Suas escamas azuladas de bordas douradas cintilavam mesmo não havendo mais luz do dia. A noite havia chegado rápido, bem antes do que qualquer um previra. Segurando em sua pelugem ruiva, estavam Manon e Lucien.
O bater pesado de suas asas sacudiu as copas das árvores, evitando poeira apenas porque tinha chovido. Pousando no chão, Thuata se sentou sobre as patas para que seus passageiros descessem. Os dois saltaram enquanto Aengus não tirava os olhos do dragão, bem como o mesmo não o fazia. O dourado ao redor da irís estava intenso como o amanhecer.
Com um meio sorriso, Aengus desviou a atenção do dragão, voltando-se para Rowan, como se planejasse os próximos passos. Será que ele tinha noção que estava encurralado?
Ou apenas era tão poderoso que sequer se importava? Uma coisa que a rainha sabia era que não deveriam substimá-lo.
De repente, ele disse:
— Por que não conta a sua parceira, macho? — O deus sombrio encarou Aelin no chão com malícia.
Ela fez força para levantar, ignorando a vertigem que a tomou. Apoiando as mãos na terra, Aelin franziu o cenho para o parceiro, que por sua vez, encarava Aengus como se pudesse estraçalha-lo pedaço por pedaço.
— Do que ele está falando, Rowan? — A rainha insistiu. Sua cabeça nem mais importava mais, a dor pouco a pouco se esvaía, mas como poderia? Tinha certeza que estava machucada.
De soslaio, viu que a mão do "inconsciente" Rhys no bolso. Ele era um desgraçado muito esperto e certamente tinha muito a ver com a sua cura milagrosa.
Aelin se sentiu forte o bastante para conseguir se levantar. Quanto mais tempo o foco estivesse nela, naquela conversa, mais tempo Rhys teria para atacar sem que Aengus notasse.
No sonho de Fenrys, o que tinha dado errado foi terem tentado atacar Aengus sozinho. Rhys e Feyre. Aelin e Rowan. E desde aquela visão, eles têm tentado juntar as peças e ver o que poderia ser feito para mudar aquele destino.
As armas eram poderosas nas suas mãos, mas não como Aengus o era sozinho. Tinha uma peça faltando naquele tabuleiro. Mas o que? O que?
A rainha mais uma vez encarou Rowan, completamente ereta. O que Aengus poderia saber de seu parceiro que ela já não soubesse? Engolindo em seco, exigiu:
— O. QUE. ELE. QUIS. DIZER.
Rowan soltou o ar, as mãos se fechando sobre os punhos. Ela sabia, em seu coração, que algo arrasador deixaria seus lábios naquele momento. Preparou-se, mesmo que soubesse que nada poderia fazer.
Em alto e bom tom, o príncipe declarou:
— Sou o herdeiro de Aengus. — Os suspiros de surpresa e choque foram inevitáveis. — Ele depositou seus poderes na linhagem da minha família, mas sua benção caiu sobre mim. Por isso entendo Thuata. Por isso sou o príncipe de fogo e gelo.
Principe de Fogo e Gelo.
Aquele maldito apelido que Aelin e todos tentaram entender e que Rowan mentira tão brilhantemente sobre. Seus olhos verde-pinho mostravam a o quanto ele sentia por ter mentido, e o quanto aquilo o custou.
— E por que escondeu isso, Rowan? — Foi Manon quem perguntou, os olhos semicerrando com desconfiança.
Aelin imediatamente entendeu o plano de Aengus. O desejo de fragmentar a confiança que tinham entre si, até que ele pudesse entrar, pouco a pouco, e destruir tudo de dentro para fora.
— Eu não poderia partilhar isso sem antes ter certeza. — Rowan retrucou, sério e escondendo a ofensa que transpareceu um segundo em seu olhar pela desconfiança da amiga. — Aengus é um desgraçado. Me contou naquele dia em que invadimos o palácio.
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Corte de Fogo e Gelo
FanfictionE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...