Fenrys chegou em uma das principais ruas de Orynth pouco antes das quatro da tarde. A Rua das Treze era de calçamento e bem larga. Era o lugar onde Fenrys constantemente passava para admirar uma das casas à venda na rua, desejando que ela um dia fosse sua, ainda que não tivesse certeza, à época, com quem dividi-la. Conforme atravessava a rua, o sol da tarde batia nas pedras branco-acinzentadas do chão, bem como na casa.
Nº820.
Ele quase não acreditou. Diante de sim estava a casa dos seus sonhos. Uma mansão de dois andares. Havia um muro baixo, com grandes em espirais e portões duplos de ferro pintado com um dourado delicado. Um pequeno jardim o separava da porta da frente, onde uma passarela de concreto se dispunhas até os dois degraus da varanda de entrada. Ali tinha duas cadeiras de balanço e Fenrys podia facilmente se imaginar com Az, tomando sol, conversando sobre qualquer assunto banal.
Paz. Invejada e irreverente. Tinham comprado a casa do Fenrys sempre sonhou em ter. Para viverem juntos.
Apressando-se aos degraus de pedra, ele olhou para a porta polida de carvalho, com maçaneta dourada e a abriu. O sol da tarde entrava pela claraboia do teto. Um tapete bonito se estendia da entrada, bifurcando-se para os degraus de tabaco que levavam ao andar de cima e para uma porta que seguia o corredor, até o provavelmente deveria ser a cozinha. Portas duplas de arrastar se dispunham de ambos os lados do amplo hall de entrada. Fenrys sentia cheiro de comida e também, aromas que já faziam parte da casa: Azriel, Aaron, Christian, ele. Até mesmo Rowan e Lyria.
Ele foi a porta da direita e encontrou uma linda sala de música. A janela virada para rua iluminava as espreguiçadeiras verde-musgo com dourado e o piano de calda branco no centro. A cortina natural de poeira dourada produzida pelos raios de sol combinava lindamente com o espaço. Partituras remexidas em uma estante do lado oposto sugeria que alguém da casa tocava. Ele fechou a porta e foi para o lado esquerdo do hall. Uma sala aconchegante, com mobília verde-musgo e dourado, uma lareira grande e bonita ladeada por sofás e poltronas e um pequeno bar, com bancada e adega, no lado oposto ao da janela que dava para a rua.
Fenrys ficou parado ali até ouvir barulho no andar de cima. Ele conhecia bem aquele barulho. Jogo de dardos. Subiu as escadas com presa e se viu em um hall que se bifurcava para três direções. Resolveu seguir o som de dardos de novo e seguiu para a esquerda. Até portas duplas no final do corredor. Quando as abriu, deparou-se com uma sala de jogo/biblioteca pessoal. Do lado direito, prateleiras embutidas nas paredes possuíam livros quase do chão ao teto, de modo que tinham até uma escada de correr atada a elas. Existiam espreguiçadeiras e pufes e uma lareira, bem entre duas prateleiras. Na direção oposta, havia dois alvos pendurados como quadros na parede. O papel de parede creme com dourado combinava com o piso de madeira, e mobília verde-musgo e dourada. Uma mesa grande e retangular ficava próxima as duas janelas, que tinham visão para a uma das laterais da casa, bem como visão parcial do castelo de Orynth e montanhas além. Estavam abertas, as cortinas marfins balançando com o vento agradável que entrava. No espaço entre as janelas, havia uma mesa com prateleiras, que dispunham de bebidas e copos e até tira-gostos.
Lyria se virava dali, com um copo de água da mão e outro de uísque.
— Olá, tio Fenrys.
Mais um dardo bateu no alvo, bem no centro. Os dois alvos ficavam ao lado de uma mesa de bilhar, onde Rhen, a uma certa distância, segurava dardos nas mãos e os atirava. Sempre atingiam o centro vermelho.
Rhen sorriu para Lyria.
— Não precisava, Lyria querida — disse ele, estendendo a mão para o copo de uísque.
Ela o afastou dele, levando a boca. Assim, esticou a mão com o copo de água. Rhen deu um sorriso de deboche. Lyria gargalhou.
— Você esperava mesmo que eu iria lhe servir uísque? Disse que estava com sede, eu lhe trouxe água — suspirou ela, sarcasticamente.
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Corte de Fogo e Gelo
FanfictionE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...