Capítulo 44- Na Corte Invernal

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Helion ajeitou a roupa, ao lado esquerdo de Kallias, que apenas se dignou a um aceno breve. Viviane estava do outro lado dele. Ambos vestidos com trajes azuis gelo, e casacos de pele brancos elegantes sobre os ombros. As coroas de ouro branco traziam gemas da cor de seus olhos, que eram de um azul lapidado e pálido.

Atrás deles estavam Mor, Aedion e Lysandra.

Eles ainda não tinham conversado sobre como seria depois que deixassem a Corte Diurna, especialmente com tudo que aconteceu lá. No instante em chegaram, Helion percebeu o inalar profundo de Kallias para os quatro. Depois, um leve torcer de cenho, seguido de um rubor nas bochechas pálidas, pela percepção do quê tinha acontecido. Viviane fora bem menos discreta, e correu para abraçar Mor, dizendo:

— Morrigan, sua danadinha.

A terceira no comando ficou da cor de seu casaco vinho. Mas as duas começaram os gritinhos agudos e os abraços, como da última vez em que se viram na reunião de Grão-Senhores. Assim, o assunto, graças à seja lá quem fosse, foi suprimido e ignorado. Entretanto, ali, esperando a chegada da Corte Noturna, souberam: o assunto estaria longe de ser esquecido.

Pelo menos, Lucien não compareceria e ele não precisaria que o filho soubesse disso, não por meio de cheiros. Helion sempre amaldiçoava a falta de privacidade do olfato feérico. Testariam o quão péssimo isso poderia ser nos próximos dois dias.

Tinham a vantagem do Livro da Criação, combinariam isso com o que aconteceu no eclipse. Helion acordou puto na noite do Eclipse. Não havia palavra melhor para descrever seu estado de espírito. Ele acordou puto com o fato de ter apagado, uma vozinha irritante, como se fosse um mosquito, zumbindo em seu ouvido, roubando sua consciência, sua força. Bem na hora em que...

Ele limpou a garganta, tentando não lembrar que estava no meio de uma conversa interessante com Aedion na ocasião. O macho pareceu não ligar, pois sabia que o evento não tinha sido natural.

O vento soprou de repente, trazendo consigo, cheiros familiares.

Diante dos olhos de Helion, uma corte começou a aparecer. Primeiro Rhysand, em sua tradicional túnica preta, combinada a um casaco pesado elegante e escuro. Do seu lado, Aelin, em todo seu esplendor, com um vestido turquesa de veludo, cujo colarinho era de pelo branco. Sua coroa, cuja gema parecia um rubi, mas não era, brilhava com o sol fraco. Como Helion odiava frio. Para ele, era extremamente desconfortável trajar casacos pesados ao invés de túnicas fluidas e braceletes dourados. Rowan estava ao seu lado, a roupa combinando com a da rainha. Sua coroa dourada também era trabalhada para simular galhadas de um cervo e chamas ao mesmo tempo. Ficava linda em contraste com seu cabelo prateado, pele morena e olhos verde-pinho. Que os deuses abençoassem a beleza daquele macho, pois era tão sensacional quanto a da parceira. Ao lado de Rowan, Manon, a rainha das bruxas, de olhos dourados sedutores e mortais. A coroa de diferentes gemas contrastando ao vestido escuro e a capa carmesim, bordada com dourado. Dorian Havilliard, o rei de Adarlan, era uma presença imponente, silenciosa e elegante ao lado dela. A safira de seu olhar combinava bastante com o clima sazonal dali.

Atrás deles, estavam Lady Elide, com uma pequena barriguinha começando a dar o ar de sua graça, Lorcan ao lado, parecendo um guarda-costas, atento a tudo e a todos, como se dissesse "não ousem chegar perto dela, feéricos desgraçados". Helion sorriu, certo de que era exatamente isso que ele pensava. Até mesmo as irmãs de Feyre vieram. Elain e Nestha, respectivamente do outro lado de Elide. A primeira estava impassível, a outra, de uma beleza fria e ardente ao mesmo tempo, e empertigada como sempre.

Onde estava Feyre?

Parecia improvável que ela não viesse, mas não foi aquilo que chamou atenção de Helion e sim, o macho parado um passo atrás de Nestha, como se quisesse passar despercebido. Pele pálida, rosto lindo, cabelos castanhos escuros, um leve tom avermelho ao sol...ele o conhecia. Era o macho que viu em um vilarejo da Corte Diurna, em um dos dias de inspeção. Ele o convidou para o palácio, e até mesmo para uma de suas festas privadas. Nada aconteceu entre eles, mas gostou do macho e do quanto era inteligente e observador. Conversaram por horas a fio, durante dias. Até que ele fosse embora, sem mais explicações.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora