Perdido na noite

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Rhys passou o dia seguinte ao flagra na ponte procurando por seu mestre-espião. Estavam a dois dias do baile que fariam no Rita's e ele sabia que Az jamais sumiria antes de discutir sobre a segurança da festa e da Corte Estrangeira. Justamente por isto que ele se viu pensativo. Az não sumiria assim às vésperas de um evento importante, que até mesmo Helion compareceria. Aliás, era o único Grão-Senhor que haviam convidado para a festa particular, simplesmente por Mor achar que ele era divertido o bastante para servir de experiência para o outro baile envolvendo todos eles.

Foi até a Casa do Vento, Azriel não estava. Foi até a casa da cidade durante o dia para ver se ele, por acaso, não tinha ido ver Elain. Mas, de novo, nenhum sinal dele. A preocupação o tomava tão fortemente que ele sentia vontade de invadir o quarto de Fenrys e perguntar. Porque, sim, Feyre perguntou a Aelin mais cedo naquele dia e ela disse que Fenrys estava no quarto desde a noite anterior, sem falar com ninguém. Nem mesmo na hora das refeições, onde o círculo íntimo se reunia a Corte de Terrasen para comer, Fenrys ou Azriel apareceram.

O Grão-Senhor sabia que Azriel sumia vez ou outra, mas jamais o sentimento de que havia algo errado o tirara tão do sério. Cassian também procurou por todos os lugares, inclusive, no apartamento dele. Não se achava um mestre-espião a não ser que ele quisesse ser encontrado, não é?

Aquele dia passou tão depressa quanto um piscar de olhos e a noite já estava no auge quando Cassian encontrou Rhys no Arco-Íris. Ele tinha o semblante sério, preocupado demais. Azriel não tinha o costume de aparecer muito por ali, mas não custava nada tentar. O lugar que Feyre tanto amava brilhava como fogos de artifício a noite. As pessoas enchiam-no de vida e Rhys e Cassian andaram por todo ele, o mais discretamente possível, em busca de Az.

Haviam avisado para Mor e Amren, caso o encontrassem, para avisar. Obviamente, deixaram de lado o porquê estavam preocupados. Feyre também procurava. Ela tinha atravessado até o lago onde costumavam treinar e ainda não tinha voltado. Contudo, Rhys achava improvável que ele estivesse lá.

— Não adianta — falou Cassian, batendo com força em uma viga de madeira no canto discreto de uma galeria. — Ele não está aqui. Não está em lugar algum. Eu quero matar aquele Fenrys. Desgraçado...

— Calma. Não sabemos o que aconteceu. Talvez eles simplesmente resolveram não tentar — argumentou Rhys, examinando os rostos ao redor e se chateando por nenhum deles ser o de Az. — Vamos, Cass. Vamos continuar procurando.

Cass bufou, com raiva, mas assentiu. Ambos se despediram rapidamente e continuaram a caçada.

***

Mor o estava procurando desde o momento em que Rhys avisou que precisava vê-lo. Azriel já sumira antes, mas não por tanto tempo e não sem avisar ao menos onde estava indo. Ela foi deslizando entre ruas e vielas, seu coração apertado como se estivesse em uma prensa. Az era muito importante para ela, tão importante que ela não conseguia dizer a ele a verdade de seu coração, por medo de magoá-lo, mais do que ele já tinha sido.

Não conseguia se livrar da ideia de que Rhys o estivesse procurando por nada, mesmo que ele tivesse garantido que estava tudo bem. A noite se estendia a dentro e era quase uma da manhã quando Mor parou diante do Rita's. A música fluía animada e abafada no interior e algo dizia que ela deveria tentar, mesmo sabendo que Az só comparecia a casas noturnas para agradá-la. Uma das portas estava aberta quando ela adentrou. Passou por pelo menos três casais se beijando no escuro do corredor da entrada. Encarou para ver se Az não estava entre um deles. Não estava, obviamente.

A casa noturna estava particularmente cheia naquela noite, tanto que Mor teve de ir se espremendo para o meio da pista de dança. Ela não tinha muito certeza por que sentiu que deveria ir até ali, talvez pela visão completa do lugar. Ela olhou para as mesas, escuras demais pela falta de luz. Olhou para o palco, havia somente a banda. Olhou em direção aos banheiros, nada. Foi então que se virou para o grande bar. Em um mar de cabeças e risadas, ela o viu. Não tinha como não ver, afinal, suas asas eram inegavelmente grandes e inconfundíveis.

Praticamente empurrando as pessoas, ela começou a correr, não se arriscando a tirar os olhos dele, com medo de que pudesse evaporar em sombras. Quando ela saiu da multidão, aproximando-se do bar, seu estômago se embrulhou de tristeza. Ele estava horrível. Bolsas escuras se acumulavam abaixo dos olhos caídos, uma mão segurava um copo com rum, praticamente vazio, e a outra, escorava o rosto entorpecido e obviamente bêbado.

Sua expressão perdida dizia muito sobre como deveria estar seu interior: despedaçado.

***

Pequeno bônus. Beijosss. Até quarta ;)

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora