Elide Lorcan jamais pensou que morreria daquela forma.
Em seu momento de maior alegria e conquista.
Mas ela não tinha mais forças para lutar.
Entreabria os olhos, vendo os rostos aflitos e preocupados através da camada embaçada de torpor. A dor era aguda e fisgava, mas não era como se ela sentisse prontamente como no começo.
Ela já tinha compreendido, com a nuvem que tomava sua consciência, que seria ela ou o bebê.
Não tinha o que pensar para ela. Faria o que fosse preciso para seu bebê sobreviver. Como sua mãe uma vez se sacrificou, usaria toda sua gana para conseguir.
A mão calejada e enorme de Lorcan apertou a sua, seus lábios pressionando seu dorso, com aquela barba por fazer adorável roçando-a.
Como ela o amava.
Seu único temor ao deixar este mundo seria a reação de Lorcan. O que ele faria se ela se fosse?
Pensar no sofrimento dela comprimiu seu peito, como se mil facas apontassem como um alvo para uma ferida já aberta.
Uma dor intensa latejou. Esta, ela sentiu. Foi aguda. Insuportável.
Bem longe, no zumbido de seu ouvido, ouviu uma voz gritar. Poderia ser sido ela, a julgar pelo quanto sua garganta estava doendo e seca.
Suor frio criava uma camada pegajosa sobre sua pele.
Um mal-estar tomava conta de si.
Ela arfou.
— Teremos que fazer cortar — a voz da curandeira avisou.
Parecia tão distante. A cabeça de Elide pendeu de um lado para o outro.
— Não — interveio Lorcan, com um rosnado profundo. — Ela vai sangrar até a morte.
— Se não fizermos — a curandeira disse algo que saiu abafado para a jovem. —...ela e o bebê.
— Lorcan — era Aelin. Elide conseguia ver a sombra de sua rainha perto do macho. — Pense bem.
Os cabelos escuros de Lorcan eram uma massa na semiconsciência de Elide. Ela se lembrava vagamente da sensação de acariciar aqueles fios grossos, mas sedosos quando ele deitava a cabeça em seu peito dizendo querer ouvir as batidas de seu coração. Certa vez, Elide o perguntou porque era tão importante para ele fazer isso.
Lorcan erguera a cabeça para ela e dissera: É a melodia mais linda que já ouvi. A razão de tudo para mim, no céu e na terra.
A garganta da jovem se apertou com a lembrança e ela choramingou.
O macho pressionou um beijo e sua testa.
— Está tudo bem, Elide. — Seu nome era uma oração. Sempre fora uma oração para Lorcan. — Vamos ficar bem.
Naquele sussurro havia uma promessa.
Uma promessa de vida, que ela não tinha certeza de que poderia cumprir, mesmo para ele.
— Faça — ordenou Lorcan, ao apertar a mão de Elide.
De longe, ela ouviu:
— Thesan chegou — era Feyre.
— Excelente — disse Madja, brevemente.
— Faça — Lorcan falou a mera sensação de atraso.
Um macho que parecia com o pôr-do-sol entrou em seu campo de visão.
Ele era lindo. Elide já o tinha visto antes, mas não conseguia se lembrar de onde.
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Corte de Fogo e Gelo
Fiksi PenggemarE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...