Capítulo 34- Amanhecer na Corte Diurna

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Atenção: Este capítulo contém cenas impróprias para menores de dezoito anos.
***

Aedion ficou sem reação a primeiro momento.

Era justamente o que desejava quando deixou o penhoar cair no chão. Helion estava cansado demais, mentalmente falando, para não investir nas coisas que realmente desejava. Especialmente após tudo que aconteceu, todas as peças que unia em sua cabeça e o quanto isso de fato o assustava.

Ainda faltava unir algumas peças, mas deixaria para depois. A aurora se aproximava. A hora dourada. Helion continuou parado, observando cada mínimo detalhe do príncipe general que havia acabado de deixar em choque. Divertia-se com isso.

Não tinha qualquer intenção de trepar naquela noite, ou naquele dia. Mas Aedion bateu em sua porta. Lindo, com aquele cabelo curto e o peitoril a mostra, fazendo com que o desejo inundasse tão profundamente que o deixou com vertigem.

Sua pele formigava e o sangue fervia conforme apenas se encaravam.

Aquele seria o primeiro amanhecer da alta primavera. Tudo que florescesse naquele dia seria abençoado e bem-vindo.

— Você perguntou o que estávamos fazendo — disse Helion, depois de um tempo.

O palpitar brusco de seu coração também batia em outra parte. Visivelmente.

Tanto, que Aedion demorou a desviar o olhar para os dele quando ouviu sua voz. O jovem umedeceu os lábios.

— Esclareça-me, por favor — ele disse, gesticulando com a mão para que Helion falasse.

Abusadamente, o Grão-Senhor inclinou a cabeça para o lado.

— Esse é o meu traje de guerra — respondeu, apontando para o corpo nu.

Aedion virou a cabeça para trás e gargalhou.

— Este é o seu traje de guerra? Me admira como não tenha morrido ainda — o macho utilizava-se de uma falsa seriedade.

— Isto é para um tipo de batalha diferente — cantarolou. — Acho que sabe disso.

Cruzando os braços sobre o corpo, Aedion apenas seguiu fitando-o. Cada segundo daquilo era torturante e delicioso. Ele limpou a garganta ao dizer:

— Batalhas que envolvam corpo a corpo, eu imagino — aquele esboço de sorriso maldoso nos lábios rosados fez cada segundo ser ainda mais interessante. — Amo o fato de você não ter nenhuma vergonha na cara.

A voz de Helion saiu melódica ao explicar:

— Tenho seiscentos e cinquenta anos, garoto. Timidez é algo que não me pertence há muito, muito tempo.

Ele recebeu um sorriso torto e provocante. Aedion, aquele maldito, sabia como flertar.

— Ainda bem que a idade não o deixou rabugento — comentou ele.

— Não.

Assim, ele começou a caminhar pelo espaço, como quem não queria nada. Nunca chegando perto de Helion o suficiente...

— Ouvi falar que os Grão-Senhores possuem uma — ele passou os dedos pela mesinha de vidro atrás do sofá, como se procurasse por poeira no móvel — imensa capacidade de se...regenerar rapidamente.

— Nos curamos mais rápido, sim — respondeu, somente entendendo que não era aquilo que Aedion queria dizer depois que o mesmo deu um risinho maldoso.

— Não estava falando deste tipo de regeneração.

Helion riu, somente pela ideia de um garoto o ter passado a perna com um trocadilho.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora