Capítulo 4- O jantar, parte 2

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Manon se aproximou. Ela deu um sorriso pouco convincente. Honestamente, quem olhasse de fora, como Feyre fazia, pensaria que aquele era o sorriso de alguém que comeu algo e não gostou. Claramente, ela não era tão sociável quanto Aelin. A Rainha bruxa se virou para Feyre, intrigada. Os olhos dourados eram como os de um felino sagaz.

— Você — seu tom era inquisidor a cada sílaba. Dorian lançou um olhar de desculpas a Feyre. — Soube que é a primeira Grã-Senhora de Prythian —não era uma pergunta, mas uma afirmação.

Feyre e Rhys trocaram um olhar rápido. Claramente, ele queria que Feyre fosse a estrela da noite, a julgar pelo olhar orgulhoso. Suavemente, Feyre assentiu.

— Sim, está certa.

Manon emitiu um ruído de concordância e o silêncio reinou por alguns segundos, até Rhys o quebrar.

— Soubemos de seu bichinho de estimação — começou ele. Feyre quis passar por Aelin e o beliscar. Devagar, Manon desviou o olhar para ele, como se o notasse pela primeira vez. — Ele voltou bem da caçada?

Aelin riu. Rowan comprimiu um sorriso ao dar uma golada no vinho. Dorian ficou imóvel, com as mãos suavemente descansando na cintura da rainha bruxa. Feyre encarou o chão conforme notou os olhos de Manon se incendiarem ao desviar para Aelin.

— Foi assim que você chamou Abraxos. — Mais uma vez, não era uma pergunta. Manon parecia orgulhosa demais para fazer perguntas. Quaisquer que tivesse, eram ditas em tom de exigência, Feyre percebeu.

A rainha loira encarou a rainha de cabelos brancos. Um sorriso debochado fraco se esboçava em seus lábios quando ela ronronou:

— Não seja tão séria, Manon. Senso de humor é algo que deveria tentar. Jamais desrespeitaria Abraxos, você sabe disso.

Manon elevou o queixo. Uma amizade cheia de altos e baixos, era o que parecia a relação de Aelin e Manon. As duas trocaram olhares antes de Manon se voltar para Rhys.

— Bom, Abraxos não é um bichinho de estimação. Ele é a serpente alada que nos trouxe.

Oh. Oh.

Pelo laço, Rhys disse: Feyre querida, me lembre de jamais perguntar sobre os bichinhos de estimação das pessoas. Afinal, você viu o tamanho daquela besta?

Feyre não pôde contar o riso debochado ao retrucar: Não foi por falta de aviso, foi?

Juro que te ouvirei da próxima vez, ele garantiu.

Assim, Rhys encarou Manon, sugando os lábios para dentro da boca.

— Ele é...adorável. — Habilidosamente, Rhys contornou a hesitação com carisma e a rainha mal pareceu notar.

Dorian, que aparentava ser tão político quanto Rhys, começou a fazer perguntas sobre Prythian, o funcionamento das cortes e funções básicas de Estado. Ele adicionava como funcionavam as coisas no reino dele, Adarlan. Aelin também fazia o mesmo. O lado bom de conversarem sobre assuntos mais sérios pareceu funcionar como uma maneira de começar a partir a parede de gelo que havia sido construída em Rowan e Rhys. Os dois, embora lado a lado, mantinham uma distância um do outro como se tivessem doenças infecciosas. E, parecia claro para Feyre, e Aelin, que ambos lutavam contra os instintos territoriais.

Aelin olhou para trás e, sozinha na mesa, estava Nestha, em sua quinta taça de vinho, talvez?

Feyre correu os olhos pela sala e viu que Elain conversava animadamente com Elide, sentada no longo sofá na sala de estar, ao lado da de jantar. Lorcan e Azriel eram como sombras pairando atrás das fêmeas. Eles não participavam aa conversa, apenas se entreolhavam com desconfiança. Mor e Cass, por outro lado, pareciam se dar bem com Lady Lysandra e Príncipe Aedion, embora se pudesse notar certa tensão. Muitos machos feéricos que não se conheciam em um só lugar. Era evidente que se esforçavam para parecer sociáveis. Amren apenas pairava ao lado de Mor, olhando Manon com atenção.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora