Aelin inclinou a cabeça para trás, recostando-se no peito de Rowan conforme observavam o sol nascer da sacada da Casa do Vento. Naquele dia, a rainha usava trajes confortáveis para a ocasião que esperavam.
Calças e blusa de camurça, botas, uma capa e armas, bem como Rowan.
Lembrou-se vagamente, conforme o sol despendia das montanhas no Leste, do dia em que fez Rowan dormir no chão. Aquilo o arrasou, e a ela também, se fosse ser sincera. Ela entendia os motivos do parceiro e seu coração ainda se apertava em remorso, mesmo depois de uma semana e de repetidas reconciliações.
Rowan a abraçou por trás, um braço envolvendo sua cintura e o outro, acariciando a mecha solta de sua trança.
— Tenho medo de perdê-lo — admitiu ela, limpando a garganta.
Rowan deu um beijo em seu cabelo, no topo da cabeça, e a puxou mais contra si. O aperto levou onda de energia por seu corpo e ela se aconchegou mais junto ao amor de sua vida.
— Fenrys? — Rowan sussurrou baixinho próximo ao ouvido dela.
Aelin anuiu.
— O mar é muito grande para se atravessar todos os dias, mesmo com os poderes que os dois possuem. Não é como se pudessem ficar tanto tempo longe um do outro — expôs ela. — Eu quase morri de saudade quando o mandei ficar em Wendlyn, se lembra?
Rowan a apertou carinhosamente.
— E eu mal conseguia respirar longe de você — admitiu o parceiro.
Realmente, ele havia custado a admitir isso para si mesmo, mas no fundo, Aelin sempre soubera, de alguma forma, no instante em que ele apareceu em Forte da Fenda, que tinha sentido saudade também. Lembrar daqueles dias sombrios era como levar uma tijolada no rosto. Só conseguia voltar ao mesmo pensamento: Helion descobriu a história de Bride e contaria a eles assim que atravessassem para a Corte Invernal, onde seria a reunião e o ponto de encontro.
Kallias, o Grão-Senhor da Corte Invernal, ofereceu sua casa para a reunião da qual Aelin encontrava-se ansiosíssima para participar. Helion adiantaria a eles a história, apenas para não chegarem lá sem saber de nada. Também levaria O Livro da Criação, como prova irrefutável da veracidade do que estavam passando.
Aelin estava cansada de guerras. Jamais pensou que entraria em outra, ainda mais considerando tudo pelo que passou. Sua mente já posicionava as engrenagens, visto que algo lhe dizia que ela tinha um papel importante nisso tudo. Como sempre, os deuses jamais a deixariam de lado nessa. Era o seu castigo, sua maldição.
Desviou a atenção para o sol e pensou novamente em Fenrys. A ideia de que o amigo ficasse na Corte Noturna era dolorosa. Ficar sem ele seria difícil, muito difícil.
— Fenrys é leal a você, Coração de fogo — emendou Rowan. — Não vai embora.
— Mas se quiser ir, não vou impedi-lo — disse, firmemente. A tristeza da ideia deve ter ficado aparente, já que Rowan afagou até mesmo a barreira de chamas dentro de sua cabeça. — Fenrys sofreu demais com a escravidão. Respeitarei a decisão que tomar.
— Faz bem, meu amor.
Ela inclinou a cabeça um pouco para o lado a fim de encarar aqueles olhos pinho.
— Pode parecer loucura, mas, por vezes, tenho Fenrys como um filho. Por mais que ele seja séculos mais velho do que eu — admitiu.
Um raio de sol bateu em seu rosto, aquecendo-o. Ela cerrou os olhos e o direcionou para as montanhas novamente. Rowan suspirou. O sol também manchava seu rosto bronzeado de dourado. O verde se seus olhos se intensificaram.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Corte de Fogo e Gelo
FanfictionE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...