Encarando a placa de carvalho do consultório de Madja, Feyre hesitou.
Muito havia acontecido naquela noite e ela estava exausta. Mas ainda tinha aquela tarefa, uma que fez questão de fazer por ela mesma.
O consultório da curandeira ficava em uma rua íngreme, do outro lado do centro comercial da cidade. Era adoravelmente ornado com lírios em pequenos jardins na calçada e portas duplas de madeira davam acesso a recepção.
Rhys deixara Vaughan ali cerca de duas horas antes e ela se voluntariou a ir no lugar do parceiro, que estava morto depois de ter os poderes sugados em um ritual macabro. Aquilo ainda tiraria muito o sono da Grã-Senhora.
Ela caminhou para dentro, puxando a porta e se encontrando em uma típica recepção clara, com uma bancada de mármore na parte oposta e uma porta adjacente ao lado, que levava para o consultório.
Feyre nunca estivera lá de fato, pois das outras vezes, a curandeira fora até eles. Mal gostava de se lembrar de se lembrar das ocasiões ruins em que fora solicitada...
Ela sacudiu a cabeça, indo até uma fileira de cadeiras a direita, tocando o sino em cima do balcão para avisar de sua chegada e sentando em seguida. Sentia-se inquieta ultimamente, desde Bride. Suas pernas começaram a sacudir no mesmo compasso da ampulheta que caía areia desesperadamente.
As coisas tinham ficado malucas o suficiente para Feyre acreditar que jamais teriam uma década sequer de normalidade. Afinal, os estrangeiros tiveram muitos problemas exatamente na mesma época que eles. Não poderia ser uma coincidência. Perdida em pensamentos, engoliu a náusea que a acometeu apenas por cogitar a ideia de um campo de batalha novamente.
E aquele dragão de Aelin? Onde havia encontrado aquela coisa? Sua cabeça se tornava uma confusão à medida que percebia que nada daquilo poderia fazer sentido. Ainda tinha o fato de terem sugado a energia de Rhys. E para quê? Nem poderia começar a pensar na tal Pedra, ou então enlouqueceria.
Um barulho irrompeu da porta adjacente, no lado oposto da sala e ela imediatamente se levantou. Uma Grã-Feérica simpática saiu de lá. A pele escura estava repuxada por rugas, os cabelos, ralos devido à idade. Os olhos castanhos ainda eram atentos e cheios de um calor interior, as mãos calejadas sobre a túnica cor de ocre. Poucos feéricos com quem Feyre tinha cruzado possuíam uma aparência mais velha, Madja, a curandeira, era um deles.
— Feyre! — saudou ela, abrindo um sorriso doce.
— Olá, Madja — cumprimentou de volta, estendendo a mão para a fêmea, que apertou suavemente. Olhando para além dela, começou: — E onde está...? — mas se ateve, pois naquele momento, um macho completamente diferente do que tinha chegado na Corte Noturna há algumas horas, apontou na porta.
Lindo e sombrio. Não haveria de existir palavras melhores para descrever aquele encantador de sombras. Suas características físicas se assemelhavam um pouco as de Az, tirando o tom de pele pálido que ele possuía. Bem como Mor e Fenrys. A Grã-Senhora só pôde observar isto conforme ele se aproximava, a pele do rosto perfeita, sem nenhum arranhão, inchaço ou vermelhidão. Sua cura rápida, combinada a magia sem igual de Madja, certamente aceleraram ainda mais a regeneração. O Lobo Branco de Doranelle também tinha um tipo, percebeu.
O macho parou a uma distância respeitosa dela e fez uma reverencia cortês e educada. Seu rosto era impassível, mas Feyre podia jurar que ele estava constrangido.
— Grã-Senhora — cumprimentou.
— Você é Vaughan — não era uma pergunta.
Por mais que Feyre soubesse que deveria, tratar bem o macho que sequestrou o parceiro de seu amigo era difícil.
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Corte de Fogo e Gelo
FanficE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...