Capítulo 18- O clímax

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E lá estava ele, beijado pelo sol, terrível e belo. Era como a réplica de deuses antigos, pela sua presença única e aguardada. Feyre olhou profundamente para ele conforme as pessoas se afastavam para que ele passasse. Helion tinha vindo sem a Corte dele, o que só a fazia acreditar que ele realmente confiava na Corte Noturna a ponto de vir sozinho. Seu andar era calculado como a sua calma e não havia sequer uma parte dele que não emanava poder e conhecimentos além da imaginação. Rhys era o Grão-Senhor mais poderoso da história, Helion deveria ter a segunda posição, embora Feyre jamais tenha perguntado ao parceiro.

Havia um quê de diversão naqueles olhos âmbar, que lembravam os próprios raios de sol da manhã. Certamente, assim como o sol, não deveria ser muito sábio olhar para aqueles olhos por muito tempo. Feyre sentiu duas presenças praticamente silenciosas se aproximarem e ficarem atrás deles. Era Fenrys e Azriel, os únicos que não estiveram por perto. Rhys tinha erguido o queixo, o sorriso maldoso dele casava bem ao diabólico de Helion. Feyre ainda não tinha certeza do que pensar a respeito de Lucien. Ele estava parado à esquerda dela, completamente imóvel. Não sabia dizer se ele de fato já havia conhecido o pai. Um segredo que a mãe de Lucien, Beron, seus irmãos, ela e Rhys deveriam ser os únicos a saber. Ao menos, Beron e os filhos deveriam suspeitar, mas sem ter como provar.

Arriscou olhar de soslaio para Aelin ao lado de Rhys; em seguida, para Rowan. Ambos estavam silenciosos, observadores, como felinos a espera da comida. Mas, havia algo diferente em Rowan, algo que Feyre não foi capaz de identificar. No segundo em que Helion chegou até eles, a música tinha diminuído para ambiente, as pessoas estavam silenciosas e a tensão havia subido. Era a primeira vez que outro Grão-Senhor adentrava os muros de Velaris. Aquilo era uma novidade, de todo modo. Helion parou a uma distância segura, sabiamente calculada, abaixo de um dos lustres de cristal que pendiam do teto. Aquela luz dourada o deixava ainda mais belo e aterrorizante.

A postura agradável e casual de Rhys era visível quando ele deu um passo a frente e fez um aceno de cabeça para Helion, que o retribuiu da mesma forma. Estendendo o braço de maneira apresentativa, Rhys olhou da Corte Estrangeira para Helion ao dizer:

— Este é Helion, Grão Senhor da Corte Diurna— disse Rhys, suavemente. — Que bom que pôde vir.

O canto da boca do Senhor da Diurna se ergueu em um sorriso quase erótico.

— O papai chegou — e abriu os braços, exibindo-se.

Rhys, que já havia voltado para seu lugar, sugou os lábios para dentro.

— Papai mesmo — comentou ele, em seguida.

Feyre sentiu o corpo travar. Todos tinham ouvido o comentário debochado de seu parceiro. Discretamente, ela beliscou o braço do parceiro por trás, que emitiu um ruído quase inaudível. Lucien, que antes não havia tirado os olhos de Helion, virou para Feyre, confuso.

— O que foi que ele disse? — Indagou Lucien, desviando para Rhys.

Encabulada, Feyre apenas sorriu. Rhys, seu canalha, eu não acredito que fez isso, ela rugiu pelo laço.

Feyre, meu amor, me perdoa. É que reuniões familiares me deixam emotivo.

Canalha, disse ela, segurando o nervosismo.

Eu sei, ronronou ele.

Assim, o laço ficou silencioso antes que alguém percebesse que eles conversavam por ali. Tomando a frente da conversa, Feyre deu um passo à frente.

— Nada. Rhys se empolga às vezes. — Fez questão de olhar para o parceiro com repreensão naquele momento.

Para seu alívio, Lucien deu de ombros. A atenção de Helion, contudo, tinha sido desviada para ele. A julgar pela forma enigmática que os olhos cerrados do Grão-Senhor estudavam o filho, era quase como se soubesse.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora