Capítulo 10- Um toque de ouro

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Fenrys girou nas sombras quentes e confusas que o envolviam. Ele podia ver Azriel, mas não podia tocá-lo. A confusão o fez girar e quase pareceu uma eternidade. Ficou nauseado conforme dava voltas nas sombras, certo de que o encantador de sombras se divertia pelo que fazia com ele, de modo que começou a se arrepender por o ter desafiado segundos antes. Estraçalharia aquele macho quando tivesse a chance.

Depois do que pareceu um século, ele sentiu a mão firme de Azriel sob a sua e apertou, focando em algo além da tontura que o macho havia proporcionado naquela vingancinha ridícula. Os pés de Fenrys tocaram o chão firme e ele cambaleou para trás. Azriel segurou sua mão com força, evitando que ele tropeçasse no degrau.

— Vou matar você — rosnou Fenrys, um tanto sem ar, respirando profundamente.

Azriel era uma calma fria, a curva dos lábios erguendo-se suavemente em um sorriso satisfatório. Fenrys arfou.

— Vou te matar — ele tornou a repetir.

— Adoraria vê-lo tentar — disparou Az, a voz inabalável.

Naquele momento, o coração de Fenrys saltou em adrenalina. As palavras de desafio de Azriel misturaram-se as de escárnio de Lorcan, que ecoavam como um grito em um espaço vazio: Você está fodido.

***

Azriel respirou fundo, tentando manter a calma. Jamais havia a perdido tão rapidamente, pelo menos, não a ponto de quebrar o protocolo de boas maneiras para com um membro da outra corte e o fazer girar em suas sombras nos segundos enquanto eles atravessaram. Com pesar, chegaram rapidamente na sala de jantar da Casa do Vento. O brilho da lua e das estrelas entrava, deixando Fenrys como uma mistura prateada e dourada, exatamente como Az imaginava que seria um deus. Ele arfava. Isso era bom. Significava que ele tinha conseguido deixá-lo tonto. Então vieram mais ameaças. Os olhos do outro macho brilhavam com arrogância, mesmo que ele ainda estivesse desconcertado.

Az sentiu-se satisfeito por cada tomada de fôlego do outro macho.

— Por que fez isso? — Perguntou Fenrys, grunhindo para ele depois que Az o provocou.

Rapidamente, ele passou os olhos pela sala de estar, certificando-se de que Aelin ou Feyre não estavam por perto. Aparentemente, não tinham chegado ainda. Az agiu com uma rapidez impressionante e jogou o macho contra a parede mais próxima. O fôlego de Fenrys ficou preso na garganta, mas a prepotência jamais deixava seus olhos que agora pareciam com chocolate. Az pressionou a mão sobre a pele nua do pescoço do macho. Era febrilmente quente e ele podia sentir a pulsação acelerada dele.

Porque — Az se aproximou, erguendo o queixo. Os olhos deles ficaram na mesma direção. Suas asas ficaram recolhidas para trás, para dar-lhe mais equilíbrio. — Eu não te conheço. Porque você debochou de mim desde o instante que me viu e porque, na minha casa, as únicas ordens que eu recebo são dos meus grão-senhores. Entendido?

As narinas de Fenrys dilataram e ele mostrou os dentes, passando a língua em um de seus caninos afiados.

Está estressadinho, encantador de sombras? — O tom de voz dele despertou o que havia de mais primitivo em Az.

Az o pressionou ainda mais contra a parede, de modo que ele soltou um ruído baixo.

— Pare de me chamar assim — rosnou ele, com desprezo na voz. — Quem você pensa que é?

E então, ele riu. Mais rápido que Az poderia prever, sua mão estava vazia. Ele olhava para a parede e para o pequeno espaço onde o macho estivera segundos atrás. Unindo as sobrancelhas, ele sentiu uma presença surgir atrás dele, jogando-o contra a parede de costas, de modo que sua bochecha se apertou contra a madeira fria. Podia sentir um antebraço musculoso prendendo sua nuca. Az abriu as asas para o lado, a fim de não serem esmagadas também. Assim, ele reconheceu o cheiro imediatamente. Fenrys. Ele aproximou os lábios na orelha de Az, que sentiu seu hálito quente, lutando contra o estremecer que aqueceu suas veias de raiva.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora