De asas abertas

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Az continuou olhando para ele. Estava completamente hipnotizado. Por aquela sensação, pelo gosto de seus lábios, tão macios, completamente diferente da dureza daquele corpo esculpido por deuses. Seu hálito batia nos lábios de Az, fazendo-o estremecer. Depois daquele beijo, estava mais do que entorpecido, necessitado do cheiro dele, de seu gosto, como um viciado.

Ele começou a pensar em que momento havia decidido que Fenrys podia tocar em suas asas e, logicamente, nada veio em mente. Ele simplesmente deixou, porque era natural como respirar. Mesmo que ele não estivesse com as mãos nela agora e sim, em volta do pescoço de Az, ainda podia sentir os dedos dele, acariciando-as. Az perdeu total e absoluto controle sobre si e apenas se entregou. Fenrys inclinou o queixo para a frente e tocou os lábios de Az de novo. Uma onda gélida de nervosismo o atravessou como se fosse um filhote novamente.

Az apertou Fenrys contra ele, desfrutando de seu calor. O lobo se afastou um instante, o suficiente apenas para olhar nos olhos de Az.

Pela Mãe, como ele era lindo, ainda mais banhado naquela luz prateada da noite.

Um sorriso travesso se formava em sua boca, como uma criança prestes a fazer arte.

— Então, você pode carregar muito peso enquanto voa? — Ele indagou, propositalmente.

Az sentiu uma risada sair de dentro dele enquanto buscava se concentrar na voz de Fenrys e não apenas nos dedos dele em seu cabelo. Ou no maravilhamento do corpo firme do guerreiro contra o dele. A lua brilhava na ponte, nos cabelos dourados de Fenrys, no rio calmo abaixo.

— Por que a pergunta? — Sua voz saiu baixinha como de um amante.

Fenrys deu de ombros.

— Apenas...curioso — ele contraiu os lábios para o lado, como quem não quer nada.

Az agiu rapidamente e deu um beijo na boca dele. Apenas um toque febril. Sem línguas, ou Az certamente começaria uma obscenidade no meio da rua, o que não agradaria seus Grão-senhores. Fenrys deu um sorriso preguiçoso. Droga de sorriso lindo, ele pensou.

— Apenas curioso não é uma resposta precisa — argumentou Az.

— Depende do ponto de vista — disse ele, dedilhando a asa direita de Az.

Imediatamente, o mestre-espião sentiu a parte entre suas pernas se contrair. Ele fechou os olhos rapidamente e respirou fundo, em busca de controle contra os instintos que ameaçavam destruí-lo.

— Pedi para não fazer isso em público — ele ergueu uma sobrancelha para Fenrys, que se fazia de desentendido.

— Eu tinha me esquecido. Perdão — Fenrys disse, cinicamente.

— Não faz nem cinco minutos — retrucou Az, não conseguindo controlar enquanto suas mãos subiam e desciam nas costas de Fenrys. Mesmo com roupas, os músculos dele eram duros como uma rocha ao toque. — E a resposta é sim, eu consigo carregar o que eu puder aguentar — acrescentou ele.

Um brilho esperançoso cresceu em Fenrys. E foi assim que Az entendeu do que aquilo se tratava. Ele estreitou os olhos para o lobo, com um fantasma de sorriso no rosto. Fazia tempo que Az não ria tão facilmente.

— Você quer voar — constatou Az, semicerrando os olhos. Aquilo não era exatamente era uma pergunta.

Fenrys bufou, incrédulo.

— Não seja ridí... — começou ele. Azriel franziu o cenho para ele, como se dissesse que era melhor não negar. — Está bem, digamos que eu queira...

— Uhum. Estou ouvindo.

Fenrys revirou os olhos.

— Vocês, illyrianos, tem algum problema com a expressão por favor, não é? Vocês não gostam de dizê-la, mas amam quando alguém diz para vocês — comentou ele, sarcasticamente.

Az considerou aquilo por uns instantes, a ponto de Fenrys grunhir de irritação.

— Um "por favor", dependendo de quem o diz, tem um efeito surpreendente em machos illyrianos, Fenrys — declarou Az, rindo.

Naquele momento, Fenrys o segurou firme pela nuca, aproximando os lábios aos de Azriel, a ponto destes se moverem enquanto Fenrys falava em sua boca. A sensação leve naquele fantasma de beijo com exigência fez Azriel perder o fôlego.

— É a primeira vez que você me chama pelo nome assim — aquele maldito hálito quente tornava difícil que Az prestasse atenção no que Fenrys estava falando. — Eu gostaria muito de voar com você, Azriel. — Az puxou o ar diante do nome dele nos lábios de Fenrys, naquele tom de provocação. Fenrys pressionou mais os lábios contra o dele, mas não o suficiente para que fosse um beijo. — Por favor — acrescentou ele, maldosamente.

Az soltou uma risada rouca, que rasgou sua garganta.

— Fenrys, seu macho desgraçado — ele resmungou. Fenrys gargalhou baixinho e debochado. — Vai me pagar por isso.

E assim, mais rápido do que um pensamento, mais rápido até para que Fenrys reagisse, ele girou o macho em seu corpo. Um segundo depois, Fenrys ofegava, suas costas nos peitos de Az, sua bunda firme contra a parte dura de Azriel. O mestre-espião abriu as mãos, envolvendo o lobo. Uma mão em cima de seu abdômen firme, outra em cima de seu peito largo. O coração de Fenrys batia ferozmente quando Az chegou os lábios na orelha dele e disse, provocativamente:

— Seu pedido é uma ordem.

Fenrys soltou um grunhido de aprovação e Az não pôde deixar de pensar em quais sons ele faria em outras ocasiões. O macho virou o rosto o suficiente para que seus olhos encontrassem os de Az.

— Se você me deixar cair, eu mato você — ameaçou ele.

A ameaça surtiu efeitos interno e externamente em Az, que preferiu apenas engolir em seco.

— Isso se você conseguir me pegar para me matar — replicou ele, mordendo a ponta da orelha de Fenrys, que imediatamente estremeceu contra ele, xingando baixinho. — Segure firme, lobo.

Antes que Fenrys pudesse responder, Az os impulsionou para cima, o vento fresco batendo em seus rostos, quando voaram para dentro da noite.

***

Bônus porque meu círculo íntimo é o melhor. Beijossss. Aguardem capítulo novo na segunda.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora