Aelin utilizou-se do exemplo de Manon e aproveitou enquanto as criaturas tomavam forma para "ajeitar" o vestido. Ela dobrou sua calda e deu um nó, deixando as pernas livres de panos. Não esperava ter que rasga-lo como Manon fez, pois queria que Rowan o fizesse. No primeiro momento, pensou, estaria mentindo se dissesse que uma onda fria de medo não a tinha atravessado. Depois dos horrores da guerra, a rainha ainda tinha mais traumas para superar do que gostaria de admitir. Ultimamente até andava agradecendo pela vida tranquila, pedindo, com afinco, que nada atrapalhasse sua paz. Obviamente, Aelin tinha um histórico com deuses raivosos, logo, era de se esperar que alguma coisa interferisse em suas férias. Não contou que seria tão cedo. Pensou que teria ao menos uma década de descanso.
Clarões irromperam e, de repente, as criaturas magricelas e de pele cor de lodo avançaram contra eles. A rainha vinha puxando poder de seu poço desde o momento que viu as esferas caindo do céu e era uma questão de tempo até se irritar e liberar o poder que havia dentro dela. Aelin tinha se acostumado a um poder comum, era tranquilo, mais fácil de controlar, de puxar, mas também, de esgotar. Mas isso não a incomodava. Ver o fundo de seu poder era bom porque sabia que ele se recarregava mais rápido também. Ela guardou as lâminas curtas nas bainhas do cinto que usava e andou para a frente do grupo.
Um salto pouco atrás dela a fez perceber que Fenrys tinha voltado. Aelin se admirou por ele ter conseguido deixar Azriel na situação em que estava. Não é todo mundo que dispunha deste controle, não na situação que os dois estavam.
— Aelin, o que está fazendo? — indagou Rhys atrás dela.
Olhando por cima do ombro, a rainha disse:
— Vamos ver se eles são a prova de fogo.
Mas não ficou observando para ver sua reação ou de Feyre, apenas virou-se para frente, encarando o grupo de criaturas. Mais e mais caíam no chão, transformando-se, conforme ela puxava seu poder a superfície. Era bom sentir ele subindo por suas veias, aquecendo cada reentrância conforme sentia o calor emergir da ponta de seus dedos, saindo pelos poros de sua pele, invadindo primeiro suas mãos, depois envolvendo-a por completo, até não restar nenhuma parte de si que não estivesse completamente em chamas. O vestido dourado somente ajudou a fazê-la parecer ainda mais terrível do que realmente já aparentava.
Desejou que Rowan estivesse ali, talvez ela mandasse a imagem para ele através do laço quando tudo isso acabasse. As criaturas verdes fizeram a menção de avançar, mas quando viram o fogo irrompendo de Aelin, recuaram imediatamente. Ao menos, não fugiram, não quando as ondas de seu poder se libertaram, e ela atacou com tudo que tinha. Lembrou-se vagamente do exército ilken que incinerara certa vez. Era muito maior em números do que aquelas criaturas que faziam fila para virar churrasco.
Aelin soltou seu poder sobre eles. O mundo diante de seus olhos virou chamas e, por um momento quase pareceu que a aurora havia chegado. Ela viu, com interesse, as criaturas lentamente ficando escuras com a intensidade das ondas de fogo. Golpeou mais uma vez, apenas para efeito dramático. Assim, as criaturas que se dispunham ladeira abaixo foram escurecendo e suas formas, dissolvendo em cinzas.
Quando Aelin acabou, a rua estava chamuscada, como se recém pintada de graxa. E as cinzas, voavam pelos ares. Em compensação, as criaturas não paravam de cair do céu, especialmente na margem oposta, onde a barreira se mantinha firme. A rainha virou para trás. Todos eles estavam sujos de cinzas. Os cabelos pretos de Rhysand pareciam grisalhos, bem como os de Helion, que, sem tirar os olhos de Aelin, levou os dedos no ombro para varrer a poeira. Os olhos âmbares brilhavam com interesse.
— Rainha do fogo mesmo — ele constatou, com um risinho.
Aelin deu de ombros, desinteressada. Feyre se aproximou dela e levou a mão em seu ombro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Corte de Fogo e Gelo
FanfictionE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...