Capítulo 16- O preço de uma aposta

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Cassian chegou à sala de treinamento, seu lugar favorito da Casa do Vento por uma série de motivos. Os ringues a céu aberto, as prateleiras de armas, frescor do vento da manhã batendo em seu rosto. Para sua felicidade, ou nem tanto, Nestha já estava lá, sentada em um longo banco ao lado de Elain, que conversava baixinho com Az. Nestha nem ergueu os olhos do livro enquanto Cassian passava por ela encarando. Parecia impossível não encarar naqueles dias, principalmente porque ela fazia questão de ignorá-lo. Estavam ali aguardando a corte estrangeira, porque simplesmente haviam decidido comparar habilidades, o que Cass associava a uma desculpa esfarrapada para eles se baterem "legalmente", sem que as fêmeas revirassem os olhos com desprezo e jogassem na cara deles o quanto eram "previsíveis" e "territoriais". 

Cass seguiu até uma prateleira onde haviam faixas brancas penduradas. Ele pegou uma e começou a enrolar nas juntas de sua mão. Com o baile a noite, ele precisava mesmo gastar energias, mais para evitar que gritasse com Nestha e sua postura empertigada e superior. Sutilmente, ele olhou para Az, ao lado de Elain. Ele parecia bem melhor do que no dia anterior, quando o general e Rhys o deixaram. As olheiras estavam mais controladas e o abatimento dos seus olhos também. Não precisava nem perguntar para saber que o amigo estava tenso porque Fenrys provavelmente apareceria para o treinamento. Ainda não tinham conversado, e Cass notava isso apenas pelo ar de tristeza nos olhos do macho, mesmo que fosse quase imperceptível para quem não conhecesse.

Quando terminou de enfaixar as mãos, Lorcan apontou na porta, seguido de Elide, Aedion, Rowan e...Fenrys vinha por último. O sorrisinho irritante e arrogância sombria permaneciam naquele semblante tranquilo dele. Cass quis voar no pescoço do lobo por isso. Não ousou olhar para Azriel, mas sabia que ele tinha enrijecido ao lado de Elain. Nem mesmo Fenrys olhou para ele e Cass não tinha certeza se isso era bom ou ruim.

Lorcan foi o primeiro a se aproximar.

— Pronto para levar uma surra, general? — perguntou ele, com um humor sombrio.

Cass riu com escárnio.

— Pronto para morder a língua? — retrucou Cass.

Mais pessoas passavam pela porta, como se tivessem combinado. Rhys veio, junto de Feyre. Lysandra vinha atrás, de braços dados com Mor, elas tinham realmente se tornado amigas. As fêmeas foram se sentando quando Aelin entrou no recinto, Manon e Dorian atrás dela. Percebeu que nem ela nem a rainha das bruxas usavam vestidos e sim, calças flexíveis e camisetas frescas. As duas estavam sorridentes de um jeito que deixou Cassian ansioso.

Ele passou pelas cordas de contenção de um dos ringues e olhou para os machos estrangeiros, com um ar de divertimento.

— Quem quer ser derrotado primeiro?

Uma onda de risinhos prepotentes atingiu o ambiente. Amren apontou pela porta e se sentou ao lado de Manon. Desde quando as duas eram amigas? Cass se perdeu tanto no devaneio que mal ouviu quando uma voz cantarolou para ele:

— Eu vou — disse a voz.

Cass engoliu em seco. Seus olhos bateram em Az rapidamente antes de virar para o alvo. Az ficou pálido, suas sombras se intensificaram ao redor dele. Assim, o general se virou para o foco da voz: Fenrys. O sorrisinho convencido era caraterístico de quem já o provocava para levar o primeiro soco. Rowan bufou ao lado do macho e olhou com pena para Cass. Ele odiou cada maldito segundo daquela ideia idiota.

— Você está fodido — riu Lorcan, friamente. 

— Eu não diria isso, se fosse você — aproximou-se Rhys, com as mãos nos bolsos. — Cassian não é o general de meus exércitos atoa. Ele cansou de vencer a todos nós.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora