Andou falando com o Titto?

— Colei lá na casa dele ontem, tá malzão em.

— Deveria ter pensado muito bem antes de vacilar no meu morro. — Luís me repreende com o olhar. — Que?

— Não acha estranho o Juninho jogar a culpa pra cima do Titto, sem te dar uma prova? — reviro os olhos.

— A prova é a palavra dele.

— Russo Russo, espero que tu não quebre a cara no final.

— Se liga LP, eu to ligado em quem confiar e pelo jeito no Titto que não é.

— Se tu diz. — da de ombros. — Mandei um cara ficar de olho toda vez que estiver pra chegar as carga de droga aqui no morro, tudo no sigilo, quem sabe damos sorte e conseguimos pegar quem tá fazendo o desvio.

— Já mandei o Juninho, relaxa.

— Tem certeza que vai mandar ele?

— Vamos voltar de novo pra esse assunto? — respiro fundo e LP ergue as mãos em sinal de redenção. — Que tal a gente fazer um pagodinho na laje da casa do meu pai em? Só para os mais chegados mesmo.

— E desde quando eu nego cerveja, churrasco e pagodinho?

— Já avisa a galera aí, vou resolver um b.o. — falo me levantando e LP semicerra os olhos para mim. — Natascha tá querendo acabar com meu namoro, vou deixar barato não.

(...)

— Finalmente largou daquela loira falsificada, pra ficar comigo? — Natascha fala quando abre a porta para mim, entro sem responder.

— Só vou te falar uma coisa Natascha. — aponto o dedo na cara dela. — Tu para com essas porra de infernizar meu relacionamento.

— Aí Russinho, eu sei que você nem gosta daquela putinha. — a pego pelo braço com força.

— Tu respeita a minha mulher.

— Ou o que? Vai me bater? — pergunta com um sorriso nos lábios. — Sabe que eu amo apanhar né gatinho?

— Tu é uma piranha mesmo, mas relaxa que não sou eu quem cuido disso não, não bato em mulher, tenho uma pessoa própria pra fazer isso pra mim. — o sorriso some de seus lábios. — Então tu toma cuidado e pensa bem antes de tentar se meter no meu namoro com a Solange, que mando alguém descer a porrada em você sem dó. — a vejo engolir em seco. — Pegou a visão? — ela assente. — Ótimo. — solto seu braço e caminho até a porta, mas antes de sair falo. — Aliás, desativa aquela conta fofoquinhas se eu ver tu desmerecendo alguém com essa conta, vai levar porrada também. — saio batendo a porta da sua casa com força.

Foda ter lidar com piranha emocionada.

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