Capítulo 155

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S O L A N G E  A G U I R R E

Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Abro os olhos com dificuldade.

Franzo o cenho vendo que eu estava deitada no chão, mas logo me desespero ao perceber que estava em um hospital.

Levanto rapidamente, mas não vejo ninguém.
Corro pelo hospital, entrando de porta em porta.

Mas não tinha ninguém aqui além de mim.
Sinto meu coração acelerar e minha respiração ficar ofegante, enquanto as lágrimas escorriam sem parar pelo o meu rosto.

Então eu me lembro.

Me lembro que levei um tiro para salvar o meu amor, antes de apagar por completo.

E agora que eu acordo, vejo que estou só.

Não tem Rafael.

Não tem ninguém além de mim.

Viro para trás assustada ao ouvir um barulho, me deparo com uma criança a metros de distância de mim.

Ela sorri, e o seu sorriso me lembra perfeitamente do sorriso do Rafael.

Caminho até ela lentamente e com medo, mas a vejo virar à esquerda indo para a ala da UTI, a sigo.

Ando em passos longos quando vejo a pequena criança adentrar um quarto, mas arregalo os olhos assim que me vejo deitada em uma maca com aparelhos rodeados por minha volta, que provavelmente era o que ainda estavam me mantendo viva.

Vejo Rafael entrar pela porta, completamente abatido.

Seus olhos estavam murchos e vermelhos, ele caminha lentamente até mim e toca em minha mão.

Mas eu não sinto, não sinto o seu toque e isso me faz entrar em desespero.

— Me desculpa. — começa a chorar. — Tudo isso é culpa minha, era pra eu ter levado o tiro e não você. — beija a minha mão.

— Você não tem culpa meu amor. — digo, mesmo sabendo que ele não podia me ouvir.

— Se você não tivesse entrado na frente, talvez.. talvez o nosso bebê ainda estaria dentro de você. — soluça.

Paraliso.

Caio de joelhos no chão, assim que a minha ficha cai.

Eu perdi um filho, sem ao menos saber que estava esperando um.

Sinto novamente minha respiração ficar ofegante, e uma dor inexplicável invadir o meu peito.

— Não.. não. — digo desesperada em meio ao choro. — Isso é um pesadelo, não pode ser verdade. — fecho os olhos com força e os abro novamente, e eu ainda estava ali.

De joelhos no chão, observando o Rafael tocar o meu corpo e eu não sentir o seu toque.

— Faz essa dor parar. — soluço, me deitando no chão.

Sinto a dor da perda, mesmo sem saber que eu estava esperando o fruto do meu amor com o Rafael quando, ainda estava acordada.

Meu choro se intensifica e eu só queria que essa dor passasse.

— FAZ PARAR. — grito. — TIRA ESSA DOR DE MIM. — falo com a voz embargada. — Estou pronta para ir embora..

— Não mamãe. — levanto assustada do chão, encarando a criança que havia me trazido até aqui. — Você não está pronta para ir. — caminha até mim e toca o me rosto.

— Eu te perdi.. eu..

— O papai precisa de você. — limpa as minhas lágrimas. — Ele precisa mais de você com ele na terra, sua hora ainda não chegou mamãe.

— Está doendo. — levo a sua mão até o meu peito. — Por favor, faz parar de doer! — soluço.

— Você precisa viver para fazer com que a dor passe. — engulo em seco. — Seu coração está parando. — aponta e eu me viro para encarar os aparelhos.

Vejo Russo entrar em desespero e correr rapidamente para fora do quarto e em instantes, médicos e enfermeiros entram, tentando me reanimar.

— Você precisa viver mamãe! — sussurra em meu ouvido. — Eu sei que está doendo, mas você precisa ser forte. Então não desista, sua hora ainda não chegou.

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